Contratação falhada ou jogador desaproveitado? Bom ou mau negócio? Devia ter ficado ou finalmente que se foi? Bem, antes de nos debruçarmos pela ida de Doumbia para o Girona, fiquemos com as simpáticas palavras do jogador na despedida.

«No dia em que sigo para outra aventura, quero agradecer a todos os adeptos e ao Sporting pelos demonstrações de afeto que fui alvo. Gostava de agradecer pelas boas vindas e pelos momentos que passámos juntos. Quero reforçar também o bom ambiente que sempre existiu no balneário. Deixo o Sporting Clube de Portugal para uma nova aventura, numa nova cidade: o Girona FC. Sigo assim para um dos maiores campeonatos do mundo de futebol e espero um desafio extremamente emocionante! Fui muito bem recebido pelo Girona que fez todos os esforços para me ter aqui na Catalunha, onde espero continuar a crescer»

Leio esta mensagem e imagino Doumbia a dizê-la/escrevê-la com aquele sorriso de Saci-Pererê amadurecido, de bom colega, de gajo que contribui para o bom ambiente no balneário que ele quis sublinhar. E é essa a imagem que me fica de Doumbia: um gajo porreiro, com um belíssimo percurso enquanto jogador, experiência para passar e que, de quando em vez, fazia umas coisas engraçadas.

A questão é que, para quem custou 7,2 milhões euros por 70% do passe, o que fica de Doumbia é muito, muito pouco. Claro que podemos dizer que marcou na Champions (contra Steaua e Olympiakos), e nos ajudou a encaixar uns milhões, mas, como se disse na altura, também podemos ver esse dinheiro como o que precisávamos para passar o cheque ao Jorge Jesus ou para compensar aquela encomenda chamada Alan Ruiz.

Não nos dispersemos. Doumbia foi caro. Demasiado caro. E, pior, foi pouco utilizado, talvez porque JJ tenha percebido que estava longe de ser um Téo para jogar ao lado de Bas Dost. Acabaria por anotar 8 golos, os tais dois na Liga dos Campeões, mais um ao Astana, dois ao União da Madeira (Taça da Liga) e fez um hattrick ao Vilaverdense (Taça). Fraco pecúlio para um jogador que foi perdendo cada vez mais espaço e que recebia uma brutalidade de ordenado.

E, com isto, passamos aos números. Doumbia tinha contrato até 2020 e, nestes dois anos, levaria para casa cerca de 6 milhões aos quais se juntariam os dois milhões que ficaram a faltar pagar na sua transferência inicial (3,5 milhões directos + 700 mil de comissão + prémio de assinatura de 3 milhões a pagar ao longo de dois anos). E são estes dois milhões do prémio de assinatura que fazem grande diferença neste negócio: ao abdicar de recebê-los para ficar com o passe na mão, Doumbia liberta o Sporting de um encargo de cerca de 8 milhões até 2020.

Deixar de pagar oito milhões a um jogador que pouco ou nada fez é, em meu entender, um bom negócio. Se gosto de ver-nos recuar no tempo e libertar jogadores para aliviar a tesouraria? Não. Mas fazer disso um drama quando andamos, desde 2016, a pagar um ordenado de 1 milhão/época a um calmeirão chamado Douglas, que mamou outro milhão na assinatura, tem contrato até 2019 e está com vencimento suspenso (desde Fevereiro e até ao final deste mês) por ter acusado doping… é pura demagogia.

Boa sorte, oh Doumbia!