Terça-feira, 22 de agosto, o Sporting Clube de Portugal tornar-se-á o quinto clube português a disputar a Liga dos Campeões feminina (UEFA Women’s Champions League – UWCL), quando entrar em campo, em Budapeste, Hungria, pelas 16h […]  Não haverá melhor altura que esta que se vive atualmente no nosso país para manter o futebol feminino na agenda diária da comunicação social. Ainda estão bem frescas as memórias da nossa presença no Euro-2017. Por tudo isto, terá o Sporting Clube de Portugal capacidade e argumentos para fazer história? Eu digo que sim! Que role a bola e que mais uma história de sucesso do futebol feminino nacional possa ser escrita. Boa sorte, porque qualidade não falta!

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«É verdade que nos calhou um grupo difícil, com equipas muito fortes. No entanto, isso não nos intimida. Estamos ansiosas, motivadas e confiantes do valor que temos e penso que temos sobretudo que nos preocupar connosco». As palavras são de Solange Carvalhas, capitã da equipa de futebol feminino do Sporting, nos introduz o estado de alma do coletivo que integra. A ansiedade respeita-se. Afinal, é a primeira vez que o Sporting disputa uma competição europeia. A motivação, também, não tivesse a equipa de Nuno Cristóvão realizado “uma época perfeita”, com a conquista da Liga Allianz e da Taça de Portugal em ano de estreia na modalidade.

Em resultado disso, as “leoas” passaram de duas para quatro frentes de batalha: três internas (Liga, Taça e Supertaça) e uma ao nível europeu (Liga dos Campeões). É nesta última que a equipa avança, esta terça-feira, em busca de resultados nunca antes festejados.

Vinte e uma equipas europeias já têm um lugar garantido nos 16 avos de final da Liga dos Campeões feminina, por serem de campeonatos com melhor ranking na UEFA. A estas vão juntar-se mais 11 e é neste lote que as portuguesas querem entrar. Há 40 equipas na liça, divididas por grupos de quatro.

O grupo de qualificação do Sporting vai disputar-se na Hungria, com o primeiro jogo a ser jogado hoje, o segundo na sexta-feira e o terceiro na segunda-feira. Passam diretamente para os 16 avos de final todas as equipas que vencerem o respetivo grupo e ainda a segunda melhor classificada de todos os grupos (sendo que para esta conta apenas são considerados os resultados contra o 1º e 3º classificados do grupo).

Até hoje, só uma equipa portuguesa conseguiu o apuramento para a fase a eliminar da competição: o Atlético Ouriense, há três épocas. Conseguirá o Sporting igualar o feito?

A resposta mais certeira será «o Sporting Clube de Portugal vai ter que se aplicar a fundo para escrever mais uma história de sucesso do futebol feminino nacional e que deseja que se concretize: o apuramento para os 16 avos de final num mini-torneio jogado fora de Portugal.»

A equipa do Cazaquistão na temporada passada alcançou os oitavos de final, tendo sido eliminada pelo finalista vencido da final de 2017, o Paris Saint-Germain. Não deixa de ser um dado a reter. Antes, eliminou o Verona nos 16 avos de final. Será esta a equipa que irá apadrinhar a estreia do Sporting na UWCL, a partir das 17h (hora húngara, mais uma que em Portugal continental).

O MTK, a equipa húngara que regressa este ano a esta competição depois da ausência na época passada, tem um registo de algumas passagens aos 16 avos de final em várias edições anteriores. Esta equipa esteve presente em Portugal, na edição 2011/2012, no mini-torneio organizado pela SU 1º Dezembro, mas poucas semelhanças deverá ter com a equipa de então.

Sem desprezar a equipa do Kosovo, acredito que estas serão as duas equipas a que o Sporting Clube de Portugal terá que ter mais atenção. A sequência dos jogos pode favorecer a equipa portuguesa, uma vez que começa pelo (teoricamente) adversário mais difícil, mas onde a capacidade física, a concentração e a motivação estarão no seu auge.

Terá o Sporting Clube de Portugal capacidade e argumentos para fazer história? Acredito que sim, mas bem mais relevantes que a minha crença são as contratações efetuadas no defeso. Não tenhamos dúvidas que o reforço da equipa visou fundamentalmente a competição externa e a possibilidade de ir construindo uma equipa virada para o crescimento a nível europeu.

Naturalmente que as competições internas serão sempre prioridades a reconquistar mas não tenhamos ilusões: as próprias palavras do Prof. Nuno Cristóvão, treinador do Sporting, quando deixou a SU 1º Dezembro, foram elucidativas: “Para regressar ao futebol feminino só se for para uma equipa que possa lutar por estar entre as 8 melhores da Europa”. A construção deste plantel vira-se nitidamente para este objetivo. Não será esta e provavelmente a próxima época que lá chegará, mas o caminho é este.

Do atual plantel do Sporting Clube de Portugal várias jogadoras têm experiância do que é jogar um mini-torneio de qualificação e até mesmo os dois jogos da fase a eliminar (Joana Marchão e Diana Silva, no Ouriense, e Ana Borges, no Chelsea). Além destas, o Sporting Clube de Portugal conta ainda com a experiância nestas andanças de Patrícia Morais, Matilde Fidalgo, Fátima Pinto, Solange Carvalhas, Patrícia Gouveia e Ana Capeta (ainda muito jovem quando ingressou no Clube Atlético Ouriense).

Com as contratações da Ana Leite, Carlyn Baldwin (internacional sub-20 pelos EUA), Carole Costa, Carolina Venegas (internacional AA pela Costa Rica), a permanência da Ana Borges (a títulodefinitivo), a manutenção da quase totalidade do plantel que tão boa conta de si deu na época deregresso ao futebol feminino nacional, a integração de atletas da equipa sub-19 (que também conquistou todas as competições femininas do respetivo escalão) e outros ingressos (aparentemente menos sonantes mas que garantidamente são uma mais valia para a equipa), pode-se dizer que o Sporting tem todas as condições para poder sonhar e poder seguir em frente, apresentando-se com uma panóplia de alternativas para várias posições, permitindo soluções para os problemas que lhes possam surgir, interna e externamente.

Adicionalmente, foram várias as jogadoras do Sporting que estiveram presentes no último Euro-2017 com a seleção portuguesa e que puderam desfrutar do que é jogarem ao mais alto nível. Toda a experiência adquirida e acumulada individualmente terá o seu reflexo no contexto da estratégia de equipa.

Não haverá melhor altura que esta que se vive atualmente no nosso país para manter o futebol feminino na agenda diária da comunicação social. Ainda estão bem frescas as memórias da nossa presença no Euro-2017.

Por tudo isto, terá o Sporting Clube de Portugal capacidade e argumentos para fazer história? Eu digo que sim! Que role a bola e que mais uma história de sucesso do futebol feminino nacional possa ser escrita. Boa sorte, porque qualidade não falta!

texto resultante de um mix entre este e este artigo do Expresso.