Com eles mais apertados do que quando o benfica lhe foi sacar as mensagens ao telemóvel, Fernando Gomes, responsável máximo pela Federação Portuguesa de Futebol, escreveu uma carta de boas intenções replicada por todos os diários desportivos.

Numa espécie de manual para conseguir fazer tudo o que fizemos ao contrário, somos brindados por verdadeiros momentos “se o arrependimento matasse” que soam a “se não fosse o Covid, obviamente que eu não estaria a escrever isto”.

«Será que o futebol português, com a dimensão que o País tem, é capaz de garantir aos jogadores cerca de dois mil empregos de qualidade? Não podemos permitir que se vendam ilusões a jovens. Temos o dever de os proteger, criar mecanismos que lhes permitam tomar as melhores decisões e tornar óbvia a diferença entre profissional e amador.»

«Podíamos ter feito mais, teremos de fazer mais para evitar que se repita. E vamos fazer, não permitindo o profissionalismo encapotado e os projetos que se anunciam sustentados, mas que de responsáveis pouco têm»

«Se sabemos que deveríamos ser mais igualitários e solidários na distribuição de receitas, temos principalmente de conseguir diversificar as fontes de financiamento do futebol nacional.»

«Da nossa parte, as opções estão feitas: queremos, como temos preconizado nas nossas provas e seleções nacionais, um jogo com mais qualidade técnica, menos faltas, mais respeito pela arbitragem e mais respeito entre pares.»

«Acredito que poderemos viver de acordo com esse extraordinário objetivo de nos assumirmos como verdadeira fábrica de futebol. Uma fábrica inovadora, imaginativa e sábia. Para lá chegarmos teremos, todavia, de assumir que a Liga NOS e as seleções portuguesas são o local para onde queremos que o mundo do futebol olhe. Constantemente, com interesse e curiosidade. Isso acontecerá ser formos capazes de apostar em plantéis mais curtos e na criação de equipas B e de sub-23, formadas por jovens talentos diariamente postos à prova em competições sólidas e exigentes. Viabilizar o acesso constante dos mais jovens aos patamares máximos»

«O futebol, durante muitos anos, parecia o centro da vida para muitas pessoas, mas, não aligeiremos as palavras, já todos percebemos que não é. As pessoas conseguem viver sem futebol. É verdade que viverão pior, que serão mais pobres, que lhes faltará o prazer estético, a emoção, a alegria, a comunhão, a paixão. Mas viverão.»