Mesmo sobre o fecho do mercado, a Tasca conseguiu mais um reforço de peso para a equipa: Álvaro Dias Antunes regressa à cozinha para preparar o prato semanal sobre o futebol feminino! Bem vindo de volta, Álvaro!
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Está de volta a esta Tasca o petisco semanal sobre Futebol Feminino (com especial relevo para o que se joga a verde e branco e de leão rampante ao peito). Como, neste fim de semana, as nossas “meninas” não foram chamadas a jogo, achei relevante recordar a evolução que o FF conheceu em Portugal desde a época 2016/2017.
Estarão recordados que, para essa temporada, a FPF fez um repto aos Clubes então na 1ª Liga masculina para criarem equipas de Futebol feminino que teriam entrada directa na Liga Allianz (então o Campeonato Nacional da Primeira Divisão de Futebol Feminino). Apenas 4 SADs responderam a esse desafio: as de Sporting Clube de Portugal, Sporting de Braga, Estoril-Praia e Os Belenenses (este último por via da rutura entre Clube e SAD e da recusa em qualquer deles em assumir o projeto, viria a abandoná-lo a meio dessa época de 2016/2017).
A forma pouco agressiva e nada assertiva como a FPF procurou garantir um novo impulso para o FF teria sido um rotundo fracasso não fora o compromisso com que Sporting e Braga aderiram ao desafio.
O Braga construiu uma equipa onde se notou logo um grande investimento, contratando algumas das melhores jogadoras portuguesas (Rute Costa, Vanessa Marques, Jéssica Silva, Andreia Norton) e 9 estrangeiras (5 espanholas e 4 brasileiras). No seu primeiro ano, o Braga não possuía equipas de formação. O Sporting contratou o Professor Nuno Cristóvão para desenhar e gerir um projeto que visava construir uma equipa para se tornar uma das 8 melhores europeias. Mas consolidou esse projecto a partir de jogadoras portuguesas (algumas a actuar no estrangeiro) e na criação de escalões de Formação recrutando meninas a partir dos 9 anos de idade.
O certo é que o Campeonato, muito por via do “investimento mediático” do Sporting veio a gerar níveis de público muito acima do normal, tendo mesmo o Sporting vs Braga para o campeonato, jogado no Estádio José de Alvalade em 25 de fevereiro de 2017, sido motivo de notícia internacional por um jogo de estabelecer, então, um record europeu de assistências de FF entre Clubes, registrando 9.263 espectadores, mesmo havendo transmissão televisiva em canal aberto, na TVI24 e na Sporting TV. Meses mais tarde, a 4 de Junho desse ano, um novo Sporting vs Braga, agora na final da Taça de Portugal, estabeceleria novo record de assistências, com o registro de 12.213 espectadores e novamente com transmissão televisiva em canal aberto, na RTP1.
Nesse ano o Sporting assegurava a TOTAL hegemonia do FF ao conquistar os 6 Títulos que disputou ns 3 escalões competitivos (Seniores, Juniores sub 19 e Juniores sub17); a dose viria a ser repetida, no ano seguinte, com o acréscimo da Supertaça no escalão senior.
Na época 2018/2019, o Benfica solicitou à FPF a inscrição de uma equipa Feminina no 2º Escalão. Logo nesse ano, o Benfica investiu forte num plantel com 13 estrangeiras (11 brasileiras, 1 caboverdiana e 1 espanhola) mesmo competindo apenas na 2ª Divisão. Também nesse ano, um novo recorde nacional de assistências é batido: desta vez um Benfica vs Sporting, em jogo particular de solidariedade para com Moçambique (assolado pelo furacão Icaí) registra mais de 15.000 espectadores no Estádio do Restelo (também transmitido em canal aberto pela TVI). Tudo parecia, encaminhar-se para um novo impulso no FF, com a subida de um terceiro “peso pesado” no seu primeiro escalão. Todavia, a pandemia viria a suspender as competições de 2019/2020 e um novo quadro competitivo viria a surgir para moldar a presente época de 2020-21.
A FPF tenta impôr um plafond máximo aos orçamentos das equipas de FF que solicitassem o licenciamento profissional, algo que foi muito mal acolhido pelas jogadoras e pelos clubes com maiores ambições. Ao Benfica, Braga e Sporting, juntava-se agora o Famalicão cuja SAD decidiu também apostar alto no FF, construindo um plantel de 24 jogadoras com 10 estrangeiras (3 espanholas, 5 brasileiras, 1 sul africana e uma norte americana) e recrutando ainda no Sporting (Mariana Azevedo e Solange Carvalhas) e no Braga (Rute Costa, Babi e Cristiana Ferreira). Mas a aberração maior na proposta da FPF residiu no novo quadro competitivo que impôs: um Campeonato Nacional da 1ª Divisão que passa das prometidas 10 equipas para 20 equipas. Essas 20 equipas disputaram uma 1ª Fase distribuída por 2 séries (Sul e Norte) de 10 equipas cada com jogos disputados a 1 volta. As 4 primeiras de cada série juntam-se para uma Série de apuramento de Campeão a 8 equipas e 2 voltas, começando a pontuação do zero. As 6 últimas de cada série prosseguem o Campeonato em 2 Séries de Manutenção Sul e Norte partindo cada equipa com metade dos pontos adquiridos na 1º Fase (arredondados por cima no caso dessa pontuação ter sido impar); as 2 últimas de cada Série descem 2ª divisão e o 3º e 4º das 2 séries vão disputar um play-off para despromover outras 2. Deste complexo esquema resultam 6 descidas e (a saber 2 subidas) que farão que o próximo campeonato se dispute a 16 equipas. Supondo que então se mantenha o mesmo formato, a época 2021/2022 terá uma 1ª Fase com 2 séries (Sul e Norte) de 8 equipas (espero que agora jogada a 2 voltas) e uma 2ª Fase com outras 2 séries de 8 equipas em que se juntam os 4 primeiros de cada série da 1ª Fase para disputar o campeão e os 4 últimos de cada Série para disputar a Manutenção (espero que para descer 4 equipas e voltar a subir 2). Isto dará o regresso às 14 equipas em 2022/2023 e apenas se alcançará o prometido quadro competitivo de 10 equipas na época 2024/2025, mantendo até lá o espetro de 4 descidas e 2 subidas.
Moral da história, para satisfazer as ambições de uma série de equipas de menores recursos e acomodar o novel Famalicão, temos uma primeira divisão com 20 equipas ainda a disputar jogos e uma 2ª Divisão com 2 séries de 10 equipas (que incluem as equipas B de Sporting e Valadares Gaia, que não podem subir). Essa satisfação de ambições resultou, em minha opinião, num total descalabro competitivo com uma série de projectos desajustados em função da miragem de obtenção de resultados que, a prática continuavam a só estar ao alcance de quem tinha muito maior capacidade de investir ou já tinha projectos e plantéis consolidados.
Entre as 20 equipas que se distribuiram pelas 2 séries da 1ª Fase, apenas o Futebol Benfica (9º da Série Sul), o Fiães e Gil Vicente (respetivamente 8º e 9º da Série Norte) não inscreveram estrangeiras. O Amora (7º da série Sul) apresentou 1 estrangeira. O Estoril- Praia (5ºda série Sul) e a Ovarense (6º da Série Norte) apresentaram 2 estrangeiras. Estas 6 equipas disputam agora as séries de manutenção mas apresentaram-se com plantéis relativamente baratos (curtos e sem recurso ou com pouco recurso a estrangeiras). Com apenas 3 estrangeiras só se apresentaram o Marítimo (3º lugar na Série Sul), o Albergaria e o Condeixa (respetivamente 3º e 4º da Série Norte). Todas estas equipas, com recursos modestos disputam o apuramento de campeão tendo, por isso, já garantida a sua manutenção no escalão principal. Nas outras 5 equipas que disputam o apuramento de campeão estão os 4 mais fortes candidatos, o Benfica com 10 estrangeiras, o Famalicão com 10 estrangeiras, o Braga com 8 estrangeiras e o Sporting com 5 estrangeiras. Resta o Torreense, com poucas ambições ao título mas com 8 estrangeiras (!!).
Mas o que causa maior apreensão são as restantes 6 equipas que disputam as duas séries de manutenção: o CADIMA (10º da série Norte), plantel de 18 jogadoras, com 4 estrangeiras mas todas da Guiné-Bissau; o Damaiense (6º da série Sul), plantel de 23 jogadoras, com 4 estrangeiras (EUA, Espanha, México e Roménia); o Boavista (7º da série Norte), plantel de 26 jogadoras, com 6 estrangeiras (5 EUA, 1 Espanha); o Valadares Gaia (5º da série Norte), plantel de 26 jogadoras, com 9 estrangeiras (5 Brasil, 1 Uruguai, 1 Argentina, 1 Venezuela, 1 EUA); o Atlético Ouriense (8º da série Sul !), um plantel de 35 jogadoras (!), com 10 (!!) estrangeiras (6 Brasil, 1 Quénia, 1 Moçambique, 1 Gana, 1 Paraguai); o A-dos-Francos (10º! Da Série Sul) plantel de 25 jogadoras, com 10 (!!) estrangeiras (6 Brasil, 1 Ucrânia, 1 Moldávia, 1 Gana, 1 França). Todos estes plantéis, (com exceção talvez do plantel do CADIMA) são plantéis completamente desajustados da sua realidade competitiva, particularmente em época de pandemia, onde os jogos se disputam sem público e é muito duvidoso que os das Séries de Manutenção tenham sequer transmissão televisiva.
Alguns dos que descerem (e lembro que serão 6) terão imensa dificuldade em recuperar o investimento feito. Algo que se teria evitado com a adoção de um quadro competitivo mais reduzido (12 equipas para descerem 4 e subirem 2 e em 2021/2022 ficava o quadro principal fixo em 10 equipas). Como entretanto está suspensa a prova na segunda Divisão, sem que se antecipem grandes possibilidades da sua conclusão, antevejo mais uma luta de Secretaria para definir os quadros competitivos da próxima época. Além disso, não teria sido mais avisado negociar com a LPFP a obrigatoriedade das equipas da 1ª Liga possuirem equipas femininas até 2023/2024? Só a entrada do Porto e do Guimarães iriam constituir um impulso assinalável na visibilidade do FF em Portugal e aumentar a sua competitividade e capacidade de se expandir e melhor sustentar.
E não seria assertivo explicar se e como estão a aplicar os generosos recursos e programas que a FIFA coloca à disposição das suas 112 Federações-membro para estas promoverem o desenvolvimento do Futebol Feminino nos respetivos países? E que tal esforçarem-se por preparar o alargamento sustentado de competições de Formação dos sub-13 aos sub-19 a todas 22 Associações membro da FPF, mesmo que a implementação de alguns dos escalões obrigue a co-organização Associativa? Ou aplicar a maioria dos recursos financeiros e técnicos disponibilizados pela FIFA para, após protocolar devidamente com o Ministério da Educação, desenvolver um Programa Nacional de Futebol Feminino no Desporto Escolar?
Temos uma FPF com bastantes recursos financeiros, com acesso a mais recursos e programas específicos da FIFA e da UEFA, com orientações estratégicas para o desenvolvimento do FF muito bem definidas por esses organismos, mas que parece ainda não ter absorvido todos os indicadores do enorme potencial de expansão do Futebol Feminino e apenas ser capaz de replicar neste os péssimos exemplos nacionais do Futebol Masculino.
Termino com outro bom exemplo do “quadro competitivo” em que nos encontramos. 3 dos 4 jogos da 2ª Jornada da Série de Apuramento de campeão disputaram-se a 23 e 24 de Janeiro; o Braga vs Condeixa ficou para 10 de Março . Só 1 dos 4 jogos da 3ª jornada se jogou a 31 de Janeiro; o Torrense vs Albergaria ficou para 14 de Fevereiro, o Benfica vs Braga para 21 de Abril e o Sporting vs Marítimo para 19 de Maio; a Jornada 4 tem os seus 4 jogos agendados para o próximo fim de semana; a jornada 5 tem o Abergaria vs Braga agendado para 7 Março, o Sporting vs Condeixa para 14 de Março e os outros 2 jogos ainda nem têm data marcada; na jornada 6, o Sporting vs Braga está marcado para dia 14 de Março, o que coincide com a data de adiamento do Sporting vs Condeixa da jornada anterior. Alguém é capaz de perceber a realidade competitiva (ou a verdade desportiva) subjacente a este nível de adiamentos de jogos? Em Fevereiro quase não se joga? Jogos que já deviam estar jogados adiados para Março, Abril e Maio? Alguém consegue explicar porque não existiu já uma negociação centralizada com uma operadora para a venda dos direitos televisivos de todos os jogos da Série de Apuramento de Campeão (4 jogos por fim de semana com uma competitividade já interessante) e com a consequente viabilização de introdução do VAR nessa Série? Porque é que apenas alguns desses jogos são transmitidos e apenas no canal da FPF (canal 11 ou nos canais de Clubes)?
Voltaremos a estes e outros assuntos em posts futuros porque, no próximo fim de semana, a bola já mexe de novo com um Clube Albergaria vs Sporting às 15h00m (hora de Continente e Madeira), do dia 6 de Fevereiro (isto, se não houver qualquer adiamento).
* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!
2 Fevereiro, 2021 at 17:55
Perfeito !
Um verdadeiro compêndio de FF este nosso Álvaro !
Que grande reforço !
2 Fevereiro, 2021 at 18:42
Bem vindo de volta a esta fantástica modalidade.
Concordo com quase tudo.
O FF está uma confusão. Parece tudo feito sobre o joelho e fica a duvida se não haverá algum interesse por trás desta suposta anarquia.
2 Fevereiro, 2021 at 18:47
Só uma correção Álvaro. O Famalicão foi buscar a Solange ao Anderlecht para onde ela voltou depois de dispensada pelo Sporting.
2 Fevereiro, 2021 at 20:32
Tem toda a razão. Estava apenas a referenciar o recurso nacional das atletas. Até porque o retorno da Solange ao Anderlecht foi efémero: foi “dispensada” do Sporing no final da época2018/19 e, apenas fez 3 jogos no Anderlecht, tendo sido contratada pelo Famalicão ainda no defeso de de Verão de 2019.
SL
2 Fevereiro, 2021 at 18:53
Nao percebo o ênfase dado à contratação de estrangeiras. Se os regulamentos permitem e se os Clubes têm argumentos financeiros estão é apenas o mercado a funcionar.
Vou ser leitor assíduo, desta e de todas as crónicas que relevam o nosso ADN, a nossa inclusão, a nossa igualdade,a nossa diferenciação positiva.
SL
2 Fevereiro, 2021 at 20:48
Porrinho, o ênfase que dou é EXATAMENTE o facto de haver vários Clubes que, na quimera bem tuga de conseguir resultados no imediato fazem um “all-in” para o qual não têm estrutura competitiva ou arcaboiço de sustentabilidade financeira. A prova está em o A-dos Francos, por exemplo, contratar 10 (!) estrangeiras para ficar no último lugar da sua série com apenas 1 ponto, partindo assim para o seu Grupo de Manutenção já em último com apenas esse ponto e o ante-penúltimo (descem automaticamente os 2 últimos das séries Norte e Sul e os 3ºs e 4ºs vão disputar mais 2 lugares de despromoção em play-off) iniciar 3 pontos à sua frente. Isso quer dizer que não lhes serviu competitivamente de nada ter 10 estrangeiras. Não teria sido mais avisado uma pesquisa assertiva no mercado nacional, incluindo empréstimos na Formação de Sporting, Benfica e Braga para a constituição do seu plantel? Para mais num ano em que não existem competições de Formação, devido à pandemia. Seria benéfico para todos e SOBRETUDO para a Modalidade.
Um abraço e saudações leoninas
2 Fevereiro, 2021 at 20:33
Sei de fonte segura que a venda do Camacho no final do ano para o Wolverhampton vai servir na íntegra para reforçar e equilibrar o futebol feminino.
A ideia é dar músculo e altura.
Grande direção.
2 Fevereiro, 2021 at 21:09
Compreendendo a ironia do comentário, permita-me assinalar que com apenas 1 vigésimo do que esta Direção se comprometeu a pagar ao clube “amigo” carnide-norte para ficar com 70% do passe de Paulinho, poderíamos ter reforçado a nossa equipa com:
– Vitória Almeida, Brasil, 21anos, Ponta de Lança,1.85m, 72Kg, no Famalicão;
– Nágela Oliveira, Brasil, 25 anos, Defesa Central, 1.79m, 71kg, no Braga;
– Vanessa Marques, Luso-francesa, Trinco, 77 intern Port.-9golos, 1.75m, 68Kg, no Ferencvaros da Hungria (na minha opinião entre as dez ou quinze melhores trincos do mundo).
