Foi com mais calma e num turbilhão de descrença de Luís Carlos Nani aceitou um segundo regresso ao Sporting Clube de Portugal, depois de nos deixar em 2015 para representar o Fenerbache, Valência e Lazio. Quando chegou vindo de Manchester, envolvido num empréstimo que nos parecia impossível, foi recebido com alegria e absoluta euforia por parte dos positivos e esperançados sportinguistas, que viam a sua equipa de regresso à Liga dos Campeões e com uma geração de jogadores à disposição que entusiasmava.

Nani acabaria por seguir a sua vida depois da conquista de uma Taça de Portugal épica, num ano que nunca esteve longe da polémica e com a promessa de que a sua história com o Sporting ainda não tinha terminado naquele dia no Jamor.

Foi contratado para ser capitão de um grupo absolutamente destruído, ele que nunca tinha assumido um papel de absoluta liderança nas equipas por onde tinha passado, porque vinha com estatuto de jogador experiente e com uma ligação afectiva ao clube. E essa decisão foi uma das mais acertadas dos últimos tempos.

Já me arrependi vezes sem conta de escrever sobre jogadores e o que eles acabam por significar para todos na bancada. Mas seria incapaz de o deixar de fazer, porque depois de todas as desilusões que temos sofrido, existem sempre uns quantos capazes de nos fazerem acreditar que os que jogam também sentem as nossas cores.

Nani está longe de ser o exemplo perfeito de atleta de futebol. Foi inconsistente quando era momento de se afirmar como indiscutível em Manchester. Foi tendo altos e baixos, foi trocando muitas vezes de emblema nestes últimos anos, mas tem a qualidade. Tem a inteligência, a técnica e o golo que de vez em quando aparece num jogador formado em Portugal. Foi durante muito tempo a segunda figura de uma selecção portuguesa desprovida de talento, foi sempre importante nas fases finais em que jogou com a camisola de Portugal, foi campeão europeu (por clubes e país), foi campeão inglês, foi parte de uma Lazio surpreendente e voltou.

Trouxe com ele aquilo que tanto faltava a este clube: o respeito pela instituição que lhe permitiu a carreira que teve, o respeito pelos adeptos e o carinho ao Sporting. Assumiu a braçadeira como se usasse há anos e está presente na vida do clube em todos os momentos.

Não é difícil fazer o que Nani faz. Quando fala é quase sempre bem, defende o grupo de jogadores de que é capitão, interage com adeptos e sócios nas redes sociais e (mais importante) sempre que marca um golo faz questão de nos lembrar porque é que voltou. Pelo Sporting e porque é do Sporting.

Nani foi uma lufada de ar fresco que entrou pelo Sporting, uma recordação bem viva de que ainda vale a pena apostar nos nossos e que sim, também sabemos formar homens. Com os seus defeitos e virtudes, com os seus problemas e talentos, mas que são capazes de colocar o clube em primeiro plano em quase todas as suas intervenções.

Chegou com muito menos euforia, mas esperemos que queira ficar até decidir que é o fim.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa