Este texto traduz uma visão pessoal da pouca vergonha que vão ser estas eleições para a Liga. NOTA: Como não tenho nenhum dado que suporte esta visão, admito que ela possa ter falhas. Como tal, convido a todos os tasqueiros a contribuírem com a vossa própria visão para ajudarmos o nosso presidente a tomar a melhor decisão (ou neste caso, a menos má)

Antes de mais, é preciso fazer um ponto prévio. Aparentemente, o presidente da Liga não tem poder nenhum. Neste momento, limita-se a organizar jogos e a arranjar patrocínios. O facto de haver tantos candidatos, em face desta premissa, não é contraditório. É preciso é tentar ver o que está atrás do nevoeiro porque este cenário pode mudar.

A pergunta que todos fazem é exactamente aquela que eu fiz a mim próprio: “Porque raio é que esta gente toda se candidata se a arbitragem e a disciplina estão na Federação?” Para responder a isto, é necessário perceber uma coisa. A Liga meteu um processo contra a sporttv por abuso de posição dominante no mercado dos direitos televisivos. Portanto, a meu ver, o que está em jogo é o futuro da sporttv e da sua posição dominante quer no mercado dos direitos televisivos quer nos clubes com os quais celebrou contratos.

Posto isto, temos duas vias: a primeira será protagonizada pelos candidatos afectos ao clube da fruta e cujo objectivo é retirar esses processos permitindo que a sporttv continue a controlar os clubes porque é o seu maior financiador. A segunda é protagonizada pelos candidatos afectos ao carnide e cujo objectivo é deixar correr esses mesmos processos permitindo a discussão de uma futura proposta de centralização dos direitos televisivos. No lado azul da barricada temos o Paulo Teixeira (ex vice do clube da fruta), Júlio Alves e Rui Alves (dois dos maiores pau mandados do bufas). No lado vermelho, temos o Fernando Seara e o Mário Figueiredo (dois paus mandados do carnide). Parece que estão todos a concorrer uns contra os outros mas, na verdade, são apenas duas candidaturas com caras diferentes para “apalpar o terreno” em relação a apoios. Mais cedo ou mais tarde vamos assistir a algumas desistências em favor do candidato da sua cor que reuniu mais apoios. Lá pelo meio há um antigo presidente do Rio Ave, um tal de Paulo Carvalho que não sei quem deve estar a representar mas aposto na dupla Bufas/Oliveirinha.

O que significará votar azul ou vermelho?
Se votarmos azul, estamos a contribuir para que a sporttv continue com a sua posição dominante e controlando os clubes a seu bel-prazer. Continuará a distribuir dinheiro a quem lhe foi fiel e continuaremos numa situação de completa distorção da verdade desportiva como, por exemplo, em coisas muito simples como, por exemplo, a colocação da linha de fora-de-jogo naquele lance do André Martins ou o nível de comentários em cada jogo, consoante o clube que está a jogar. Para além disto tudo, estaremos a ser coniventes com uma situação de monopólio de mercado, situação ilegal num mercado europeu de livre concorrência. Em termos negociais, teremos de aceitar receber aquilo que a sporttv nos quiser dar numa futura negociação porque não existe mais nenhum operador e porque, apesar da SportingTV estar perto de ser concretizada, transmitir os nossos próprios jogos é financeiramente incomportável.

Se votarmos vermelho, contribuimos para o aproximar do fim desse monopólio da sporttv, abrimos a possibilidade da centralização dos direitos televisivos  e o mercado fica aberto à entrada de novos operadores. Isto até pode ser porreiro mas há sempre um “mas”. Ao apoiarmos o candidato lampião e, partindo do princípio que os processos continuam a correr e a centralização dos direitos vai para a frente, estamos a dar carta branca ao futuro presidente da Liga para distribuir as verbas consoante a vontade do Carnide. Ou seja, o Carnide passa a ter o bolo todo na mão e instrui a sua marioneta a distribuir conforme os seus interesses. E como a gente conhece bem aquela raça, há-de ser qualquer coisa como: “Metade para mim, o resto divide-se entre os outros!” Claro que essa distribuição de verbas terão de ter regras mas também todos sabemos como esta gente é perita em contornar as regras e como estes actores que se apresentaram são manipuláveis.

Durante este show de variedades que vão ser as campanhas eleitorais, vamos ouvir as adainhas do costume do “vou pacificar o futebol português” ou do “vou criar consensos”. E aí começam mal porque já nos estão a mentir. Preferia um gajo coerente que dissesse que quer fomentar a guerra e que temos que escolher um lado da barricada. O problema é que esta guerra já não se faz desta forma. Longe vão os tempos em que se mandava os soldados para o campo de batalha. Agora existem drones que actuam em modo stealth e atingem os seus alvos à distância de um controlo remoto. E neste momento, temos dois comandos, um na mão do Orelhas e outro na mão do Bufas/Oliveirinha. No campo de batalha estamos nós, os restantes clubes, os parvos, sujeitos a levar com um míssil no focinho. E tanto podemos ser bombardeados pelo inimigo como poderemos ser vítimas de fogo amigo (que de amigo não tem nada). Poderíamos sempre ter o nosso próprio drone e juntarmo-nos à festa. Só que seria um drone, sem sistema AWACS e sem a tecnologia stealth…no fundo, seria pouco mais do que um avião. E por melhor que seja o piloto, duvido que queira ser o kamikaze do Sporting.

Resumindo e concluindo, a coisa não está nada famosa para os nossos lados. Perdemos o nosso “timing” (calculo que seja por falta de apoios e porque ainda estamos focados no nosso ressurgimento) e prevejo que tenhamos de escolher um lado, mesmo sabendo que são ambos liderados por terroristas. Espero que isto seja um alerta para o presidente. Há que começar a reunir apoios para as nossas propostas, há que começar as operações de charme, emprestar alguns jogadores e reatar relações. No futuro, teremos de entrar nesta guerra porque levar constantemente com chumbada nos cornos começa a ser cansativo e contraditório para quem se quer assumir como líder de uma revolução do futebol português. Espero que o nosso momento de entrada seja nas eleições para a Federação, outro campo minado desta merda de futebol português.

Há cerca de um mês atrás, num programa de comentário desportivo britânico, perguntaram ao Gary Neville qual dos dois clubes (Manchester City ou Liverpool) é que ele queria que ganhasse a Premier League. O ex-lateral direito do ManUtd e da selecção inglesa respondeu assim: “Porra! Isso é como ter que escolher, entre dois gajos, qual deles é que vai comer a minha mulher!”

 * todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!