Depois de uma época penosa, onde passamos do 80 ao 8, fomos brindados na última conferência de imprensa da época por mais uma demonstração de bazófia do nosso timoneiro, cheia de recados, internos e externos, e que mais uma vez levanta a já tão badalada discussão – a aposta na formação como base da equipa principal pode render títulos?
Mas antes de entrar a fundo nessa questão, convém desde já frisar, para evitar discussões paralelas fúteis, que considero JJ um excelente treinador, ainda o melhor em Portugal, e que as suas opiniões são legítimas e, porque empíricas, certamente muito mais sustentadas que a minha. Mas o desporto, e o futebol em particular, é muito mais do que o simples jogo da bola, o conhecimento técnico dos intérpretes, ou a inteligência táctica de quem comanda. É um fenómeno sociológico, em que uma quantidade praticamente infinita de factores acaba por influenciar o desenrolar do jogo e das competições, e que determina, não raramente, que os favoritos acabem por perder e que o “underdog” acabe a festejar.
É por isso que surgem inúmeros clubes e associações, motivados por esta ideia utópica de que é possível ganhar a qualquer um, que representam locais, regiões e até mesmo valores culturais distintivos, e que no simples jogo da bola acabam por transportar lá para dentro qualquer coisa de intangível, a tal “mística”, que os mestres da técnica e da táctica não sabem muito bem explicar, mas que (tal como JJ – assinale-se) percebem que existe e que até exerce influência, por vezes decisiva (mesmo que negativa!), no desenrolar do jogo e das competições.
Como tal, respeitando a opinião de JJ, validada pela sua vasta experiência, nós, os simples adeptos que criam a tal “mística” e exercem a tal influência que não se sabe muito bem explicar, também temos uma palavra a dizer, e que não deve ser ignorada. Como tal, JJ não pode querer aquilo que o povo chama de “sol na eira e chuva no nabal”. Ou seja, quer o apoio, mas prescinde do pensamento de quem apoia. Isso não funciona a longo prazo, e quando não há resultados desportivos, nem a curto prazo… Funciona durante o tal “estado de graça”, mas esse, meu caro JJ, já se esfumou…
Alguns dirão que esta dicotomia existirá sempre. Talvez. Mas parece-me evidente que ela será tanto maior quanto menos clara e objectiva for a estratégia, ou quando os valores que sustentam determinada “mística” estão difusos e desconexos. E é por isso que eu faço esta reflexão, pois tem havido claros enviesamentos e desentendimentos em relação à estratégia a seguir, minando relações de confiança, que em nada contribuem para as realizações futuras da organização. E a reflexão é simples – e se os nossos estatutos dessem uma ajuda, definindo de forma mais objectiva o que deveria ser a base das nossas equipas principais?
Sei que isto é polémico, pois reduz graus de liberdade de quem gere, mas tenho reflectido muito sobre o que é a “mística” do Sporting nos dias que correm, e de que forma podemos torná-la mais poderosa, e parece-me que seria inovador que os sócios pudessem consagrar essa “mística” nos estatutos do clube que tanto amam. Qual é a nossa “mística”, afinal?
Primeiro acho que devemos ir à génese do clube. Fomos fundados como clube de Portugal e isso, parecendo pouco, significa muito. Desde logo porque é distintivo em relação aos nossos maiores rivais, mas também porque Portugal não se vive apenas neste espaço geográfico, mas sim em todo o mundo lusófono. A língua é a nossa pátria, é a base cultural de um povo, e onde se fala português a sensação de conforto e de pertença é imediata.
Segundo, devemos olhar para a nossa história e prática continuada ao longo de mais de um século. Somos um clube ecléctico e formador, que aposta na promoção transversal do desporto e na formação técnica e humana do atleta como base da nossa existência. Um sportinguista gosta de ganhar, mas sabe que o desporto não se esgota no levantar troféus. Não é por acaso que no nosso lema a glória aparece no final. Antes disso é necessário muito esforço, dedicação e devoção, precisamente os pilares de qualquer projecto formativo sólido.
E, para mim, não preciso de terceiro, nem quarto.
Estas são, a meu ver, as duas grandes marcas que distinguem já hoje o Sporting, mas que ainda poderão ser mais valorizadas, designadamente a nível dos estatutos, tornando a nossa “mística” inigualável, servindo ao mesmo tempo de guião para a gestão, evitando assim mudanças bruscas de estratégia, que em nada contribuem para a sustentabilidade futura do clube.
