rugby33Como vão ter oportunidade de verificar, se continuarem a ler, o título nada tem a ver com a crónica desta semana. Mas dá para lançá-la para que cada um de vós a apanhe e siga com ela apertada debaixo do braço.

Desde o princípio, aquando o meu pequerrucho começou a mostrar inclinação para o desporto da bola oval, houve algumas coisas que me foram dando algumas indicações, e desfazendo medos.

A dificuldade que ele tinha e tem em comunicar, e por conseguinte em fazer amigos, a sua constante predileção por estar sozinho, ou a brincar sozinho. No parque perto de nossa casa não foram raras as vezes em que tive que acalmar mamãs e papás que corriam esbaforidos a retirar os seus pimpolhos de ao pé daquela criança que gesticula muito e não fala… Depois o rapazito tinha e tem um pouquinho mais de força que a média da malta da idade dele… e as diferenças de opinião eram resolvidas de forma quase sempre… física.
Já nesses tempos recuados o bebé levava a bola oval (e o espírito oval) para onde quer que fosse…

Mais tarde houve uns comportamentos que eu observei quando íamos ao Estádio Universitário de Lisboa ver os nossos Lobos jogar… No fim dos jogos ele queria sempre ir para o relvado, ter com os jogadores de que gostava, pedir autógrafos, e eu andava que nem uma barata tonta à procura dele, por vezes deixava de o ver.
E entrava em pânico, como quase todos os pais, que de repente se veem rodeados de estranhos e sem contacto visual com os filhos.

Totalmente ao contrário da minha reação natural, os pais dos putos, quando eles lhes diziam que iam a algum sítio, e com quem iam, deixavam-nos ir sem stresses, e depois eles encontravam-se sempre…
Tratavam os filhos como indivíduos, davam-lhes responsabilidade… e aqui só me lembrei da minha meninice, de jogar às escondidas até às duas da manhã no Verão, ir jogar futebol a pé 5, 6 km, pela berma da estrada… e tive saudades.

Comecei a pouco e pouco a perder o medo que o meu pequeno se perdesse, a confiar nele, e a dar-lhe confiança, começou ele mesmo a arranjar amigos, que não o punham de parte, que o respeitavam, que o ajudavam na procura de autógrafos. Que quando o reencontravam vinham pedir-me para ele ir com eles, pois estavam 4 ou 5 filas na bancada mais abaixo…

O rugby trouxe o meu pequeno de volta à minha infância, proporcionou-lhe confiança nele próprio, e confiança dele nos amigos. Deu-lhe o sentido de responsabilidade, do dever. E trouxe-lhe amigos, e um resto de infância feliz, e também por isto eu agradeço ao Rugby e tanto, tanto, ao nosso Clube que tão bem o recebeu.

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio