Longe da ribalta de outros, dos golos, da segurança a meio campo, dos passes envenenados e do interesse dos tubarões europeus, existem dois homens essenciais na positiva campanha leonina.

Um é nosso desde que se lembra do que é dar um chuto numa bola e o seu nome é Cédric Soares. Chegou ao Sporting em 1998 para iniciar as escolinhas e desde esse ano não conheceu outro clube. Titular indiscutível numa das melhores gerações de juniores da Turma de Alvalade (em termos de títulos), Cédric atinge também ao serviço do Sporting a titularidade na selecção sub-20 vice-campeã do mundo, jogando ao lado de Nuno Reis (outro pelo qual ainda não perdi a fé).
É chamado à equipa principal do Sporting no ano 2009, numa altura em que João Pereira enfrenta uma lesão e Abel precisa de concorrência. Com ele subiriam também Kikas e Renato Neto, para fazer uns minutos. O ano passado todos nos convencemos que seria a sua época de afirmação. Renovou sem grandes dificuldades, sempre demonstrou respeito pelo clube e tecnicamente parecia superior ao Pereira (jogador com o qual nunca fui muito à bola). Não correu bem, como sabemos, e infelizmente Cédric foi um dos primeiros a ser sacrificado. O lado direito da defesa era um buraco, o jovem estava sempre mal posicionado e aventurava-se em demasia em terrenos ofensivos. Muitos se esqueceram que Cédric era dos que mais assistia para golo, que tinha ao seu lado centrais instáveis e que a equipa, no geral, estava mal orientada. Foi dos primeiros a saltar do onze e chegou até a jogar largas jornadas ao serviço da equipa B.
Hoje Cédric é um dos melhores laterais direitos portugueses (só não digo o melhor porque estou a limpar os óculos verdes). É um dos melhores em campo sempre: defende, ajuda o ataque, tempo de corte quase no ponto e tem vindo a desenvolver-se no que toca a acompanhar o extremo adversário. Cada vez melhor e, para mim, sem ele o Sporting torna-se mais instável.
Para além disso é dos nossos, num mundo onde um bom lateral é cada vez mais raro. Espero, muito sinceramente, que a piada Sílvio ou André Almeida no Brasil comece a perder a graça.

O senhor que se segue é um brasuca de 25 anos. A sua carreira tem muitos clubes: São Caetano, Guaratinguetá, Palmeiras, Grémio Barueri, Fluminense, Náutico , Santa Cruz, Estoril Praia e…. bom todos sabemos.
Este é um daqueles achados raros, um presente que este campeonato nos trouxe em boa hora. Jefferson é um autêntico carro de vassoura, um pulmão inesgotável mas que passa muito tempo despercebido. “Claro que passa despercebido” – disse-me um dia um amigo leão “Ninguém ataca pelo lado dele”. E essa é a verdade, Jefferson quando aparece é sempre pelos melhores motivos, são raras as falhas, as casas ou os erros defensivos. Ataca com a alegria com que defende e torna-se um perigo quando tem espaço para cruzar.
O nosso senhor “bolas paradas” marca cantos, livres e lançamentos. Às vezes ponho-me a pensar se acaba o treino e o Jefferson fica sozinho a simular canto atrás de canto, só com o Leo a olhar para ele e a corrigir o cruzamento. Desde que chegou somos um perigo em qualquer bola parada (não só por ele, atenção). Há quantos anos não víamos os centrais marcar este carrada de golos?

laterais

Amigos leões, tinha de prestar homenagem a estes dois senhores. Eles fazem o que os nossos instáveis extremos muitas vezes não conseguem: entram pela área a dentro, fazem jogadas de golo dado e são sempre dos mais inconformados.
Gosto do Piris, mas a ausência de uma destas peças faz-se logo sentir em campo, mais pela maneira como o adversário ataca do que outra coisa. São dois pilares, muito bem trabalhados pelo nosso Mister e cada vez mais num pico de forma.

PS: Sábado é um jogo que temos de ganhar 6-0 no mínimo. Não quero saber se é Taça da Liga se é a Taça do Berlinde. É para ganhar e seria muito injusto que o melhor ataque da Liga, que deu um baile ao Porto em casa, fosse agora eliminado pelo azar/sorte.
Bora Mané!

texto escrito por Maria Ribeiro

 

* duas cozinheiras, dois temperos. O toque de Leoa, dado pela Maria Ribeiro e pela mbc. Às terças, na Tasca do Cherba.