Trocando por miúdos, o que estou a sugerir é nada mais do que introduzir um texto nos nossos estatutos que consagre algo parecido a isto: O Sporting Clube de Portugal, no respeito pela sua génese e história, deverá promover todos os esforços para ter nas equipas principais das suas modalidades colectivas uma maioria de atletas formados no próprio clube ou, não o sendo, de nacionalidade portuguesa ou de qualquer país lusófono.
Antes que comecem a dizer que é um disparate, que hipoteca a capacidade competitiva, ou que até viola a lei bosman, convém perceber o que significa isto na prática. Por exemplo num plantel de 25 jogadores, 13 desses jogadores deveriam ser oriundos da formação (independentemente da nacionalidade) ou portugueses ou de um país lusófono. Ou seja, ainda sobravam 12 sem qualquer restrição! Aliás, o plantel actual do Sporting até preenche os requisitos:
Rui Patrício (1); Beto (2); Jefferson (3); Paulo Oliveira (4); Rúben Semedo (5); Ricardo Esgaio (6); Bruno César (7); William Carvalho (8); Francisco Geraldes (9); Adrien Silva (10); João Palhinha (11); Gelson Martins (12); Daniel Podence (13); Gelson Dala (14); Matheus Pereira (15).
Ažbe Jug (1); Ezequiel Schelotto (2); Sebastián Coates (3); Douglas Teixeira (4); Marvin Zeegelaar (5); Bryan Ruiz (6); Alan Ruiz (7); Joel Campbell (8); Luc Castaignos (9); Bas Dost (10).
Além disso, o simples facto de ser um objectivo, mas não uma regra rígida, não impediria a contratação de um qualquer jogador apenas por causa disso, deitando assim por terra qualquer eventual ilegalidade relacionada com a livre circulação de jogadores europeus.
É claro que podem perguntar-se – mas se já cumprimos isso, para quê formalizar? Aí é que está. É que a consagração nos estatutos de algo deste género, deitava por terra eventuais visões díspares de dirigentes que servissem o nosso clube, obrigando-os a seguir uma determinada política, mantendo na mesma bastantes graus de liberdade para a sua gestão, atendendo à flexibilidade da regra.
Além disso, aquela ideia da aposta na formação e no jogador português, no caso do Sporting, deixava de ser um chavão usado apenas quando dá jeito, mas uma verdadeira marca distintiva, consagrada nos estatutos, e que na mente de muitos jovens jogadores e seus encarregados de educação poderia fazer a diferença na hora de escolher o clube para a sua formação desportiva. Já para não falar do impacto que esta medida teria no restante mundo lusófono, onde o futebol português já é acompanhado com muita paixão e que certamente veria com bons olhos esta política de igualdade entre o jogador lusófono, independentemente de ser português.
Mas mais importante do que tudo isto, é que estas marcas distintivas, estando consagradas estatutariamente, tornar-se-iam motivo de orgulho para os sócios e adeptos que as consagraram, tornando-se elas próprias o motor de uma estratégia de longo prazo, que em vez de desagregar uniria, mobilizaria, permitindo ultrapassar de forma mais coerente as derrotas e viver de forma muito mais intensa as vitórias, pois elas seriam a natural consequência de valores partilhados e sentidos pelos adeptos.
JJ não se interessa muito por isto dos valores e da estratégia a eles associada, preferindo dar ênfase à tal questão da estrutura. Mas o que é estrutura senão apenas competência ao serviço de um projecto, de uma estratégia, de princípios bem definidos e que sejam uma marca distintiva da organização perante os seus maiores rivais?
Quando isso existe e tem prática continuada, a tal estrutura aparece inevitavelmente, torna-se forte e resiliente, e, mais cedo ou mais tarde, torna-se ganhadora. Nunca seremos verdadeiramente diferenciadores só por ter, na teoria, uma boa estrutura, com pessoas aparentemente muito dotadas, mas que não estejam ao serviço de um projecto no qual os adeptos acreditam, sem reservas.
E é por isso que surgiu esta ideia, aparentemente utópica, certamente romântica, a fazer lembrar um pouco os amigos leões do grande Athletic Club, mas de alcance global, como se exige ao nosso grande Sporting. No fundo é apenas passar para o papel os valores que penso serem partilhados pela grande maioria dos sportinguistas. Uma simples passagem para o papel, mas que, a meu ver, poderia significar muito para a nossa história futura.
