Hoje escrevo o meu último texto deste ano, neste espaço. E confesso que talvez seja o mais difícil balanço anual que faço desde que o Cherba me concedeu este cantinho às quintas-feiras, destinados à voz de uma leoa que (como tantas outras) sofre pelo Sporting.

Sem muita alegria (e apesar de tudo aquilo que o ano nos trouxe a nível pessoal) 2018 ficará sempre marcado como o ano em que o Sporting com que tantas vezes sonhámos, e que sentimos tão perto a certa altura, ruiu com estrondo e abriu as feridas de uma divisão que não me lembro antes de testemunhar no nosso clube. 2018 ficará sempre marcado pelo cair de um projecto desportivo, pelo falhanço em termos de títulos no futebol profissional, pelo absoluto descalabro emocional, pelo ataque à Academia e pela queda de uma direcção que anos antes unia a nação leonina em torno da esperança de um futuro melhor.

É verdade que conquistámos a Taça da Liga (a primeira da nossa história), é verdade que todas as modalidades de pavilhão e o futebol feminino nos deram imensas alegrias, é verdade que até testemunhámos o regresso de Nani, para felicidade de tantos. Mas tudo isto parece dissolver-se numa mescla de confusão, perseguição, eleições, assembleias gerais, cartões de sócios rasgados, manifestações e a profunda desilusão de vermos tantos dos nossos jogadores abandonarem o barco e deixarem uma casa em chamas depois de tudo aquilo que o Sporting fez por eles.

É inevitável, pensar em 2018 é pensar no ano em que o Sporting teve de se refazer outra vez. Em que tivemos de enfrentar a nossa própria desconfiança, em que sentimos que um elo se quebrava e que ainda não o reparámos completamente.

O Sporting está mais pobre. E isso sente-se no estádio despido todas as semanas, no apoio à equipa que tem diminuído, na falta de paixão em Alvalade, que devagarinho vai tentando conquistar de volta os seus adeptos com golos e vitórias.

Existe um longo caminho a trilhar para que a vitalidade do clube regresse aos picos que já registou. As vitórias são parte do processo natural da paz, mas existem muitas sombras sobre os acontecimentos de Maio que nos fazem constantemente cair na esparrela de sermos os primeiros a implodir e a virarmo-nos contra aqueles que querem o mesmo que nós.

Apesar de tudo isto, o futuro tem de ser encarado forçosamente com optimismo. Primeiro, porque dificilmente encontraremos período mais difícil do que aquele pelo qual passámos, depois porque existe mão de obra, talento, dedicação e vontade ao serviço do Sporting Clube de Portugal. Metade do caminho está feito quando tens os melhores profissionais ligados à tua causa, falta tudo o resto para que possamos voltar a ser um clube vivo, competitivo e feliz.

2019 dificilmente será um ano de muitas conquistas no futebol profissional do Sporting (e isto vem de uma das sportinguistas mais optimistas que alguma vez existiu), mas não significa que não nos possa trazer ainda muitas alegrias. Existem títulos para revalidar no pavilhão, História para fazer e um projecto para estabelecer com a mão de um treinador que tanto tem prometido e que entrou como uma lufada de ar fresco. Se conseguirmos isto tudo, já será muito bom.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa