Volvidos três dias sobre o 3-0 ao Bilbao, e a três dias do primeiro jogo oficial da nova época, frente ao FCP, é hora de fazer um balanço sobre a “vibe” que este Sporting 24/25 me transmite.

Taticamente
A equipa joga praticamente de olhos fechados, fruto de poucas mexidas. As dinâmicas estão todas lá, cada vez mais afinadas, mas com várias nuances que tornam complicado aos adversários preverem o que vai acontecer.

No sábado, por exemplo, Morita chegou a funcionar como central na saída de bola, ficando uma linha de quatro, com o japonês mais próximo de De Bast, Quaresma bem junto à linha direita e Inácio bem junto à linha esquerda. Ao mesmo tempo, Pote e Trincão desciam para dar linhas de passe em zonas mais centrais, abrindo totalmente as alas a Geny e a Quenda. Rapidamente, com meia dúzia de passes, o Sporting estava numa espécie de 4-1-1-4, com a capacidade de colocar muita gente no meio campo adversário, depois de ultrapassar a primeira linha de pressão.

Na segunda parte, quando entraram Bragança e Mateus Fernandes, a equipa chegou a arrumar-se num 4-2-3-1, e foi até quando marcou dois golos e matou o adversário.

Taticamente, diria que esta é a época em que Amorim, com o modelo em ponto de rebuçado, pode trabalhar as variantes que tornarão a máquina ainda mais perigosa.

Baliza
É impossível não reparar na facilidade com que Kovacevic joga com os pés, sendo claramente mais um no carrossel criado para ultrapassar a primeira linha adversária, na saída de bola, e na forma como permite à equipa jogar mais subida, estando sempre pronto a servir de líbero. Descansadíssimo a apanhar os cruzamentos por alto, seguro nas bolas rente ao solo. A forma como festejou o primeiro golo, correndo para a sul em modo besta, é um extra, numa posição em que me parece estarmos realmente mais fortes.

Defesa
A saída de Coates (bonita, a passagem de braçadeira a Hjulmand), foi algo que nenhum adepto esperava, ao contrário de mais uma lesão de St. Juste. Para nos acalmar a todos, De Bast confirmou todas as credenciais, mostrando frieza de um Baresi em final de carreira, e uma capacidade para gerir a bola e sair a jogar com ela muito acima da média.

Se eu mandasse alguma coisa, a tripla de centrais seria efectivamente a que jogou no sábado, com Inácio, De Bast e Quaresma, um tridente sem comparação no que toca a sair a jogar como Amorim tanto gosta. Ora, neste momento sobra Diomande e João Muniz, que nem se sabe se vai ficar no plantel, e há sempre a possibilidade de adaptar Matheus Reis e Fresneda, mas, tendo em conta que St Juste é tão fiável quanto um relógio sem pilha, parece-me importante irmos ao mercado para comprar mais um central (e chega de Pontelos, por favor).

Nas alas, à direita até peca por excesso, com Geny, Fresneda, Esgaio e, agora, Quenda, que fez um belíssimo jogo e nos transporta para outros patamares de fantasia, mas à esquerda continuamos com a sensação de faltar algo, nomeadamente quando Nuno Santos está lesionado, como está actualmente. Amorim lançou Geny, sendo curioso perceber o que acontecerá na Supertaça, até porque Matheus Reis entrou muito bem e até fez duas assistências. Penso que, contra o FCP, iremos entrar com Geny à direita e Matheus à esquerda, guardando Quenda como espécie de botija de nitro.

Meio Campo
No coração, não só mantivemos a força, como nos reforçámos, com a chegada de Mateus Fernandes, depois de enorme época de crescimento no Estoril, de onde tinha vindo um Koba que, ou muito me engano, ou vai acabar em modo Sotiris.

Hjulmand, Morita, Bragança, Mateus Fernandes e, espero eu, Essugo, que, fica aqui escrito, se tiver a confiança de substituir o capitão Dinamarca quando for preciso, vai calar muita gente que dele duvida.

Diria que aqui estamos sem dores de cabeça, sendo a maior dor de cabeça precisamente para Amorim, pois se a posição 6 tem dono, a posição 8 tem muito por onde escolher. Para já, Morita parte na frente, e o que fez frente ao Bilbao foi uma exibição sashimi em mesa de chef.

Ataque
Gyokeres está completamente recuperado da operação, Trincão está pronto a elevar ainda mais o nível da época anterior, Pote está com a pontaria afinada. O nosso trio ofensivo está pronto e, não menos relevante, Trincão e Pote mostram uma disponibilidade física que me faz desejar que Martinez continue a mamar e a obedecer como seleccionador nacional.

Entretanto, Paulinho saiu e o puto Rodrigo Ribeiro, de quem gosto muito, é a primeira opção a partir do banco, para jogar no centro do ataque. A novela grega está a arrasta-se mais do que se arrastou a novela sueca, há um ano, e a verdade é que precisamos de mais um avançado que faça a diferença, tanto ao nível da experiência como de capacidade goleadora.

Nas alas, Edwards faz se sombra de Trincão (e ainda há Geny e Quenda para jogarem aí), mas continuamos sem uma alternativa para a extrema esquerda. Quenda poderá desenrascar uma ausência de Pote, Geny também, mas parece que estamos perante uma posição esquecida no que toca a reforços.

Amorim já disse que, mais do que reforços, espera que nenhum dos que cá estão actualmente seja vendido, mas para o comum adepto, numa época com Champions alargada, na procura do bicampeonato, e com as duas taças como objectivo, não ver chegar um ponta de lança, um extremo esquerdo e um central, é coisa para causar ansiedade.

Como diria o mister, “vamos ver…”