Estas 3 jogadoras permitiam dispensar Carlyn Baldwin, Amanda Pérez, Mónica Mendes e Carolina Mendes, pelo que a compra dos passes até seria muito compensada pela redução da folha de vencimentos.
E ficávamos com o plantel mais equilibrado e de maior qualidade em Portugal, com claras condições para conquistar o título (até porque temos a vantagem de ter uma excelente treinadora) e aceder à liga dos campeões.
Aí só seria necessário um ajustamento no lado direito da defesa (Rayane Machado do Braga, internacional brasileira, para substituir a Wibke Meister) para poder tirar alguma coisa da Champions.
Mas isso até poderemos debater em outros posts.
SL
2 Fevereiro, 2021 at 21:21
Até porque as mais jovens têm muita qualidade.
2 Fevereiro, 2021 at 21:54
Nós somos o Clube com mais portuguesas de qualidade, e temos ainda muito boas jogadoras a sair da Formação. Daí a nossa necessidade de recurso a estrangeiras ser menor que noutros Clube. Infelizmente esse recurso não tem sido muito assertivo.
Deveríamos ser MUITO MAIS selectivos e “cirúrgicos”.
Contratar melhor para os lugares e caraterísticas de maior carência e onde haja menos escolha no mercado nacional.
Um abraço e saudações leoninas
2 Fevereiro, 2021 at 21:05
Bem vindo ao Futebol Feminino caro Álvaro.
Há 2 coisas nos moldes competitivos que eu não concordo:
1º – devia de haver uma limitação às jogadores estrangeiras
2º – Não acho justo que numa 2ª fase as equipas entrem todas com pontos zero, ou seja, não serve de nada a pontuação da 1ª fase.
Vejo com frequencia os jogos do Sporting e gosto. A aposta na formação já está a dar frutos e algumas atletas made in Sporting já jogam na equipa principal.
Vamos ver se conseguimos chegar ao título. Além, de nós só vejo o Benfica que continua a receber reforços.
2 Fevereiro, 2021 at 21:20
Caro Jota Esse, na “2ª Fase” apenas o grupo de Apuramento de Campeão parte do zero, porque junta os 4 primeiros das 2 séries (Norte e Sul) da “1ª Fase”; não seria justo, acumular pontos de 2 realidades competitivas diferentes.
Já nos 2 Grupos de Manutenção da “2ª Fase” continuam, em cada um deles, as mesmas equipas que ficaram do 5º ao 10º lugar nas suas séries da 1ª Fase (as séries eram Sul e Norte e nos Grupos de Manutenção sul e norte ficaram AS MESMAS EQUIPAS das respetivas séries). Aí já se compreende que partam com parte dos pontos da 1ª Fase (metade, ou metade arredondada por cima em caso de a pontuação da primeira Fase ser ímpar; e.g. quem teve 7 pontos na 1ª fase parte com 4 pontos na 2ª e quem teve 8 também).
Um abraço e saudações leoninas
2 Fevereiro, 2021 at 21:14
A 2ª fase devia levar os pontos ganhos na 1ª entre as equipas que passam
Direitos televisivos, é preciso alguém que os compre. E pague. Que audiência terá um jogo de futebol feminino comparativamente a um jogo de uma liga estrangeira?
2 Fevereiro, 2021 at 22:19
Se a série da 2ª Fase (apuramento de Campeão) misturar equipas que na 1ª Fase estavam em séries diferentes, qual seria o critério de justiça em “levar consigo” os pontos da 1ª Fase?
Já nas séries que na 2ª fase dão 2continuidade às séries da 1ª Fase (Manutenção) existe acumulação parcial dos pontos da 1ª Fase; não é total porque, condicionaria em demasia a competitividade da 2ª Fase ao colocar equipas praticamente despromovidas à partida e porque nesta fase já não voltam a jogar comas 4 que foram mais fortes na 1ª Fase (além disso, podem haver re-equilíbrios por ajuste dos plantéis no mercado de inverno).
Quanto aos direitos televisivos é evidente que numa fase inicial seriam fracos; por isso deveriam ser centralizados pela FPF e destinados à promoção dos jogos e da competição, à visibilidade da mesma e das atletas e à promoção das competições de formação e do jogo no Desporto escolar para aumentar exponencialmente o número de praticantes (e logo de potencial público ).
Agora quando a FPF recebe anualmente centenas de milhares de euros da FIFA e da UEFA para desenvolver o FF, quando tem acesso a 500.000 da FIFA para compensar efeito da pandemia, quando tem acesso a 8 diferentes Programas FIFA de apoio ao desenvolvimento nacional do FF, quando registra contas positivas de Milhões de Euros e não se vislumbra que algo de concreto tenha sido aplicado nesse desenvolvimento do FF, então é difícil que este cresça.
De qualquer modo, é um jogo que em Portugal, já registrou assistências de mais de 9.000, 12.000 ou 15.000 espectadores. Alguma receita deve ser capaz de gerar. Mas é preciso que FPF, LPFP e Clubes se empenhem muito mais nesse objectivo. Se, depois de conseguir levar a Alvalade 9.263 espectadores para assistir a um Sporting vs Braga e depois de se realizar um Sporting vs Benfica com mais de 15.000 espectadores, se passa a receber Braga e Benfica em Alcochete, é lógico que não se está a desenvolver o potencial “comercial” do jogo ou a contribuir para a sua futura sustentabilidade.
Um abraço e saudações leoninas
2 Fevereiro, 2021 at 22:28
O critério é o usado no mundial de andebol. As equipas que passam levam os pontos ganhos entre si, e não se defrontam na fase seguinte (neste caso como já tinham feito um jogo, fariam o 2º no outro campo). É justo.
Podem promover tudo o que quiserem, até o campeonato ser um produto apetecível e que “mereça” investimento temos muito que penar. Há RTP, 2 privados, canais de desporto, ninguém pega nisso. Não devem andar todos cegos, a gastar dinheiro com os Portugais ao Vivo, e Voices ou BBs, quando podiam investir no futebol feminino.
2 Fevereiro, 2021 at 22:37
“Podem promover tudo o que quiserem, até o campeonato ser um produto apetecível e que “mereça” investimento temos muito que penar.”
+1
2 Fevereiro, 2021 at 22:43
Larga a bola
2 Fevereiro, 2021 at 22:48
🙂
3 Fevereiro, 2021 at 10:16
A questão é que este campeonato é muito diferente de um Campeonato do mundo de andebol em que há uma data de Grupos pequenos que apuram para outros Grupos pequenos que apuram para eliminatórias, sendo estes 2 últimos todos disputados no mesmo sítio (considerado neutro) e em poucos dias.
É muito diferente de um campeonato de “resistência” disputado em continuidade numa época inteira.
O exemplo que o Nuno dá no Andebol seria muito mais aplicável o que acontecia (não sei se ainda é assim) com o nosso Campeonato Nacional da Divisão de Elite, que era (é?( disputado a duas fases em que acumulavam para a 2ª Fase (Grupos de apuramento de Campeão e de Manutenção) metade dos pontos da 1ª Fase, arredondados por cima no caso de esses pontos darem um número ímpar (é o que acontece com os grupos de manutenção da 2ª Fase do Campeonato Nacional BPI de FF, porque se disputam com as mesmas equipas).
SL
2 Fevereiro, 2021 at 22:49
Muito bom, obrigado pela “aula” no bom sentido claro
Abco e SL
2 Fevereiro, 2021 at 23:38
A melhor notícia da época desportiva da tasca. Excelente regresso.
Sem desprimor para o Adrien S., mas os artigos do Álvaro são outra loiça.
Concordando ou discordando com o cozinheiro, sabemos que podemos debater e trocar ideias e opiniões com respeito e elevação como bons sportinguistas e acima de tudo desportistas na sua plenitude.
Feito o introito, apenas uma ligeira correção a tvi24 não é um canal em sinal aberto. RTP1, RTP2, Sic, tvi, RTP3, RTP Memória e Canal Parlamento são canais com sinal aberto. TVi24, Sporting tv e outros tantos canais já exigem um pacote televisivo e depois ainda há os canais premium como a Eleven, Sport tv, os canais para adultos…..
Concordo com muito do que escreves, mas parece-me que a FPF deixou o FF abandalhar-se apresentado propostas tresloucadas, desde o formato competitivo com um excedente claro de equipas ou teto salarial proposto. Mas o que esperar de uma federação que ameaçou os clubes que queiram desistir do campeonato de sub-23 com a desqualificação da competição em que a equipa sénior esteja a competir?
Não é à toa que já apareceu uma candidatura ao sindicato dos jogadores com nomes do FF….
Neste artigo discordo de ti num ponto, no convite ao porto e ao vitória para jogarem no principal escalão. Compreendo e aceito os teus argumentos que são fortes, mas isso implicaria uma nova reformulação das provas (já chega do amadorismo da federação), além de que o vitória está na segunda liga (parece-me que a secção está mal aproveitada/potenciada) e o porto terá que ter equipa feminina por obrigação da uefa caso se pretenda inscrever nas competições europeias creio que em 22/23 e não os estou a ver a terem equipa como uma mera formalidade.
Bem, continua na senda do passado e terás um leitor e comentador assíduo.
SL
2 Fevereiro, 2021 at 23:43
*Neste artigo discordo de ti num ponto, no convite ao porto e ao vitória para jogarem no principal escalão. Compreendo e aceito os teus argumentos que são fortes, mas isso implicaria uma nova reformulação das provas (já chega do amadorismo da federação), além de que o vitória está na segunda liga (parece-me que a secção está mal aproveitada/potenciada) e o porto terá que ter equipa feminina por obrigação da uefa caso se pretenda inscrever nas competições europeias creio que em 22/23 e não os estou a ver a terem equipa como uma mera formalidade.
Acrescentar ainda que se os clubes quiseram ver a sua formação acreditada como: “Entidade Formadora Certificada com 5 ESTRELAS” pela FPF terão que obrigatoriamente possuir FF.
3 Fevereiro, 2021 at 0:59
Pavel, o Vitória de Guimarães não está na 2ª Divisão. Não chegou a aderir ao FF.
Referi erradamente que existem 20 equip+as na 2ª divisão mas existem apenas 16 (2 das quais equipas B: Sporting a Sul e Valadares-Gaia a Norte) distribuídas em 2 séries de 8. A Norte as equipas são (ou eram porque o campeonato está suspenso): Varzim SC, Vilaverdense FC, AD Grijó, Romariz FC, Valadares-Gaia B, Brito SC, Lusitano FC Vildemoinhos, CD Feirense. A Sul as equipas são: Sporting CP B, Guia FC, Atlético CP, AD Pasteis, Es. Fut. Fem Setúbal. FC Alverca, Seia FC e Lordemão FC.
Quando referi canal aberto expressei-me mal. Deveria ter colocado entre aspas, pois referia-me aso canais incluídos nos pacotes mínimos das Cabo (pelos quais não tens de pagar mais que o pacote mínimo) que acredito tenham hoje muito mais utilizadores que a TDT (onde estão os verdadeiros canais abertos). Eu nem falo de um convite ao Porto para participarem no FF. Falo de fazer como em Inglaterra ou como se faz cá para a Formação. Só são licenciados para a principal competição profissional Masculina quem tiver Formação (já é assim) e Futebol Feminino (mesmo que a equipa senior de Futebol Feminino seja amadora ou semi-profissional). Entendo que é uma obrigação ética e social, tanto quanto desportiva. E não implica uma reformulação das provas, porque começariam na segunda divisão que poderia muito bem vira a ter 3 séries de 12. Nem era preciso muito para essas 2 equipas especificamente (Porto e Guimarães) construirem 2 boas equipas para começar a competir na 2ª divisão. A AF de Braga é a única do país que (há pelo menos 3 anos) conta com competições femininas de Formação desde as sub 13 às sub19 (Lisboa ainda só tem sub17 e sub 19 !?). É também a Associação com mais praticantes em todo o País. Por isso, poderiam facilmente “recrutar” nos muitos Clubes Formadores e “reforçar” com jogadoras já feitas noutras equipas sem ter de investir muito (várias das jovens que estão espalhadas pelos Clubes formadores da AF Braga são adeptas do Porto e do Guimarães, assim como jogadoras que estão a jogar nas equipas seniores do Norte), para garantir objectivos competitivos mais ambiciosos (subida de divisão, luta por títulos, poderiam ir investindo progressiva e criteriosamente em estrangeiras). Aliás com Porto e Guimarães em prova esse “ajustamento” competitivo seria quase “natural” (muito mais do que a competitividade adquirida agora pelo Famalicão, por exemplo). è apenas a minha opinião e acho que o Guimarães esteve fortemente inclinado para isso mas a pandemia deve ter forçado um recuo ou adiamento; já o Porto acho que é mais uma “teimosia”, e muito “ditada” pelas dificuldades financeiras estruturais por que tem passado a sua SAD.
