O Sporting marcou três golos em Vila do Conde, mas não foi suficiente para garantir os três pontos. Por erros próprios, por mérito do adversário e por uma actuação exemplar do árbitro e do VAR

O Sporting foi a Vila do Conde para uma saída sempre complicada. Marcou três golos, foi-lhe negada uma oportunidade de ouro para marcar mais um, num penálti claríssimo sobre Trincão que ficou por marcar) e sofreu um golo ilegal (falta na tromba do árbitro sobre Pote, dando origem ao contra ataque que resultaria no 1-0 para os vilacondenses, logo aos dois minutos de jogo). Há ainda novo lance muito duvidoso, na segunda parte, dentro da área do Rio Ave, em mais um puxão a Pote, embora aqui eu até dê de barato não se assinalar.

Ora, posto isto, não me peçam para aceitar que não temos direito a noites menos conseguidas (porque esta foi uma noite menos conseguida, com vários jogadores abaixo do normal), e que temos sempre que marcar cinco golos para garantir vitórias, não vão o rapaz do apito e o que fica na salinha dos ecrãs lembrar-se de nos prejudicar. Foi o que aconteceu em Guimarães (um segundo amarelo, por simulação, transformado em penálti contra nós), e foi o que André Narciso e António Nobre fizeram ontem, de forma clara, de forma impune, deixando claro que estava fora de questão a possibilidade de deixar o Benfica ir ao dragão correndo o risco de ficar três pontos atrás do Sporting, tendo os Leões um jogo a menos.

Claro que também existem culpas próprias neste 3-3 final. Não podemos virar um jogo a dois minutos do intervalo, e no que resta para jogar da primeira parte cometer um penálti desnecessário (por Nuno Santos, um dos que esteve abaixo do normal). Não podemos cometer um segundo penálti desnecessário, desta feita por Adán, um problema gritante que temos na baliza e que ameaça demorar tanto tempo a ser resolvido como demorou a resolver a necessidade de contratar um goleador (neste momento, dá zero confiança a presença do espanhol entre os postes). Não devíamos chegar ao momento mais decisivo da época e continuar a falar do quão desequilibrado é o plantel, ou de como as opções ofensivas que temos no banco são praticamente inexistentes (e agora ainda ficámos com Trincão e com Inácio no estaleiro), com Coates a voltar a acabar um jogo a ponta de lança.

Claro que também existe mérito do Rio Ave na forma como encarou o jogo, nomeadamente na pressão alta que fez, obrigando Amorim a mudar o fato da equipa e apostar num jogo bem mais directo. A equipa de Luís Freire não tem culpa que a dupla Narciso e Nobre não tenha invalidado o primeiro golo (aliás, a jogada devia ter sido interrompida muito antes da bola estar dentro da rede), não tem culpa que a dupla Narciso e Nobre não tenha assinalado o penálti sobre Trincão, não tem culpa que Santos e Adán tenham cometido penáltis estúpidos, não tem culpa que a dupla Narciso e Nobre deixassem que Pantalon fizesse duas mãos cheias de faltas até ver um amarelo (o costume).

Como diria Hjulmand no final, o Sporting não pode marcar três golos e não ganhar o jogo, mas este resultado não pode desviar-nos do nosso objectivo. Eu concordo, mesmo que saibamos que, até final, vai ser normal colocarem coisas estranhas no nosso caminho.