Foi preciso esperar 66 minutos para ver Sporting e seis minutos bastaram para decidir a partida frente ao Paços de Ferreira. Numa noite fria, o Sporting foi de serviços mínimos, e só acelerou depois de Ugarte e Edwards contagiarem Sarabia

 

Se o Gonçalo Esteves estivesse a comentar o Sporting vs Paços de Ferreira de ontem à noite, aposto que, ali por volta dos 60 minutos, com um frio do caraças e a equipa leonina a deixar o Paços trocar a bola no meio campo, como se de um treino de posicionamento se tratasse, aposto que teria usado a célebre expressão que se tornou sua imagem de marca: penoso.

Este que vos escreve, enquanto admirava a capacidade da sua filha para estar tremendamente animada com o que se passava no relvado, contorcia-se no topo da sul para espantar a dormência que dele se apoderava e que, em casa, por certo teria dado para uma soneca no sofá. Até que, antes de chegar aos 15 minutos do segundo tempo, Amorim chamou Ugarte e Edwards, colocando-os no lugar de Palhinha e de Pote. A dupla esperou meia dúzia de minutos, antes de começar a mudar o jogo, com o primeiro sinal para as bancadas se agitarem a vir de um passe de calcanhar delicioso de Edwards, que isolou Matheus Nunes para um disparo parado a meias pelo poste e pelo redes.

Logo a seguir, foi Edwards a rematar cheio de efeitos, com a bola a beijar a trave, antes de ser afastada. Na continuidade, cruzamento de Nuno Santos para Sarabia aparecer a cabecear à ponta de lança, para bela defesa do redes André, o mesmo que ficou a contemplar a arrancada do craque espanhol, da esquerda para dentro, tirando um, tirando dois, contemporizando e rematando em arco para o golo do ano parado pela barra. Depois, Ugarte, com um passe de classe a pedir a correria louca de Nuno Santos, belo domínio e toma lá para dentro no cara a cara com o redes! 2-0 e jogo terminado.

Depois disso, 20 minutos na esperança de celebrar um golo de Slimani, com o argelino a contraria a vontade da equipa de gerir e relaxar. Antes disso, 60 minutos de futebol paupérrimo, com um Paço incapaz de saber o que fazer à bola nos últimos 30 metros do campo e um Sporting numa espécie de manifestação colectiva contra a hora patética a que se realizou a partida, apenas quebrada no lance que deu o 1-0, quando Paulinho passou o redes e, mostra o VAR, viu o seu pé encaixar no do adversário. Sarabia não desperdiçou, o benfica emitiu um comunicado a queixar-se da arbitragem, proporcionando a Amorim uma tirada para a história: “Dizer que o Sporting é beneficiado pelas arbitragens é o maior elogio que se pode fazer a esta equipa técnica. Significa que conseguimos um milagre!”.

Foi o melhor momento da noite, a seguir ao click clack operado com a entrada do uruguaio e do inglês, que contagiaram o espanhol e nos permitiram ver dez minutos de Sporting.