Obrigado pelas suas palavras Pavel, mas, muito sinceramente, não acho mesmo justo para o Adrtien S, o Tigas 68 e o Escondidinho sobrelevar esta Rubrica em relação às deles, muito mais didáticas na pedagogia técnica e tatica que sempre induzem aos seus excelentes artigos. AJUDAM IMENSO A PERCEBER MELHOR AS RESPETIVAS MODALIDADES. SÃO SERVIÇO PÚBLICO LEONINO.
Um abraço e saudações leoninas
3 Fevereiro, 2021 at 1:41
Álvaro, não quero ser injusto para os demais cozinheiros, mas hoje em dia torna-se difícil encontrar artigos de qualidade e com tamanha propriedade ligados ao desporto feminino e ao futebol em particular.
Acredita que meti na cabeça que o vitória estava na II divisão por me lembrar de ver vídeos da equipa (https://www.youtube.com/watch?v=LuXKYmK1B5Q), mas pelo zero zero vejo que está na III e até foram eliminadas da taça pelo rio ave que criou equipa este ano (foram buscar o treinador e jogadoras ao Amorim que agora é Varzim/Amorim).
SL
3 Fevereiro, 2021 at 0:32
Perceber da poda não é para quem quer, é só para alguns.
Felizes de nós que temos na Tasca quem partilhe os seus conhecimentos sobre os diversos quadrantes do Sporting Clube de Portugal… e não só, conforme se extrai desta verdadeira lição sobre FF em Portugal.
Álvaro, em boa hora resolveu voltar a abraçar esta missão.
Obrigado.
Saudações Leoninas
3 Fevereiro, 2021 at 8:20
Pratos de altíssima qualidade é o que se pode esperar.
Belo reforço de inverno.
Espero é que tenha sido mais barato que o Paulinho!
3 Fevereiro, 2021 at 9:47
Muito, muito bom!! Muitos parabéns Álvaro, ótima leitura e está muito bom
3 Fevereiro, 2021 at 9:49
Excelente post com uma análise importante a uma realidade que desconhecia, conhecendo a localidade A-dos-Francos não fazia a mínima ideia que o modesto clube tinha 10 estrangeiras, acredito que sejam amadoras e trabalhem na região, caso não seja esta a realidade não faz sentido.
SL
3 Fevereiro, 2021 at 10:29
Caro Assentador, a realidade não é bem essa. Normalmente compram quase “por atacado” a um mesmo empresário. (Por exemplo o Atlético Ouriense, que contratou 6 brasileiras, obteve-a através do mesmo empresário, André Alves da CSE Players). Depois, tudo depende da “carteira de negócios” desse empresário, da dimensão e qualidade dos eu agenciamento da sua seriedade (há quem procure mais facilitar a emigração do que arranjar colocar boas jogadoras), do que os Clubes estão dispostos a dispender ou das negociatas que empresários e directores de Clubes se disponham a fazer com “partilha de comissões” e “contabilidade criativa”.
SL
3 Fevereiro, 2021 at 11:08
Caro Alvaro,
conhecendo razovelmente a região e o enquadramento do A-dos-Francos é impossivel terem recursos para 10 profissionais de futebol, terá mesmo de haver uma contabilidade muito criativa.
Obrigado pelo esclarecimento e por toda a dedicação.
SL