Algo de bom. Algo que nos lambuze os dedos, que se nos cole ao céu-da-boca fina e doce película, que nos extasie. Que nos leve desta existência do ramerrame, a algo mais profundo, e doce, e verdadeiro. Que nos faça desde logo guardar lembranças, evocar o passado, o cheiro das farturas. O som do carrossel, onde cavalinhos pregados ao chão rodopiante, nos levavam em aventuras e desmandas, e sonhos e tudo. Sonhos de acabar a voltinha com um torcicolo, de tanto olhar para trás, e desejar que aquela girafa e a sua amazona de nós se aproximassem.
O sonho de adulto, quase erótico, de querer dar uma voltinha nos carrinhos de choque, que escapavam ao controlo rígido de uma nora, e os quais podíamos dirigir de encontro àquele carrinho em especial, vermelho e azul, com uma bandeira dourada… A haver liberdade, a ter um princípio a Liberdade, foi aqui que ela começou.
Os balões que de tanto incharem, pensávamos poderem conter todo o nosso Mundo, quando não sabíamos ainda que Mundo tínhamos em nós. Algo de tão bom, que o sorriso não mais apague o brilho no olhar ao lembrar. O arroz doce feito pela avó, em pratos que nunca mais acabavam, que eram para nós o paraíso. Arroz doce que ainda hoje, todos os dias, procuramos e nunca mais vamos encontrar. Nunca mais.
Não pelo arroz, ou pelo leite usado, mas pela magia das mãos que o faziam, pelo carinho com que era feito, pela gula de quem comia e olhava aqueles olhos que nos devoravam e adoravam. Até mesmo o estar doente. O estar doente e de nós cuidarem, ajeitarem-nos a dobra do lençol, afundarmos naquela cama fofa como uma nuvem. E sabermos que em dois dias íamos estar bons de novo.
Há dias assim, que nos ficam, sem que para isso haja ou não razão. Ficam-nos, como irmos encontrar um bilhete de comboio, laranja, de cartão perfurado, com a estação de origem e de destino gravada, o preço em escudos, bilhete esse a marcar uma página de um livro de poesia há muito esquecido. E nem saber se, ao ver o bilhete de comboio o que nos acode ao coração, os versos que traz o livro, aquela viagem de comboio, ou a pessoa que nessa viagem nos acompanhou.
Esta semana assinamos, o nosso rugby, um protocolo com o USAP Perpignan, um dos históricos da oval em França. Está connosco a ajudar-nos um treinador do USAP, e estamos a evoluir e aprender com os seus métodos. Também vamos fazer uma parceria com o Belas Rugby, com vista à participação nos campeonatos nacionais. Estas são de momentos as nossas notícias ovais, e pelo acima peço desculpa. Mas o que eu corro e procuro pelo meu arroz doce…
*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio
21 Setembro, 2017 at 14:54
Ler os seus escritos, que têm sempre riqueza literária, este a lembrar Proust e Madalenas, já é parte dos meus hábitos de higienização mental, após chafurdar nas notícias do quotidiano do nosso futebol.
Bem-haja
21 Setembro, 2017 at 15:06
Escondidinho, obrigada por este texto tão lindo e doce!
A analogia que encontro, é a de que o rugby está para o desporto como as nossas avós estão para a nossa vida.
Robustas, fortes, inabaláveis por fora e doces, altruístas e ternas por dentro.
PS: Sou capaz de jurar que senti o cheirinho ao arroz-doce acabado de fazer 🙂
21 Setembro, 2017 at 17:30
Nem me diga.
É uma missão de vida quase encontrar aquele arroz doce.
21 Setembro, 2017 at 15:16
JVL.
Nem entres neste post, gorda!!!
Nem cheirar.
21 Setembro, 2017 at 16:14
Começo a ficar preocupado…parece que gostas tanto de mim como de Big Macs.
21 Setembro, 2017 at 16:24
Qual é a necessidade de entrares no post a avacalhar faltando ao respeito ao Autor (Escondidinho)?
Sim…porque se continuares a bitola habitual daqui a 1 hora isto está “empestado” de post’s teus a dizerem merda atrás de merda!
Experimenta largar o computador/telemovel e socializar 🙂
P.S. Desculpa Escondinho, mas tudo o que é demais farta!
21 Setembro, 2017 at 16:32
Parece que não sabes que ele precisa de atenção. O Bussaco é solitário…
21 Setembro, 2017 at 16:33
Ele bem que podia ter aproveitado o cruzeiro que partiu de Lisboa há dias…. para socializar:)
21 Setembro, 2017 at 19:12
E fala este merdinhas de respeito!
Diz lá que cruzeiro era esse, já que pareces bem informado, para ver o grau de respeito que tens pelo post do Escondidinho.
21 Setembro, 2017 at 19:09
Mas q moral tens tu para falar em respeito, oh fiscal?!
21 Setembro, 2017 at 15:19
https://www.youtube.com/watch?v=yYpo4eLceNw
🙂 🙂
21 Setembro, 2017 at 15:28
Este pitéu tem muitas calorias, é de passar à frente 😉
21 Setembro, 2017 at 16:15
Devias ter escrito isto antes do Saké cá chegar. 🙁
21 Setembro, 2017 at 16:17
“Esta semana assinamos, o nosso rugby, um protocolo com o USAP Perpignan, um dos históricos da oval em França. Está connosco a ajudar-nos um treinador do USAP, e estamos a evoluir e aprender com os seus métodos.”
Está previsto alguma espécie de estágio, seja cá ou em França? Seria excelente, sem dúvida.
21 Setembro, 2017 at 16:34
Sim está.
Neste momento está cá em Portugal a ajudar nos treinos um treinador do Perpignan, chegou também por estes dias o nosso jogador U18 Celso, que estagiou em Perpignan durante 20 dias.
Está previsto igualmente a visita de equipas do USAP a Portugal, não posso adiantar se equipas nossas lá irão, pelo menos por agora.
Abraço.
21 Setembro, 2017 at 16:49
E o recurso da final do mundial (B, certo?) sub-20 como é que ficou?
Acha que tem “pernas” para andar?
Ou o que se passou foi uma situação “normal” no mundo do Rugby?
21 Setembro, 2017 at 17:28
Apesar de tudo é uma decisão regulamentar. Pode-se questionar se não havia condições atmosféricas porque o jogo não foi adiado. E porque foi acabado quando precisamente Portugal carregava sem piedade os japoneses.
Mas só. Nada mais a fazer.
21 Setembro, 2017 at 22:36
Merci!
SL
21 Setembro, 2017 at 16:54
Obrigado pela resposta Escondidinho. Abraço.
21 Setembro, 2017 at 16:49
Lotação esgotada para o Sporting-Barcelona, desculpa o off, Escondidinho 🙂
21 Setembro, 2017 at 21:44
Pelo menos este é um off que não desrespeita o post.
Aliás, podíamos arranjar um “Sonny Bill Williams” ou um “Beauden Barrett” para marcar o Messi.
21 Setembro, 2017 at 22:45
Pfff.
Sébastien Chabal… the one and only.
If you want the job done, gave the job to who can do it.
Caveman rules.
Tinham que titar o Messi de Alvalade com uma espátula e pinças.
Ahahhahhah 🙂
21 Setembro, 2017 at 22:58
Ahahaha.
Contigo, não vou discutir.
Bem, o Chabal ao pé do Eliseu é um menino.
21 Setembro, 2017 at 23:10
No fundo, é um Chabaleco
21 Setembro, 2017 at 23:13
Ou o Chabalinho. Um café no Porto.
21 Setembro, 2017 at 23:20
Mas forte que nem um chabalo
21 Setembro, 2017 at 16:50
Os seus seus escritos são arroz doce
🙂
21 Setembro, 2017 at 17:14
não percebendo muito do mundo rugby adoro ler os teus posts escondidinho e ter cada vez mais conhecimentos mesmo não seguindo.
os meus sinceros parabéns pelo teu trabalho
21 Setembro, 2017 at 18:05
Bilhete de cartão fininho, que os de cartão mais grosso destruíam a lombada.
Os livros de Poesia são sempre mais “fininhos” porque grande parte da mensagem, já está na nossa cabeça à espera da centelha que a acende.
22 Setembro, 2017 at 10:41
🙂
21 Setembro, 2017 at 19:18
“Sorte” a minha que os diabetes ainda não me atormentam…!
Mas é sempre “muito doce ao paladar”…todo o pitéu que o amigo Escondidinho nos “coloca sobre a mesa”…
(por falar em petiscos que deixam lembrança…creio que os meus netos recordarão mais tarde …o “excelente ” arroz de cenoura feito pelo avô …)
Vamos lá ver os nossos atletas do rugby “a crescer”, aprendendo com quem mais sabe do assunto…
Abr e SL
22 Setembro, 2017 at 8:41
Belas medidas. Perpignan é um Bastião do Rugby francês e merece uma visita. É o que eu digo: a haver um conselho leonino, esse deveria estar cheio de Leões que sabem empiricamente o que é o Desporto, a Formação e o jogar à Sporting: bonito, ao ataque e Impoluto. SL
22 Setembro, 2017 at 8:52
Obrigado.
Uma vez mais.
SL