Antes de passar ao tema do post desta semana, uma palavra para o fim-de-semana de jornada dupla das equipas seniores. Foram 4 jogos e 3 vitórias. Os seniores masculinos venceram os dois jogos: Vs Leixões por 3-0 (25-17; 25-15; 25-11) e Vs AA São Mamede por 3-1 (22-25; 25-22; 18-25; 18-25). ‘Tá tranquilo, ‘tá favorável.
No domingo a equipa feminina venceu o Esmoriz GC por 3-1 (16-25; 26-24; 22-25; 17-25), contudo os holofotes estavam todos no jogo de Sábado. As meninas lutaram muito, porém caímos na negra com o CD Aves ficando o resultado nos 2-3 (25-19; 28-26; 17-25; 25-27; 15-4). Admito alguma tristeza, mas o caminho faz-se com alguns percalços. Destaque, nesse dia, para a iniciativa do clube da casa, à qual o Sporting grandiosamente participou. Sem inventar, replico o post no Facebook:
“O Carlos André Mesquita é o guarda-redes da Seleção Nacional de Futsal Síndrome de Down, campeão Europeu, e é um “ferrenho” Sportinguista de Vila das Aves. O Dep. Voleibol do CD Aves aproveitou a visita do Sporting CP, que gentilmente se associou a nós, este sábado para lhe rendermos uma merecida homenagem. Foi simples, forte e sentido! Estes momentos é que fazem que vejamos como o desporto é verdadeiramente importante. Parabéns André.”
Na foto vemos a Sara a entregar a camisola e a contribuir para um grande momento de felicidade do André.
A cada semana vou tentado passar um pouco daquilo que me encanta no voleibol, gerando também em vós uma vontade de se aproximar da modalidade. Esta semana conto-vos que as todas equipas podem ser campeãs com limitações em diferentes posições, mas não conheço nenhuma que tenha sido campeã sem um grande líbero.
Na minha opinião, que vale tanto como um pires de tremoços, considero que a recepção a um serviço é dos gestos técnicos mais complicados no voleibol. Seja um serviço em potência, que atinge muitas vezes os 90 ou 100 km/h (não tenho os dados estatísticos da nossa liga, mas estranharia que fossem muito menores que esse valor) ou um serviço mais flutuante onde a bola muda de trajetória, muitas vezes parecendo um balão de tão instável.
Neste desporto de gigantes, esta posição de líbero também é aquela “lufada de ar fresco” para quem adora jogar voleibol, mas mede menos de 1,80m. Ora… espreita aqui:
Uma parte do conceito da roda Roda da Excelência diz respeito à liderança. No seguimento deste tema, pergunta-se frequentemente: Qual a diferença entre um bom jogador e um grande jogador? O bom jogador joga bem porque tem talento, enquanto que o grande jogador, além de mostrar qualidade, partilha esse talento com os seus companheiros, fazendo com que os outros joguem ainda melhor e a equipa vença. Esta definição não podia assentar melhor na posição de líbero e especialmente nos nossos jogadores: Hugo Ribeiro e João Fidalgo.
Nós temos dois grandíssimos líberos! É mais fácil reparar neles pela cor do equipamento do que propriamente pela espetacularidade que dão ao jogo. Não que eles se destaquem menos, porém os nossos olhos estão mais treinados para reparar nos estrondosos ataques. Apesar de serem os dois jogadores da mesma função, ambos se distinguem pelo que dão ao jogo.
O Hugo Ribeiro está em campo quando vamos receber um serviço. Tem 41 anos de idade, mas quem diria?! A bola encaixa naqueles braços fazendo parecer que o adversário foi “ridículo” no seu gesto técnico. A facilidade com que joga, quase que arriscaria dizer, é provocatória porque imagino os olhos do Hugo dizerem muitas vezes, a cada toque na bola: “É o melhor que consegues?, É o melhor que consegues?, É o melhor que consegues?, Ok!”.
Repito-me a dizer que a receção a um serviço é dificílima de executar a este nível e não se enganem ao pensar que, apenas porque faz muito bem o seu trabalho, que deixa de ser complicado. O trabalho deste senhor é essencial para que um distribuidor brilhe, fitando os adversários com o seu passe. E o segredo do sucesso deste nosso jogador já foi dito por ele: “Todos os dias tento ser melhor do que ontem.” Parece simples!
Na foto vemos o Hugo Ribeiro à espera do serviço do adversário de uma forma relaxada, confiante e campeã. É, também ele, um dos melhores jogadores de sempre do voleibol em Portugal.
O João Fidalgo, apesar de muito bom também a receber, está em campo quando estamos a servir. O objectivo do mister Hugo Silva é usar as suas grandes capacidades de defesa para recuperar a bola no ataque adversário e construir um contra-ataque. O João é rápido, elástico e inteligente. Desabafos comuns quando ele joga são: “Ele tem sorte, adivinha sempre para onde a bola vai” ou “ele está sempre no sítio certo?”. Eu acredito que a sorte dá muito trabalho em construir e o João, que também deve ter aquele instinto, tem certamente muito treino em cima de si para se apresentar com este nível de eficiência.
