Comecei a crónica da última semana referindo a neura que sentia pela derrota em Braga. Desta vez não é neura, é muito mais do que isso. É a tristeza que me tocou pelos últimos acontecimentos vividos no Clube. E que persiste.

E já sábado, depois do jogo de hóquei com a Oliveirense, em que me lembrei que tinha de preparar mais um texto sobre uma equipa, de uma das modalidades, que o homem que dirige os destinos do Sporting fez, em boa hora, regressar ao Clube, o sentimento que me invade é aquele que, numa resposta dada ao tasqueiro Malcolm deixei: “mais do que estar dividido entre Presidente e Jogadores, o que acontece é que estou dividido entre o BdC que fez um trabalho altamente meritório e o BdC que parece querer desbaratar esse capital de crédito.

Essa equipa só jogará no próximo domingo, com o Estoril, para a Taça de Portugal. É essa equipa, que admiro, mas também a outra, a do Hóquei, mais aquela, a do Andebol, e também a do Futsal. Ah, já me ia esquecendo, a do Voleibol. Mas também a do Goalball, do Atletismo e tantas outras que nos recordam o Ecletismo do Clube que um Presidente dono de uma personalidade instável, a atravessar certamente, uma fase de desorientação, quase me fez esquecer. A mim e a muitos outros Sportinguistas que lhe estão muito gratos, mas cada vez mais desiludidos com essa perigosa instabilidade emocional. Faço-lhe daqui um apelo Presidente: medite, repense, peça ajuda, mas mude. Prestaria mais um grande favor ao Clube ao qual, não duvido, muito quer. Mas também não esqueço que as grandes paixões levam, por vezes, ao suicídio…

Bem, isto mais parece um “hoje escreves tu” mas não fiz mais do que deitar cá para fora as preocupações naturais de um sócio e adepto que queria ver o Bruno de Carvalho da primeira metade do seu primeiro mandato, não aquele que parece inebriado com o apoio dado na reeleição, também pelo que lhe foi conferido numa AG recente mas, em meu entender desnecessária. Pelo menos, na altura em que foi…

Tivemos 9 das nossas Leoas chamadas para o quarto jogo da fase de apuramento para o Mundial de França 2019, em partida realizada na sexta-feira, dia 6, pelas 18:30h, com transmissão em directo da RTP1.

Eis os dados que recolhi no site da federação:
Estádio Den Dreef, Lovaina (Bélgica)
Árbitro: Esther Staubli (Suíça)
Árbitros assistentes: Belinda Brem e Susanne Küng (Suíça)
Quarto árbitro: Bérengère Pierart (Bélgica)

Bélgica 1-1 Portugal (0-0 ao intervalo)

Bélgica: Odeurs, Laura Deloose, Jacques Heelen, Laura De Neve, Philtjens, Missipo, Julie Biesmans, De Caigny, Van Gorp (Vanmechelen, 46′), Janice Cayman – cap., Tessa Wullaert.
Suplentes: Diede Lemey, Maud Coutereels, Lenie Onzia, Aline Zeller, Sarah Wijnants, Jana Coryn
Treinador: Ives Serneels
Golos: 1-0, De Caigny (90′)
Disciplina: Amarelos – Laura Deloose (45′), Zeller

Portugal: Inês Pereira, Matilde Fidalgo, Raquel Infante, Carole Costa, Ana Borges, Tatiana Pinto, Dolores Silva, Vanessa Marques, Cláudia Neto – cap. (Carolina Mendes, 84′), Andreia Norton (Jéssica Silva, 61′) e Diana Silva
Suplentes: Rute Costa, Mónica Mendes, Sílvia Rebelo, Fátima Pinto, Ana Capeta, Jéssica Silva
Treinador: Francisco Neto
Golos: Dolores Silva (90+3′ de g.p.)
Disciplina: Amarelos – Raquel Infante (49′); Matilde Fidalgo (80′)

Estaremos quase irremediavelmente afastados da luta pelo segundo lugar que nos daria hipóteses de um “play-off” entre os segundos melhores classificados, mas o que se pode concluir é que esse afastamento aconteceu nos dois jogos em casa com este mesmo adversário e com a Itália, com desaires pelo mesmo resultado (0-1).

Como acontecera em Portugal, uma vez mais o golo da Bélgica resulta da marcação de um canto, num jogo que segui atentamente, e em que não fomos inferiores ao adversário. Verdadeiras ocasiões de golo aconteceram muito poucas e o que mais uma vez me chamou a atenção, agora na estação pública, foi o facto do seleccionador Francisco Neto ser novamente poupado pelas asneiras
que comete. Não ouvi aos senhores que nos enchem de lugares comuns, com dados sobre as atletas, que devem ter ido buscar à última hora, como o Aguilar fez na Algarve Cup, que é um verdadeiro crime colocar a Ana Borges na lateral esquerda, ela que tem um pé “cego”, obrigando-a a não avançar para além do meio campo e a renegar a sua identidade enquanto futebolista. Como colocar de início a Andreia Norton, boa jogadora sem dúvida, mas sem o repentismo e velocidade de uma Jéssica que, de imediato, abanou o jogo; não ter visto que a Tatiana (muito generosa mas pouco esclarecida) devia ter cedido o lugar à Fátima Pinto, são delírios meus que não percebo um boi de futebol, nada a apontar a mais um dos protegidos da “santa casa federativa”.

futfemselecção

Fizemos um bom jogo, confirmámos a excelente classificação na Algarve Cup, cimentou-se uma melhoria indiscutível no panorama internacional. A minha apreciação às nossas jogadoras:
Inês Pereira: Muito bem! Num guarda-redes masculino, com cerca de 20 cms mais, exigir-se-ia que o golo da De Caigny, obtido na pequena área, tivesse outra decisão na saída. Vi que ela não chegaria primeiro à bola se tivesse optado por sair, portanto isento-a de responsabilidades.
Matilde Fidalgo: Impressionante a raça desta jogadora que a leva a superar a baixa estatura perante adversárias com outra capacidade atlética.
Raquel Infante: Esteve bem, embora na segunda parte, nomeadamente no lance da grande penalidade (forçada, em meu entender) tivesse revelado a sua maior pecha, a pouca velocidade. Incomensuravelmente superior à Sílvia Rebelo… De referir que o penalty aconteceu cerca dos 50 minutos e que Den Dreef desperdiçou, atirando ao poste.
Carole Costa: Grande exibição!
Ana Borges: minha cara Leoa, o homem descaracteriza-a… A sua capacidade de luta, a sua entrega permanente,
anulam a incapacidade de usar o pé esquerdo. Mas nada a fazer perante o “novo mestre”! A Ana é “pau para toda a obra”. Resumindo, mais uma excelente prestação num lugar que nunca devia ser o seu.
Tatiana Pinto: Creio ter dito tudo de uma jogadora que muito aprecio. Não treinou bem o remate de moinho…
Dolores Silva: Enorme jogo, penalty exemplarmente executado.
Vanessa Marques. Não gostei muito…
Cláudia Neto: Que categoria! Nasceu mesmo para o futebol.
Andreia Norton: Não fez um mau jogo, mas estive sempre a pensar na Jéssica…
Diana Silva: Sempre generosa, mas as matulonas belgas não a deixaram pôr pé em ramo verde.
Jéssica: Velocidade impressionante, esteve muito bem e provocou o lance do penalty com um belo passe, a provocar a intervenção “à guarda-redes” da intratável Philtjens. Bela jogadora esta belga, técnica, raça, mas permanentemente safa a amarelos por uma árbitra suiça muito caseira. Viu-o no último minuto, mas esse não poderia deixar de acontecer… Quanto à Jéssica, por vezes agarra-se muito à bola e “inventa”. Mas esta menina queria vê-la de verde-e-branco. Acho que a sua passagem por Espanha está a contribuir para uma significativa evolução.
Carolina Mendes: Não teve tempo para se evidenciar: Devia ter entrado um pouco mais cedo. A Cláudia Neto demonstrou cansaço a partir dos 70 minutos, sujeita que foi à vigilância belga pelo estatuto de craque que tem. E que merece.

No outro jogo realizado, a Itália venceu naturalmente a Moldávia, por 3-1 e lidera, destacada, com 15 pontos.

Que venha depressa o próximo domingo, mesmo que isso signifique que esteja a desejar ficar mais velho
na mesma proporção. Mas há coisas que nos envelhecem mais vincadamente…

Quanto à selecção das nossas Sub 19, a sua participação saldou-se. até à hora em que escrevo, por duas derrotas.
0-2 frente à Sérvia e 1-4 com a Dinamarca. Dinamarca e Sérvia que decidiram, ontem, o primeiro lugar no grupo, tal como Portugal frente ao Páis de Gales tentava o terceiro lugar.

A única equipa dos escalões de formação que teve competição foi a de Juvenis. Vitória que se revestiu de dificuldades, por 1-0 contra o Torreeense, mantendo-se o atraso de 3 pontos para o primeiro, o Casa Pia, vencedor do Sintrense por 12-1, e quando faltam apenas duas jornadas para o final da competição.

Para finalizar, as nossas Leoas mais velhas do futsal foram ao norte vencer o Vermoim po 3-1, garantindo, muito provavelmente um pouco brilhante terceiro lugar, embora faltem ainda 6 jogos para as contas finais. De realçar a difícil vitória do primeiro, o Novasemente, no seu reduto, frente ao Nun’Álvares, por 3-2. Pensar que desperdiçámos 4 pontos frente aos dois últimos classificados, sendo um deles em casa… No próximo jogo, recebemos o Novasemente. Dia 21, pelas 17 horas.

Resta-me, ao despedir-me, desejar o melhor para o Sporting.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino