«Havias de ter visto! O homem recebe a bola no pé como se estivesse a receber na mão!»
«Epá, o gajo mete a bola onde quer! Há muito tempo que não via uma coisa assim!»
«Bem, o gajo fez dois chapéus que bateram na barra que foi uma coisa impressionante! Que classe!»

As frases elogiosas poderiam continuar, como se de um jogo se tivesse tratado. Mas, não, não foi um jogo. Foi um treino, aberto, onde Shikabala fez questão de mostrar que aquela compilação de gestos técnicos perfeitos que roda no youtube, não é obra do acaso. Os sócios agradeceram o momento e a vontade de ver o egípcio em campo, oficialmente, saiu reforçada.

O jogo frente ao Estoril assinalará, muito provavelmente, a estreia de Shikabala na equipa principal. Uma estreia ansiada por todos e que tem desafiado a paciência dos adeptos leoninos. Mas porque é que o Shikabala nunca joga?, perguntam dezenas de Sportinguistas. A resposta dá origem a várias terias e a minha é de que este resguardar do faraó tem feito todo o sentido.

Depositamos em Shika, a esperança de ter um daqueles craques que só por si valem o bilhete. Um daqueles craques que acrescentam magia ao jogo. E quando o imaginamos em campo, imaginamos um passe incrível, uma finta de levantar a bancada, um golo daqueles que nos faz correr para casa para ver a repetição. Mas a verdade é que Shikabala chegou sem ritmo (de treino, inclusivamente) e habituado a um futebol completamente diferente. A sua ansiedade em mostrar serviço misturada com a nossa de vê-lo em campo tornou-se um cocktail perigoso. Com el crá Matías Fernandez na memória, com flops como Jeffren e bad boys como Bojinov ainda frescos, duas aparições menos conseguidas por parte de Shika poderiam conduzir a uma desconfiança que, para muitos, seria uma certeza: «ora cá está mais um barrete!».

Como eu acho que de barrete do faraó nada tem, acredito que todo este mistério tem servido para que ele se prepare da melhor forma. E que quando entrar em campo, Alvalade vai presenciar balas certeiras.