É um vencedor e a primeira frase que disse quando assinou foi curta e simples: “Tenho vontade de ser campeão (…) é uma coisa fantástica estar a cumprir este sonho”. Na foto, a nossa equipa está a servir e o João Fidalgo preparado para defender a bola que irá ser atacada pelo adversário.
Por fim, deixo-vos uma nota de admiração mais pessoal pela posição de líbero no que respeita ao erro. Todos nós já jogámos à bola (futebol, futsal, basquetebol, andebol,…) e sabemos como ultrapassar as falhas. Uns pedem mais bola para repetir o movimento a fim de tentar novamente e acertar, outros não repetem o movimento até voltarem a ter índices de confiança altos para voltarem a arriscar e outros escondem-se do jogo para não errar de novo (ou até pedem substituição). No voleibol passa-se o mesmo com todas as posições excepto esta. O líbero está no campo para receber e defender, agora imaginem que falha as primeiras recepções do jogo. Sabendo que não te podes esconder, nem pedir substituição, como é que se ultrapassa isto? Porque é evidente que o adversário já viu ali “ouro”. A estrutura mental de um líbero é fortíssima e a dos nossos é letal! Estes dois craques são o nosso segredo bem guardado.
Bê-a-bá do Voleibol: Voleibol sentado
Hoje não há regras novas, mas há a beleza da inclusão social da modalidade. Trago uma vertente do voleibol que muitos podem desconhecer. O voleibol sentado é uma modalidade paraolímpica onde a rede tem 1,15 metros (masculino) e 1,05 (feminino). No voleibol sentado, competem atletas amputados ou outro tipo de deficiência motora. “Esta modalidade reflecte uma aproximação dinâmica à inclusão social em si mesma ao constituir uma vivência de uma realidade partilhada por todos”. Bonito.
*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)
20 Novembro, 2018 at 10:53
Caro Adrien.
Não concordo muito que temos bons líberos. Não são maus (diria razoáveis), mas bons, não são. Comparando com o nosso maior rival, Ivo Casas (o líbero do Benfica), o deles é muito superior, quer ao Fidalgo, quer ao Ribeiro. E a nossa recepção é o nosso grande calcanhar de aquiles. Já o disse várias vezes e a várias pessoas – A recepção e defesa são os gestos/momentos mais importantes do jogo, porque é o que permite atacar em condições, quando recebemos um serviço adversário, ou contra-atacar e apanhar a equipa adversária descompensada/desorganizada. Uma boa recepção (que coloque a bola próxima da rede) dá a possibilidade ao passador de escolher as 4 opções de ataque – a curta ao centro da rede, a entrada da rede, a saída, ou o ataque de 2ª linha. Mas não é só o líbero que defende e recebe. Geralmente a recepção é feita a 2 ou no máximo, 3 jogadores. Roberto Reis, João Simões e o Marshall, recebem bem, por norma, mas acho que no ano passado com Gareth e sobretudo, o Luke Smith, estávamos bem melhores. Mas do que o ataque e a coordenação da defesa com o bloco, vai passar por aqui a chave do campeonato. Basta analisar os jogos de maior grau de dificuldade que tivémos – os jogos com o Benfica!
20 Novembro, 2018 at 11:56
Também sou da opinião que o Ivo é melhor!
20 Novembro, 2018 at 12:45
Por partes:
(1) O Ivo Casas (benfica) é bom, mas isso não torna os nossos razoáveis. O Hugo Ribeiro e o João Fidalgo são bons, tanto mais que um jogador com qualidade para ir à nossa seleção não deve ser considerado razoável.
(2) Não concordo com a comparação em relação ao ano passado. Estamos melhores este ano, simplesmente tivemos jogos de exigência elevadíssima numa fase da época em que ainda não estávamos preparados para ela. Não referes o Aleksiev mas este será um jogador decisivo nas finais, apesar de ter começado a época muito em baixo de forma.
(3) A importância que dás à recepção e defesa está espelhada no post da semana, estamos 100% de acordo.
SL
20 Novembro, 2018 at 20:58
Aceito a tua opinião, mas continuo a acha-los fracos, mesmo sendo de selecção (o que por si só não garante qualidade).
O Tudor tem-me desiludido imenso. Já o Nikolov mostrou ser uma enorme mais valia no jogo que fez.
20 Novembro, 2018 at 10:57
Boa reação das meninas. Tal como os homens, vão evoluir com treinos e jogos.
20 Novembro, 2018 at 10:57
Já agora aqui fica um vídeo daquele que para mim é o melhor líbero do mundo – jenia grebenikov (que tem 1.88m).
https://www.youtube.com/watch?v=ht8Pd-TOon0
20 Novembro, 2018 at 11:22
O melhor líbero do mundo é Scott Sterling… É que nem há discussão!
20 Novembro, 2018 at 11:26
O melhor líbero do mundo era o Baresi 😀
20 Novembro, 2018 at 11:33
Mas o Scott Sterling é ao mesmo tempo o melhor guarda redes!
Atrevo-me a dizer, que será o melhor jogador defensivo de todos os tempos!
20 Novembro, 2018 at 12:11
Mas não tomem como certa a minha palavra sem verem esse MONSTRO do jogo defensivo em acção:
https://youtu.be/oY2nVQNlUB8
20 Novembro, 2018 at 12:21
Lol, sem dúvida, o melhor!
20 Novembro, 2018 at 12:35
Ahahahahhahah muito bom!
20 Novembro, 2018 at 12:38
Ahahahhahaa
20 Novembro, 2018 at 21:38
Ah ah ah Foda-se…
Cacete, so há quinta bolada percebi que era fake!!!!
Lol
20 Novembro, 2018 at 12:46
Win!
https://www.youtube.com/watch?v=oY2nVQNlUB8
20 Novembro, 2018 at 16:37
Bom video!
20 Novembro, 2018 at 11:22
Obrigado pelo post e pelos comentários.
Adoro Voleibol mas estou longe de ser um entendido na coisa.
Como percebo pouco arrisco-me a dizer algo que pode não ser exacto: na última época fomos campeões mas não éramos melhores que o carnide. Pelo menos, pareceu-me, na final tivemos um bocadinho de sorte!
20 Novembro, 2018 at 11:26
Boa posta Adrien. Obrigado
20 Novembro, 2018 at 11:36
Obrigado pelo “post”
Gosto de volei…mas não percebo nada nem de regras…nem de tácticas…!!
SL
20 Novembro, 2018 at 11:52
Gosto muito da modalidade. 100% de acordo com o Tiago quanto ao valor dos nossos liberos e como tal esperei que esta posição fosse reforçada para esta época, não o foi. Já agora aproveito para dizer que não compreendi o porquê do empréstimo do Lourenço ao Espinho, ele tinha lugar no actual plantel. SL.
20 Novembro, 2018 at 11:59
O Lourenço está numa fase em que tem de jogar sempre. No Sporting não ia fazer isso este ano.
Espero que para o ano volte melhor ainda.
PS – é o jogador favorito da minha filha e ficou super triste por ele ter saído! 🙂 Miúdas…
20 Novembro, 2018 at 12:09
Bom texto, Adrien.
E também escreves muito bem.
Pena a equipa feminina ter perdido nas Aves. Começa a ficar difícil a subida de divisão directamente.
Muito bom o evento de homenagem ao jogador de futsal do Aves.
Só por curiosidade, o Belenenses ganhou o grupo de juniores femininos onde estava o Sporting, ganhando no jogo decisivo ao Clube Nacional de Ginástica, da Parede, num fantástico jogo de voleibol que decorreu ao mesmo tempo do Sporting-Benfica em Futsal e demorou mais de 2h30. Entre a emoção dum e de outro, ia-me dando uma coisinha má! 🙂 Mas resisti!
20 Novembro, 2018 at 12:19
Boa posta para o almoço.
20 Novembro, 2018 at 12:36
Excelente post, como sempre.
20 Novembro, 2018 at 15:07
Quem se quiser aventurar a escrever sobre o basquetebol para o ano deve fazer o mesmo que o Adrien, pois está aqui um pitéu fantástico.
20 Novembro, 2018 at 21:41
+1
20 Novembro, 2018 at 22:24
Outro a achar o mesmo quanto aos «limites» da nossa recepção. Os masculinos prosseguem bem, espero bons resultados contra os bielorussos. (Grebinikov é Outro NÍVEL, um jogador Impressionante).
As Leoas parecem ter soçobrado em Vila das Aves mas ainda que só a fotografia que publicaste chegasse para apagar isso, ganharam bem no jogo de Dom,. TALVEZ a promoção directa ESTEJA difícil mas tenho fé nesta equipa. Por mal que possa correr, duvido que não acedamos ao playoff. SL
20 Novembro, 2018 at 22:44
Só agora tive oportunidade de ler, obrigado, sempre bom ler algo relacionado com as modalidades!
21 Novembro, 2018 at 8:37
No campeonato feminino as 5 primeiras equipas + a equipa vencedora da Serie Açores juntam-se na fase final de subida. Aí vão jogar todas contra todas a 2 voltas (10 jogos portanto). Todas essas 6 equipas começarão com zero pontos. Ou seja, na pratica ficar nesta fase em 1º ou 5º não tem qualquer interferência para a fase de subida…
Salvo reforços de ultima hora noutras equipas, as 2 melhores equipas são o Aves e o Sporting e será entre elas que se disputará o titulo de campeão e a subida directa a 1ª divisão.
Espero ter ilucidado.
SL leoninas
COSTA