Direito ao assunto. A leak de documentação da auditoria forense é um sério dano à estratégia e evolução de toda a operação do nosso clube e da SAD. Os prejuízos serão difíceis de enumerar ou contabilizar, pois dependem da reação de vários elementos e em espaços de tempo impossíveis de prever. Mas eles surgirão. É grave. Não é mera conveniência encontrar quem “vazou” a auditoria, é uma obrigação. É tão obrigatório identificar o “quem, quando e porquê”, como será evidentemente mandatório concretizar consequências correspondentes aos danos provocados.

Lamento o silêncio, tanto quanto o tom de leveza institucional com que os Órgãos Sociais do Sporting têm respondido sobre este “ataque”. Só por si revela que não entendem ou não querem entender o seu dever em levar esta bronca a sério e colocarem em marcha, tanto internamente como publicamente, todos os pontos nos “i´s” correspondentes. A confidencialidade estratégica que Salgado Zenha tanto defendeu para não revelar a instituição com quem fechamos o recente adiantamento de receitas do contrato da NOS, é uma pequena migalha comparada com a necessidade absoluta de resguardar a documentação analisada pela empresa auditora.

Transparência na gestão é uma coisa, negócios transparentes são outra e o facto do CD estar a demorar tanto a iniciar (e evidenciar esse acto) um processo interno de responsabilização levanta tantas ou mais suspeitas como o Sporting não fazer constar que em caso algum admite que informação fornecida à sua revelia à Comunicação Social fique sem a exigência de compensações nos tribunais. É que folhas de pagamentos a funcionários, colaboradores externos, parceiros, atletas são “armas” de peso na mão de clubes rivais e empresários.

E nem sequer quero entrar pelas recentes regras da Proteção de Dados e o quanto a União Europeia pode multar quem infringir os 4.345 instrumentos de proteção à confidencialidade e privacidade de dados pessoais ou coletivos.

No mercado atual, tanto no desporto como noutra atividade qualquer, informação é poder. Proteger a base de toda a nossa operação é vital e confesso que nunca me agradou esta mania de expor dados concretos ao grande público só para criar vantagem política sobre anteriores administrações. Seja qual for o CD, o dever de proteger o clube deveria estar sempre acima dos ganhos de percepção de um determinado conjunto de dirigentes. A vantagem terá de ser sempre de e para o Sporting. Quem não entender isto, chumba na vertente mais importante de ser dirigente de um clube – a responsabilidade perante os sócios, que representa.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca