Vamos conhecer um pouco da Bárbara Pereira. Mais uma mulher do Nuorte, carago!

O Bonito Serviço é um espaço de envolvimento com a modalidade de voleibol do Sporting Clube de Portugal. É, basicamente, chegar ao fim do dia e saber quem é a Daniela Loureiro, a Beatriz Rodrigues, o Thiago Sens ou o João Fidalgo. Gosto que estes, e outros, se tornem nomes fáceis de reconhecer.

Esta semana vamos falar um pouco da Bárbara Pereira, a nossa jogadora número 14. Há pouco mais de um ano, troquei o nome da Bárbara pela Mariana Carvalho. Ignorância minha. Desde então nunca mais consegui dormir e sinto-me atormentado. Que este seja o post necessário.

A nossa jogadora está connosco desde a época passada, vinda da Lusófona Voleibol Clube. Uma contratação que se confirmou essencial na conquista do campeonato nacional da 2ª divisão. Quando decidi que a nossa craque seria o alvo deste Bonito Serviço, pensei que pudesse ser engraçado compará-la com algo. Arles. A cidade de Arles, Provença, em França tornou-se a minha comparação óbvia. Vamos viajar até França com a Bárbara Pereira.

Importância da cidade de Arles
Não é a cidade mais importante de França, mas conhece o seu espaço. Claro que quando viajamos até França, a escolha mais evidente é Paris. Também Lyon ganha destaque, tal como Nice, Mónaco ou Estrasburgo. Apesar de não ser a primeira opção, é das mais importantes. Um espaço pequeno, acolhedor, com boa comida e com um sentido cultural apuradíssimo.

Não é um insulto dizer que a Bárbara Pereira não é a melhor jogador da equipa. Há outras que se destacam mais, seja pela posição em campo, seja pela qualidade que transportam ao jogo. Isto não é um problema. Nem todas as cidades são Paris porque mais nenhuma tem, por exemplo, a Torre Eiffel. Apesar disso, este facto não lhe tira importância. O risco que carrega debaixo do número 14, diz que é a capitã em campo (a capitã principal é a Daniela Loureiro). Esse é um sinal de responsabilidade e personalidade. É quase como uma afirmação pública de “sim, é ela. Sim, é com a Bárbara que falamos”.

Encantos únicos e particulares
Todos os locais têm os seus encantos. Ou porque são bonitos, ou porque têm história. Arles tem um pouco dos dois na dose certa. As ruas são lindíssimas e, perdermo-nos nelas, dá um sentido curioso de liberdade. Uma liberdade que nos permite apreciar encantos que gente com pressa não percebe.

A Bárbara domina o gesto técnico do bloco como ninguém. Para blocar bem é necessário saber ler os passes da distribuidora, ser rápida e saltar muito alto. É um 3 em 1 que a nossa jogadora domina e nem tem 1,80m, contrariamente a quase todas as suas adversárias neste campeonato.

Passear em Arles é ser-se convidado a sentir um perfume. A flor Madressilva está por todo o lado e é impossível não repararmos, seja pela visão ou olfato. A Bárbara tem o seu perfume, um toque que a distingue. Diria que é o serviço. Quem a vir caminhar para a sua zona preferencial de serviço, nota algo diferente. Confiante, concentrada, focada, imperturbável são características que, mesmo alguém que de voleibol perceba pouco, lhe reconhece. A parte técnica está presente, por isso faz muitos pontos no serviço. Em Arles e na Bárbara respira-se um perfume bonito.

Um génio precisou de Arles
Um dos maiores génios da humanidade escolheu Arles para viver – Van Gogh. A maioria dos seus quadros foram aqui pintados. Há outros lugares como Key West (Ernest Hemingway), Aix-en-Provence (Paul Cézanne), Porto Covo (Rui Veloso) e Grândola (Zeca Afonso).

Todas as equipas precisam de génios, como o André Cruz, e todas as equipas precisam de locais simples onde possam descansar e explanar toda a sua qualidade. Em português temos uma boa expressão para isto: um génio precisa de “ter as costas quentes”.

A Bárbara Pereira é, precisamente, este tipo de elementos. Uma atleta cheia de qualidade, que todos os dias evolui, com um compromisso sério, e joga sempre no seu limite qualitativo. Arles foi onde Van Gogh explanou toda a sua criatividade. O sucesso do artista esteve na seriedade com que a cidade o recebeu, oferecendo-lhe “um quarto”, “uma noite estrelada” e até um campo cheio de “girassóis”.

Para aqueles que, sensatamente, quiseram fugir ao aglomerado de palavras anterior e vieram procurar a conclusão do post, aqui está o resumo da nossa jogadora: A Bárbara Pereira é uma grande jogadora de voleibol do Sporting Clube de Portugal. É uma sorte que esteja connosco. Tem, também ela, a minha admiração.

Este fim-de-semana as meninas foram até Belém derrotar o Belenenses por 3-0 (25-18; 25-20; 25-15). Um resultado que o Sporting comunicou nas redes sociais às 12:28 do dia seguinte ao jogo. Mas também não é importante, pois não? (https://web3.cmvm.pt/sdi/emitentes/docs/PPI73311.pdf)

Força Bárbara! Força Sporting!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)