TEXTO ESCRITO POR Adolfo Sapinho
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
24 Maio, 2017 at 17:39
Concordo.
24 Maio, 2017 at 17:42
Aproveitaria a revisão estatutária para limitar o orçamento do clube a 75% da receita apurada no exercício anterior, até que seja eliminado o passivo financeiro, VMOCs e afins.
24 Maio, 2017 at 18:00
concordo com o texto e concordo com o que dizes. parecem pormenores, mas se calhar não passaríamos no futuro o que já passámos no passado.
25 Maio, 2017 at 20:47
Concordo com o texto e com o que dizes!
24 Maio, 2017 at 17:50
acho que estamos mas é a precisar de férias e urgentemente … aquilo que acho que precisamos mesmo para o Sporting é de mais espirito critico construtivo e exigencia , o Sporting tem a obrigaçao de lutar por titulos sempre e para tal são precisos bons/muito bons jogadores venham eles da formaçao ou de fora , o que precisamos com urgencia(muita mesmo) é de quem saiba identificar o que a equipa precisa e onde ir buscar seja á academia(preferencialmente) ou onde houver …
24 Maio, 2017 at 17:51
BdC está outra vez à procura de apoio?
Pondera saída sem resultados?
Está armado em arguido dos pneus? A fazer ameças?
24 Maio, 2017 at 17:58
Bon Voyage para quem vem com essas “tretas”….seja ele quem for
24 Maio, 2017 at 17:53
que pena… deixei logo de ler à segunda linha
“…demonstração de bazófia.”
🙁
24 Maio, 2017 at 17:59
E fizeste bem, pois é um texto demasiado “puxado” para o ti 🙂
24 Maio, 2017 at 18:03
Podias ler e concordar ou não. Um comentário desses é simplesmente parvo.
24 Maio, 2017 at 18:11
Mas não li!
E parece que Não tenho, como diz o outro, capacidade de entender.
Assim estamos todos de acordo.
24 Maio, 2017 at 19:20
“Podias ler e concordar ou não. Um comentário desses é simplesmente parvo.”
Já vi pessoas aqui a dizer que param na linha “x” ou “y” e não foram “presenteadas” como o Tadeu acabou de ser…
Just saying…
24 Maio, 2017 at 18:12
E conseguires ler já não é mau, La Pallique, ahahah.
25 Maio, 2017 at 0:44
🙂 como te acho graça rapaz!
25 Maio, 2017 at 9:44
Porreiro, também te acho uma paródia!
24 Maio, 2017 at 19:15
Fizeste bem.
24 Maio, 2017 at 17:56
Texto muito interessante .
24 Maio, 2017 at 18:03
acho mesmo que já era altura de nos deixar-mos de merdas e de para aqui andarmos armados em comentadeiros analistas diretores desportivos ou lá o que quer que seja , e nos concentrarmo-nos naquilo que nos une a todos , Sporting Clube de Portugal , o prazer de ver jogar e vencer o Sporting , e para tal nós adeptos não temos estado muito bem , não que não estejamos presentes ( ver médias onde o Sporting joga) acho que nos está a faltar aquele grau de exigencia que o adepto do Sporting tem de ter , não podemos ver cepos a vestir a verde e branca e calar na esperança que por graça de algum milagre vire jogador , logo apartir dos primeiros jogos das pre-epocas vê-se quem tem qualidade e vontade para merecer vestir o manto sagrado , e nós temos que exigir ver futebol onde o Sporting jogar
24 Maio, 2017 at 18:08
Adolfo, em primeiro lugar gostaria de o felicitar por se interessar pelos estatutos ao ponto de propor uma alteração. Desilude-me um pouco que a grande maioria dos nossos associados não queira saber dos estatutos para nada e por vezes até os gozam. Portanto é sempre salutar alguém que olha para eles da forma como o Adolfo olhou para escrever a sua posta.
No entanto, verter isto em estatutos é algo complexo, porque ou faz algo genérico e depois se regulamenta baseado nas disposições estatutarias (e um regulamento não está previsto nos nossos estatutos, logo poderiam ser alterados por cada direcção como lhes aprouvesse) ou tem de verter todas as condições e estas tornam-se quase imutáveis, obrigando 3/4 dos votos em AG para as modificar.
