Declaração clara de superioridade do Sporting face ao Olympiakos, em mais uma noite de forte rugido na Europa. Uma Europa onde, depois de assegurada a Liga, continua vivo o sonho da Champions, feito de exibições de uma consistência e de uma categoria que todos desejamos ver replicadas nas provas internas

dostolympiakos

 

Tal como havia acontecido na Grécia, o Sporting esteve muito próximo de entrar no jogo a ganhar no seguimento de uma bola parada (noutros tempos, isto daria uma capa a dizer “livre à Jesus”): Bruno César troca o cruzamento directo por uma abertura para Gelson, este cruza atrasado para Piccini que amortece para o remate de André Pinto. A bola vai na direcção certa, mas a defesa de Proto desvia-a para o poste e, na recarga, Dost atira para as nuvens.

Estavam decorridos três minutos de jogo e nos seguintes o Olympiakos daria ideia de conseguir equilibrar a partida, quase sempre por força de lançamentos para Pardo que procuravam desposicionar a defensiva leonina, onde André Pinto voltou a dar prova de estar efectivamente preparado para render Mathieu ou Coates sempre que necessário. Faltou-lhe o golo, para carimbar uma bela exibição, primeiro porque foi ao poste, depois porque, já na segunda parte, falhou uma bola que todos viam lá dentro.

Pelo meio, Sporting. Cada vez mais Sporting, sempre em crescendo, partindo para uma primeira parte onde remeteu o Olympiakos a uma enorme insignificância. Bruno Fernandes ameaçou depois de assistido por Dost e o cerco à área grega foi-se fazendo e fechando, num teste à paciência que Piccini mandou às malvas quando decidiu arrancar por ali fora, metendo-se no meio de um, dois, três adversários e soltando a bola na hora certa para Gelson; o extremo nem pensou duas vezes e sacou uma colherada rasteira para a boca do esfomeado Dost, que atacou tão rápido a bola que quando o central se fez ao lance já ela dançava na rede.

E bastaram três minutos para a festa se repetir. Agora Bruno César, na aplicação prática da sua alcunha: bola à entrada da área e ele “chuta”, mas o chuto bate num defesa, vai parar a outro e como o outro se armou em esquisito a despachá-la, o tal do César correu em direcção a ele, roubou-lha e tratou de carimbar o segundo “chuta” pelo qual é conhecido. Pimba lá para dentro, com Dost a fazer uma festa tão grande que ia mandando o entroncado zuca contra os painéis publicitários.

Ao intervalo, face a tudo o que se tinha visto, só não se dizia que estava feito porque nestas coisas da bola nunca se sabe quando nos podemos lixar. E para precaver qualquer situação embaraçosa, o Sporting regressou sem dar margem de manobra ao adversário. Poderia ter arrumado o jogo após um corte com o braço de Gillet que deveria ter sido penalti e não foi. Poderia ter arrumado o jogo numa cabeçada de André Pinto da qual já vos falei e, depois, num remate de Coentrão que o redes desviou para canto. E do canto surgiria o golo, mais um do 28, agora de cabeça, festejado como se fosse o primeiro.

Depois vieram os quase de Mathieu e de Bruno Fernandes. vieram as substituições para poupar os recuperados, veio a gestão e veio o golo grego que deveria ter sido anulado por fora de jogo. Mas um gajo nem liga, porque no final o que sobra é a garantia de continuidade na Europa e o sonho de fazê-lo na Champions. Melhor, o que sobra é uma cabeça cheia de sonhos. Sonhos feitos por uma equipa que já provou ser capaz de jogar um enorme futebol, à qual só falta, mesmo, ser capaz de não alternar tantas vezes o 8 e o 80. É só isso que falta para sermos felizes.

And you get a head, a head full of dreams
You can see the change you want to. Be what you want to be