Não insista, não vale apena, com o Ayres é uma discussão que já vem de posts anteriores e o Pretoriano apenas manifestou e em resposta ao Ayres que tb estava a ponderer nem foi em resposta ao que escrevi. Mas se ficou incomodado com a “campanha de influencia” que terei feito, deixe fazer campanha em sentido oposto e fique com este belissimo testemunho feito por um tasqueiro, que se o Cherba não leu, aconselho que o recupere e transforme em topico e acredite que neste caso ganhe quem ganhar a minha felicidade é a mesma.

John McEnroe
21 Abril, 2020 at 12:22
Isto está renhido, tenho que postar antes que seja tarde, estava a pensar em guardar lá para os quartos ou meias, vou gastar o cartucho, se conseguir um voto que seja, fico feliz.

Cherba, e demais tasqueiros, Este Imortal devia ter acesso directo à final, passo a explicar:

No dia dia 30 de Abril de 1984, Joaquim Agostinho cai na volta ao Algarve, morre pouco tempo depois, em Maio.

Caiu com a Camisola do Sporting que só não se via porque ia de Amarelo; mesmo assim, amparado por outros Leões não desistiu, acabou a etapa aos vómitos e a desmaiar.
Morreu em serviço e a servir o Sporting, foi a enterrar com a nossa Bandeira.

Apesar de assediado até ao limite sobretudo pelo benfica, nunca mas nunca trocou de malha, lá fora foi outra coisa, mas tinha que ser, o Sporting à altura não tinha entrada no Tour

Já passava dos 40, no entanto, como SEMPRE afirmou, iria acabar a carreira no Sporting. E acabou. Queria levar o Sporting ao Tour, isso já não conseguiu que por vezes o Fado manda mais que a Vontade.

Nunca houve entrevista que não dissesse: “O Sporting deu-me tudo”, mas não, não deu, ele deu-nos muito mais.

A consideração é infinita, Agostinho, atleta extraordinário, podia e devia ter chegado tão mais além, caso lhe tivessem dado o que deram a outros.

Recordo-me da Vuelta que lhe roubaram, das etapas de montanha no Tour, rebocando o Ocaña, o Kelly mais outros, do seu papel de “aguadeiro” sem se queixar, dos artigos soberbos e meio alucinados do João Alves da Costa, quando a bola era “A Bola” e das entrevistas dadas ao hermético Homero Serpa, penso eu.

Atenção, que ele tratava-se bem e era bem sucedido noutras situações, não fosse Português e desenrascado. E fundamental, tinha o respeito do pelotão

Recordo-me de regar as batatas, o tomate e o feijão na horta, vibrando com os feitos do Homem a sair da telefonia, com um Senhor que me ensinou a usar uma enxada, a trancar os cobradoiros para a água não fugir, a caçar e a estripar, Ti Xico Barulho, analfabeto e um dos maiores Sábios que conheci (a bicicleta é o transporte onde a mula puxa sentada, dizia ele) e Leão como nós

Devemos tanto, mas tanto ao Agostinho, que levou muito Sporting ao Portugal profundo e tanto Portugal e Sporting por esse mundo fora, onde suavizava a Saudade dos Nossos que nele trabalhavam e sofriam, sobretudo em França.

Recordo-me mais tarde, antes dum Sporting/Bétis, a volta no tartan do Estádio, ciclistas agarrados, com o Agostinho e Chagas, ESTA SIM, VOLTA OLÍMPICA

Agostinho, Portugal e o Sporting, confundem-se na grandeza, na humildade genuína, na resistência sem fim, no coração enorme, nos ses, no mito e no Fado

E quando em coma, fruto dum Portugal quase medieval, sempre pensei que este Homem de Ferro, acordasse e voltasse……..e voltou, que como dizia o Ti Xico Barulho: os homes grandes nunca haverem de morrer

Se me dessem uma missão e um parceiro, era com este que eu ia.

Um dia hei-de sacar uma foto ao lado do seu Busto, na subida para o inferno em Alpe d´Huez