Por outro lado teríamos de definir o que entendemos por formação e jogador da formação, pois como sabemos existem várias definições possíveis. Neste caso até seria algo simples porque poderíamos optar pela definição do mecanismo de solidariedade.
Por último, o que faríamos se em determinado ano não conseguíssemos cumprir as quotas? Teríamos um plantel que violasse os estatutos e por isso uma direcção sujeita a poder ser destituida por incumprimento estatutário? Ou admitiríamos, como adeptos que o nosso plantel fosse mais fraco, para nos mantermos dentro do estatuido? E já agora também poríamos nos estatutos que passaria a ser proibido aos adeptos de os assobiar? E como lidariam os potenciais treinadores com essa condicionante? Ou somente optaríamos por treinadores que estivessem de acordo independentemente da sua mais-valia?
Só mais uma questão. Sendo que o Futebol profissional está na SAD, em que medida é que verter este preceito em estatuto afectaria realmente a política desportiva?
São questões que lhe deixo, para termos uma linha de discussão sobre este tema, que lhe digo já, tenho mais questões que certezas e por isso querer debatê-las.
SL
24 Maio, 2017 at 18:09
Discordo que esteja nos estatutos.
Seria bem intencionado, sem dúvida, mas teria, a meu ver, alguns problemas. O primeiro, é o óbvio: orgulhamos-nos da nossa formação, mas pode haver, por vários motivos, épocas em que não temos a qualidade necessária. Neste caso, ficaríamos reféns de uma norma estatutária. O segundo, legitimaria que as direcções dissessem que até queriam mais, mas com essa norma, já se sabe….isto é, haveria margem para um baixar de expectativas.
Na minha opinião, o caminho será feito pela exigência que nós, sócios, imprimirmos às direcções, aos treinadores, e aos jogadores, seja elegendo presidentes que tenham essa visão sobre a formação, seja mostrando que não toleramos decisões (João de Deus, contratações incompreensíveis, às dezenas, só para encher) que colocam em causa esse caminho. Apoiar a formação é outra das formas.
SL,
Vasco
24 Maio, 2017 at 18:13
aquilo que digo, é que quem estiver nos comandos do Sporting , olá Presidente , tem que de uma vez por todas entender que ou consegue por o clube a lutar por títulos ou então esqueça … digo isto com todo o reconhecimento a BdC pelo trabalho feito ( caso contrário ás tantas estariamos aqui a falar de um sporting2015 qualquer ) mas chegado aqui não á volta a dar ou a estrutura do clube demonstra valor para levar o barco a bom porto ou então não vale a pena
24 Maio, 2017 at 18:15
Eu quero é ganhar. Se for com miúdos, gajos ou velhos que se lixe. Desde que levemos o caneco para casa, por mim até podem vestir os calções verdes!
Se vem a palete, se vamos à academia ou à China, o titulo de campeão é igual e o caneco tb.
SL
24 Maio, 2017 at 18:21
eu nem chego aí , quero ganhar logico , mas para começar temos que exigir que se lute para ganhar até ao fim mais do que isto já não é para nós
24 Maio, 2017 at 18:26
aquilo que me está a fazer uma confusão do catano é o seguinte , como foi possivel fazermo-nos á presente época com jefferson e marvin como laterais esquerdos !!!!(parece-me o exemplo mais gritante mas não unico) qualquer nabo da bancada sabia já pelo menos a um ano atrás que estes amigos não servem , como é que uma estrutura super profissional não reparou ??? ou será que acham que a posição não é importante?
24 Maio, 2017 at 18:16
Concordo com a genese do texto, mas nao concordo com a parte “obrigatoria”. Porque quando existirem fornadas inferiores, nao podemos jogar com esses so porque esta nos estatutos.
a nossa premissa deverá ser sempre Qualidade.
Sou apologista da formacao, quando ela é superior aos outros jogadores que possamos contratar. Quando nao é o caso, contratar.
Quando sair do trabalho ja comento melhor
24 Maio, 2017 at 18:17
Adolfo Sapinho, sou fã de muitos comentários seus.
Quando li a sua proposta, recorrendo a um “coçar de cabeça”, dei comigo a pensar no que ontem aqui disse sobre outro tema, mas que é uma interrogação que sempre coloquei a mim mesmo: o que move um escritor a dar a conhecer as suas obras, sejam elas geniais, “best-sellers” ou simplesmente medíocres?” Há tantas respostas mas, definitivamente, só ele a poderá dar. Golpes de génio podem ser consequência, entre outros factores, de estados de espírito diversificado. E coloco esta questão porque, pelo que li, sobretudo nos seus “prévios avisos” é que esta proposta que nos coloca, será fruto de uma ponderação cuidada e ditada por um estado de espírito de inquietude que a muitos de nós atinge.
Acho a sua ideia muito interessante. Passível de controvérsia, mas repito, muito interessante.
De uma coisa tenho plena convicção: ela é ditada pelo seu Sportinguismo.
Envio-lhe um abraço e agradecia que desmontasse (ou não) as minhas considerações pretensamente filosóficas…
SL
24 Maio, 2017 at 18:21
Esqueci-me de acrescentar: tema que nos obriga a meditar. Se o fizermos e com toda a transparência colocarmos as conclusões a que chegámos, o tema, com mais que possíveis alterações, parece-me digno de saudável discussão.
24 Maio, 2017 at 18:22
Do artista do dia.
…
Segundo estes ilustres jornalistas, comentadores e adeptos benfiquistas, o despedimento de Nuno Espírito Santo comprova que o Porto não tem razão em apontar a arbitragem como motivo para a vitória do Benfica no campeonato, então…
… podemos concluir que os mesmos ilustres jornalistas, comentadores e adeptos benfiquistas admitem que, face à permanência de Jorge Jesus como treinador após o final da época passada, o Sporting teve razão nas queixas que fez sobre a influência decisiva da arbitragem no desfecho do campeonato de 2015/16?
24 Maio, 2017 at 18:37
Não concordo com a questão estatutária, creio ser uma estratégia, uma linha de orientação, algo para o qual se trabalha de forma a ter melhores recursos.
Esses recursos tanto podem ser de qualidade como por exemplo a fornada de jogadores da geração Tobias, Semedo, João Mário, Bruma, Dier, como pode ser de fraca qualidade como são os inumeros exemplos a que temos assistido ao longo do tempo.
Eu pergunto, se estivesse no estatutos, em que moldes seria? E se fosse uma geração sem qualidade ainda assim teria de ser feita aposta nos moldes estabelecidos?
A formação para mim é um recurso de grande capacidade de gerar produto final, tendo os observadores, treinadores, estrutura técnica e psicológica certos nos lugares certos. Podendo fazer poupar dinheiro, usufruir dos jogadores na primeira equipa e receber dinheiro de um produto por si formado (Quaresma, Hugo Viana, Cristiano, etc, etc.).
24 Maio, 2017 at 18:40
Sendo adepto da formação e adepto do tipo paciente, gosto muito de ganhar mas considero que a exigência de títulos caso contrario rasgo o cartão e deixo de ir ao estádio, é uma característica de lampião, não posso deixar de levantar esta questão.
Sem querer desestabilizar, não sou adepto de factos alternativos nem sequer gosto de os discutir, mas no contexto da temática de hoje, a formação, que tem sido transversal a todos os posts, gostaria de ouvir aqueles que defendem , tal como eu, a aposta na formação com aquisições (caras) mas cirúrgicas, que complementem as necessidades do plantel. Já li, que é melhor gastar 10 ou 20M em 2 ou 3 do que comprar 10 de qualidade por comprovar/duvidosa. A pergunta que quero colocar, friso, meramente académica e exemplificativa (posso colocar outro jogador qualquer da formação que ganhe por mérito próprio a titularidade) é a seguinte:
– Como se sente o Semedo, que apôs uma época de elevado rendimento e de comprovada evolução e valorização, verifica que apenas ganha 1/10 do seu colega de sector? Pode este facto condicionar o seu rendimento?
24 Maio, 2017 at 18:48
Malcolm, anteontem o Carlos Padrão, referindo-se ao Adrien, achava que o Sporting devia mantê-lo “nem que tivesse que lhe aumentar mais um milhão para o segurar”. Aqui na Tasca pode ter a resposta de muitos adeptos, mas um comentador da Sporting Tv é capaz de ter mais peso…
24 Maio, 2017 at 18:54
Não estou a falar do Adrien que tem já um estatuto que lhe permite estar no nível máximo do eventual teto salarial. E concordo, se for para ficar focado e com objectivo de dar o máximo, por mim levava o tal milhão que menciona.
Estou a falar é nos novos brumas, illoris ou Semedo ou Gelson, ou Podence ou, ou, ou, que na loja ao lado lhe acenam com um salário milionário.
24 Maio, 2017 at 19:12
O texto do Adolfo Sapinho tem muito de louvável romantismo, o Carlos Padrão também, ao pensar que um clube inglês só avançará com mais um milhão. Eu gosto muito do Adrien dentro do campo, fora nem tanto…
Se achar que o Sporting é pequeno para as suas ambições financeiras, “au revoir”.
24 Maio, 2017 at 18:56
Concordo com ambas as alterações, a do autor e a do Skhuravi. Um bocado farto que me digam que a estratégia é “ganhar”. Para depois se falhar e eu a partir a mioleira a pensar porquê.
Pode ser visto de duas formas: o retirar de liberdade de gestão ou o aumento obrigatório da competência. A contratar menos e com menos dinheiro finalmente teriamos a famosa cirurgia nas contratações. Só para variar.
24 Maio, 2017 at 18:59
Para quem não ganha há tantos anos e se depara com dois caminhos, qual deles seguir?
Tentar o título a todo o custo ou prepará-lo num espaço de 2/3 anos?
A presença na LC é importante por prestígio e finanças.
Ainda por cima o presidente promete títulos neste mandato…
24 Maio, 2017 at 18:56
Texto interessante, gostei.
No entanto, cheio de romantismo para os dias que correm.
Já nem vou pelos estatutos mas sim por uma estratégia inteligente que aproveite o que vai saindo da formação e lhe junte experiência, manhã… outro tipo de recursos.
Li aqui que o importante é ganhar. Para mim é o mais importante, desde que sem recurso à ilegalidade.
Seja com jovens ou não, portugueses ou não.
Para terminar sendo tb romântico, a alegria que irei sentir vencendo um título com um plantel recheado com malta da casa, os mesmos que darão cartas no ano seguinte na champions…
24 Maio, 2017 at 18:57
Tipo Athletic?
Onde é que eu assino?
24 Maio, 2017 at 19:13
Sir, para ganhar bola???
na obrigado!
Atletas da formação na equipa? SIM
com apoio de mais valias? SIM
ganhar campeonatos exclusivamente com formação? só se fossemos riquissimos, não sendo é apenas uma deliciosa utopia.
24 Maio, 2017 at 23:25
Eu disse “tipo” não disse igual 🙂
Eu sei bem o que um clube como o Athletic tem de passar, é o clube da minha cidade e da no há infância, onde até cheguei a dar uns toques, mas lá está o objetivo final não é ganhar o jogo em si. Aliás, é mais um instrumento de autodeterminação de um povo, de uma nação… Divago, isto já são outras conversas.
O Sporting “tipo” Athletic seria um Sporting ainda mais reforçado pelas camadas jovens e com especial apetência para contratar alguns jogadores para colmatar as lacunas.
Não sei se iria resultar talvez sim, talvez não e, na verdade, nunca foi experimentado na sua plenitude. Mas uma coisa todos sabemos, contratar jogadores de qualidade duvidosa “a ver se pega”, não tem resultado lá muito bem, pois não?
24 Maio, 2017 at 19:25
Se o Sporting fosse tipo Athletic, o CR nunca poderia ter jogado. 🙂
25 Maio, 2017 at 12:42
O Sporting é “de Portugal”
24 Maio, 2017 at 19:19
Estatutos? Claro que não.
Houvesse um projecto de futebol profissional, esta alínea poderia lá estar.
24 Maio, 2017 at 19:22
“Hipoteca a capacidade competitiva”. Concordo com essa parte.
Se a Formação destina-se a formar Homens, não lhe deve ser exigida excelência. Apenas competência e compromisso.
Para competir e vencer, é preciso excelência, cuja exigência não se coaduna necessariamente com uma Formação saudável. Pode coincidir, mas em geral convivem independentemente uma da outra.
Por isso: Formação é uma coisa, boa, e que fazemos muitos bem. Equipa sénior de futebol é outra, e não se devem misturar estatutariamente duas coisas diferentes, e nem convém, até pelo risco de estragar dois projectos a troco de uma coisa que ainda por cima já fazemos bem, mesmo assim como está, sem misturas impostas a troco de nada.
