Andamos de fase em fase, parece a nossa vida. Também o voleibol vai vivendo fases e momentos bem distintos ao longo desta época de 2023-2024.

A primeira fase é marcada por 2 derrotas não esperadas e mais uma que continua atravessada. Apesar de não estar relacionada com o campeonato, a verdade é que a derrota na supertaça foi marcante e será, até ao final da época, um lembrete de responsabilidade. As derrotas com o Porto Volei (0-3) e Vitória SC (1-3) deram, também, para assustar porque não se esperavam as exibições que tivemos. Ainda que exista a atenuante da lesão da Daniela Loureiro ter condicionado as exibições da equipa. Pelo lado oposto, a brilhante vitória sobre o rival SL Benfica fez renascer a esperança de que, afinal, ainda temos voleibol feminino ao jeito de antigamente. 

Gostava que não fosse subestimada esta vitória porque se tornou numa terapia de casal. Os adeptos começavam a desconfiar se o romantismo desapareceu, se a “sua” realidade do voleibol feminino tinha desaparecido e a identificação FEROZ com esta equipa estava a acabar. Poderão achar que estou a exagerar e a ser demasiado fatalista. Penso que não, a linha é estreita e fácil de passar (e não desapareceu).

Os adeptos não sabem, nem têm de saber o contexto nacional existente. Os sportinguistas pedem títulos e criam-se ilusões para os alcançar. Vou ser sincero, neste caso não há ilusões para mim desde há umas semanas. O FC Porto é o campeão e tem um 6 inicial fortíssimo. O seu orçamento é o triplo do nosso! Têm as melhoras pontas (de longe) do campeonato e conseguem uma boa qualidade na rotação da equipa. Demoraram 1 semana para conseguir uma belíssima distribuidora, aqui se vê a diferença para nós. O SL Benfica vem logo atrás, também com um orçamento alto, dobro do nosso (maior que o nosso masculino). O Rui Moreira continua a receber presentes e, agora para janeiro, mais dois reforços. Admito que seja uma distribuidora e uma oposta, isto vendo a performance que ambas as posições têm tido. Os destaques da equipa são a libero, a Angélica e a Ellen Braga. Apesar do Porto Volei e Vitória SC terem uma boa equipa temos de ser capazes de as superar. A adicionar que temos tido arbitragens terríveis. A pior em Fiães, mas esta do Dragão, minha nossa. “Não se pode falar de arbitragens quando se perder porque parece desculpa de mau perdedor”. Ah ok!

Internamente os desafios foram sendo muitos. A Thuany não jogou nesta primeira fase por lesão, a Moara foi tendo momentos e precisa de consistência, a Lauren é uma montanha-russa, a Liza idem, só a Amanda resolveu aparecer nas centrais, a Luana precisa, também, de melhorar bastante. Porventura, até estou a ser duro num parágrafo só, mas o patamar competitivo mudou. A consistência da Bruzza, Daniela, Ozzy, Paquete e Amanda tem de ser extensível a toda a equipa senão isso gera frustração em todos os que gostam do voleibol feminino do Sporting CP. Costumo dizer à minha volta que eu não tenho tempo de “estar triste” porque tudo é tão exigente (casa e trabalho) que não há tempo para isso. Aqui é igual.

Quem também deve estar aflito de tempo é quem gere a seção porque, com poucos meses no comando, a lista de cagadas já parece de supermercado:

– a não presença de nenhum elemento diretivo das modalidades na supertaça;
– não acompanhar a equipa na CEV;
– 3 escalas e 9421 horas para fazer Belgrado – Lisboa;
– deixar atletas burocraticamente presas na Sérvia;
– fazer uma equipa profissional fazer 700 km para jogar no próprio dia;
– jogar no Porto e dormir a 30 km;
– linhas do pavilhão impercetíveis;

No entanto, há uma possibilidade de ainda agarrar o sucesso. Continuo a achar que temos a melhor equipa de sempre no Sporting CP. Transferimos a capacidade defensiva para um maior poder de ataque e isso torna-nos com mais capacidade de fazer pontos. Claro que toda a gente gosta de bolas que não caem no chão, mas também é preciso fazer pontos. Como a manta não estica por falta de prilimpipim, percebe-se a aposta. Apesar de termos a melhor equipa de sempre no Sporting CP temos a infelicidade que os outros também. O nível subiu imenso, como já disse, havendo até uma transferência de dinheiro do campeonato masculino para o feminino. 

Sendo muito objetivo, e se queremos ganhar o campeonato, precisamos de 3 reforços. Uma distribuidora, uma ponta e, impreterivelmente, uma central. 

Uma distribuidora porque a equipa tem duas opostas boas e precisa de qualidade para a dupla substituição. Também a Ozzy precisa de ter tempo e espaço para descansar pontualmente. Sobre a distribuidora, vi por aí uma story que me acelerou o coração. Será? Uma ponta para competir com as duas que têm jogadora mais, a Lauren e a Moara. Na verdade, é o único reforço já garantido. A Thuany ainda não jogou consistentemente e ela é um bom reforço de janeiro para a posição. Sobre a central, eu arrisco-me a dizer que, ou vem uma central boa ou teremos sérias dificuldades no apuramento para o playoff. Basta ver o último jogo com o FC Porto para perceber por onde passava muito do jogo adversário. Os sinais são evidentes.

Os adeptos continuam a assistir ao vergonhoso desmantelamento do desporto feminino no Sporting CP e esta é a única modalidade que dignifica esta gestão. Neste momento, ser segundo é ser o primeiro dos últimos. Todos estamos ansiosos para vencer, cabe a quem manda fazer o que ainda não foi feito. Haja coragem e menos cobardia.

Por último, quero-me desculpa pela minha irregular participação neste brilhante espaço de sportinguismo. A vida muda e o tempo não estica. Não posso prometer grandes mudanças de consistência na escrita, mas posso prometer um almoço Tasca a norte para ver o voleibol feminino em Fiães. Em breve lanço o repto.

Boas festas a todos! Feliz Natal!

Saudações Leoninas,
Sérgio

 

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.