24 Maio, 2017 at 19:36
Se eu fosse um defesa, não gostaria de ter pela frente estes 4:
Dost, Gelson, Iuri e Dala.
Um misto de formação/juventude e um gajo mortífero na área.
Falta portanto reforçar a defesa para os avançados tb não gostarem de nós.
24 Maio, 2017 at 19:36
Isto é uma notícia, ok:
“Bruno de Carvalho irá ponderar a sua continuidade na presidência do Sporting no final da próxima época, caso a equipa não consiga ser campeã nacional.
Segundo Record apurou, o presidente leonino tem este cenário em cima da mesa. Recorde-se que, na altura das eleições para a presidência do clube, o dirigente afirmou que o Sporting tinha ser campeão “mais do que uma vez” no novo mandato.”
Isto sem o facebook é mais dificil… Mas a veia criativa abunda. Vai ser um ano “fertil”… a julgar pela qualidade do estrume!
24 Maio, 2017 at 19:38
A locomotiva comunicacional (?!) lãzuda não vai parar.
Carvão a alimentar a fornalha…
24 Maio, 2017 at 19:40
Enquanto for o Record a debitar o que bem lhes apetecer, posso bem.
Vale um desmentido? Comunicado.
Vale um processo? Departamento jurídico.
#noFacebook
24 Maio, 2017 at 19:55
O que não falta por ai é malta que engelha os olhos mal sente uma nuvenzita de fumaça..
24 Maio, 2017 at 20:46
O Pinho?
24 Maio, 2017 at 19:39
Concordo com muitas partes do texto , mas a alteração estatutária parece-me um exagero. E tal como o Braveheart acho essa pretensão carregado de um romantismo sedutor mas desajustado no tempo.
24 Maio, 2017 at 19:43
Eu vejo isto de forma diferente. O estatuto não seria para integrar todos os anos jovens que despontam. Seria, a meu ver, para segurar, premiar e até responsabilizar os que são bons e têm um plano de carreira a longo prazo dentro do Sporting. Isso filtraria logo quem quer ser campeão e está comprometido para esse objectivo (leve o tempo que levar) e quem quer fazer uma boa época e por-se na alheta. Obrigaria a formar bases sólidas para integrar não só as contratações cirurgicas como os melhores jovens que aparecem.
A ideia do autor é “out of the box” e gosto de discutir esse tipo de ideias. O contexto tb permite isso. Para ganhar em PT, roubos à parte, não é preciso super-equipas. Continuo a achar que um atleta comprometido, numa prova de regularidade, vale mais que um craque que enche págs de jornais. Ex: Toda a gente sabia que Bas Dost era um goleador. Mas o que lhe elevou para o nível estratosférico que apresentou foi precisamente a identificação e o compromisso que demonstrou desde o dia em que assinou, a somar ao excelente trabalho que JJ fez com ele, individualmente, e colectivamente (apenas neste caso) ao meter a equipa a jogar para ele.
Admito que possa ser utópico e romântico mas ainda assim merece ser discutido.
Bela posta!
24 Maio, 2017 at 19:54
Concordo
24 Maio, 2017 at 19:53
Gostei do texto.
Mas não acho que tenha que ser uma “obrigação”, tem que ser sim um processo natural.
O Sporting sempre apostou na formação isto já vem dos tempos de Figo e afins…não apareceu com Cristiano Ronaldo ou Quaresma.
Quem vem para treinar o Sporting tem que perceber que aposta na formação está no ADN no clube e temos uma formação de excelência que nem sempre foi bem aproveitada como deveria ser.
Para este ano é preciso reforço do plantel, sobretudo nas alas defensivas, já veio DD agora falta o DE.
Temos jogadores que necessitam de ser aposta continua, Palhinha, Iuri, Geraldes e Podence á cabeça.
Depois claro vai depender das saídas, acredito que William saía, Adrien idem…de resto não estou a ver ninguém a realizar grandes encaixes.(para mim Gelson é para ficar…só 60M é que ai não á volta a dar)
Isto é cliché, mas tem de ser um misto de formação/com reforço estilo “Bas Dost”
24 Maio, 2017 at 20:03
A aposta na formação já é muito anterior ao Figo e afins, já vêm do tempo, que eu me lembre do Freire, Ademar, Mario Jorge, Litos, Carlos Xavier, Futre, Fernando Mendes e tantos outros, estes são os que me lembro e que mais se destacaram.
24 Maio, 2017 at 20:35
Claro, mas parece que temos a ideia que a formação só apareceu na altura do Cristiano Ronaldo para a frente.
Apesar de Futre, não ser do meu tempo.
24 Maio, 2017 at 20:16
Para início de conversa, na minha opinião, Leo é mehor que JJ. 🙂
Muito bom texto. Como têm sido todos os comentários do Adolfo por aqui.
24 Maio, 2017 at 21:35
Alem de competente, aquele charme dá a volta à cabeça das mulheres.
24 Maio, 2017 at 23:30
😀
É do sotaque!
24 Maio, 2017 at 21:38
Gostei.
24 Maio, 2017 at 21:42
“In this world, the optimists have it, not because they are always right, but because they are positive. Even when wrong, they are positive, and that is the way of achievement, correction, improvement, and success. Educated, eyes-open optimism pays, pessimism can only offer the empty consolation of being right.
The one lesson that emerges is the need to keep trying. No miracles. No perfection. No millennium. No apocalypse. We must cultivate a skeptical faith, avoid dogma, listen and watch well, try to clarify and define ends, the better to choose means.”
David Landes, in “The Wealth and Poverty of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor”
O que é que isto tem a ver com o Sporting? Tem TUDO a ver.
24 Maio, 2017 at 23:29
Eish! Isto dava uma tese, ó Jordão!
25 Maio, 2017 at 10:01
hehehe
O Sporting tem de ser positivo, competente e ir tentando. Sem alaridos, sem dogmas (e vejo alguns até por aqui, que considero um sítio de gente esclarecida), e sem se colocar entre a espada e a parede, porque isso é meio caminho andado para nos fazerem a folha.
25 Maio, 2017 at 0:52
Não quero ter razão, prefiro ser Positivo… são de facto escolhas que se fazem durante a vida! Mas nem sempre fui assim…. e não sei se o serei para sempre!
TAdeu in “TAsca”
25 Maio, 2017 at 10:04
Só deixo de ser positivo quando deixo de acreditar em quem está à frente do clube. A partir dessa altura é preciso haver uma ruptura.
É por isso que, como diz o autor, deve ser cultivada uma “fé céptica”, pois nalguma coisa temos de acreditar, mas ao mesmo tempo deve-se ouvir e ver bem, para não sermos otários.
25 Maio, 2017 at 13:11
otário é forte hã??… não tens pinta de te tornar em tal.
25 Maio, 2017 at 7:50
Gosto.
E deveria ser uma regra estatutária, não apenas um objectivo, senão não será cumprida.
Outro debate interessante é definir concretamente o que é um jogador da formação. É que no quintal das papoilas, qualquer indivíduo de sexo masculino que tenha estado a menos de 100 metros do Seixal durante as idades de 10 a 20 anos de idade por um período igual ou superior a 3 dias úteis é considerado da formação…
25 Maio, 2017 at 9:59
Bom dia.
Adolfo, apesar de me rever nalgumas coisas que dizes, a ideia de fundo tem alguns problemas:
– limita a liberdade (como reconheces) de escolha, ou condiciona-a. Uma coisa destas, a ser assumida, deveria ser sempre informalmente;
– informalmente, isto já acontece, ou quase, há vários anos. Não foi à toa que ganhámos esta fama;
– por fazerem parte do plantel, não quer dizer que joguem;
– mesmo q isso estivesse subentendido, poucos treinadores de qualidade o aceitariam de bom grado;
– supondo que tudo isto era viabilizado, o que fazer com um período de 5/6 anos de más fornadas de formação?
quero eu dizer que ter a melhor formação, e em simultâneo aquela que melhor potencia desportiva e financeiramente um jovem jogador, não nos garante títulos. Mais do que ser da nossa formação, ou da formação de um rival, ou ainda estrangeiro, o jogador tem é de ter qualidade, enquanto futebolista e jovem/homem. Nós temos é de ter pessoas que consigam avaliar isto com critério (técnico, psicológico, físico, etc).
Sentir-me-ia mais tentado a inserir nos estatutos a limitação de contratar barretes, obrigando os responsáveis das SAD a cobrir todas as menos valias de transacções. Ias ver se a coisa não piava logo mais fino.
SL