Dizia eu ao meu irmão, a propósito do post de sábado sobre o futebol com que crescemos e que parecem querer destruir, que é fantástico ir a qualquer estádio ver esta equipa e deixar para segundo plano as desconfianças sobre a máquina que se move nos bastidores. Porque a verdade, é que esta equipa do Sporting joga muito à bola. Joga tanto à bola que, e quem disser o contrário é uma repimpada besta, é a que melhor futebol pratica em Portugal (provavelmente seguida do Guimarães, próximo adversário). E se este Leão, cada vez mais crescido e senhor de si, já consegue encontrar forma de contornar equipas fechadas lá atrás, maior é o brilho quando (palmas!) o adversário chega a Alvalade disposto a disputar o jogo.

Foi, precisamente, o que fez o Marítimo de Leonel Pontes (podiam-me ter avisado que o Ruca tinha uma versão de carne e osso), tentanto pressionar alto e, imagine-se, dando-se ao desplante de baixar Danilo, abrir os centrais e subir os laterais, para sair a jogar a partir da sua baliza. Acontece que se há coisa que este Sporting gosta é de pressionar alto e emperrar a máquina adversária logo à saída da área, e na primeira meia hora, mesmo num ritmo mais baixo do que o que se viu nos jogos anteriores, os insulares limitaram-se a tentar fazer algo. Surgiu um golo, na própria baliza, depois outro, fruto de uma brilhante assistência de Nani a que João Mário correspondeu com falta de intensidade (toma!). Aliás, foi pelos pés destes dois Leões que passou grande parte do nosso futebol, embora Nani tenha voltado a roubar o jogo e tenha voltado a mostar que é um luxo ter um jogador destes, seja na forma como dispara para a baliza, seja na forma como assiste. Que o diga Montero, que depois de se atrapahar com a bola tenta um chapéu de abas largas, antecedendo o primeiro assomo madeirense, com Maurício a fazer um carrinho providencial. Até ao intervalo, tempo para Fredy voltar a maldizer a sorte, depois da bola por si cabeceada embater num defesa, em cima da linha, para Paulo Oliveira (fui só que vi um defesa que limpou tudo o que aconteceu na sua zona de acção?) se estrear a marcar e para Carrillo fazer das suas junto à bandeirola de canto e cruzar para mais uma situação de golo.

Primeira parte cheia, sorriso no rosto, regresso ao lugar. Cinco minutos e golo do Marítimo, com meia defesa a dormir, incluindo o redes. Mais três minutos e Rei Patrício colecciona mais uma mancha providencial, evitando golo certo. «Mas que merda é esta?!?», comento eu. Pimba, dois minutos, bomba de Maazou (já tinha escrito ontem e volto a escrevê-lo: é estranho este gajo continuar longe de um grande). Ok, pronto, já chega. O meu irmão lê-me os pensamentos e pede-me para trocarmos de cadeira, assumindo os lugares que tínhamos ocupado durante a primeira parte e obrigando-me, entre sorrisos, a regressar ao tempo em que tinha que ouvir os relatos santado numa certa posição, para dar sorte. A verdade é que se havia bruxas a pairar sobre Alvalade (e se metessem os assobios na peida?!?), cairam da vassoura com esta troca de lugares. Ainda resistiram à investida de Adrien e ao golo feito de Carrillo que Salim defendeu, mas à segunda foi de vez: assistência primorosa de Adrien, momento sublime de Montero, o caçador de bruxas e de assobios que há tanto tempo procurava um momento como este.

Diga-se por esta altura, que a forma como o Sporting reagiu aos dois golos do Marítimo foi excelente e demonstrou uma capacidade de voltar ao jogo só ao alcance de equipas compactas e bem trabalhadas. E é isso que se vê, em Alvalade: trabalho, muito trabalho durante a semana, e qualidade técnica e táctica, com envolvimentos constantes e, até, tempo para quase jogar à rabia com três adversários a cheirarem a bola, trocada ao primeiro toque. A turma de Alvalade voltava a pegar no jogo e a justificar a vantagem folgada no marcador, com Nani a estar muito próximo do quinto, de livre. Maazou ainda voltaria a acelerar pela esquerda da nossa defesa, mas Patrício faria belíssima defesa junto ao relavado, antes de Capel ver um golo anulado por fora de jogo. E ainda bem que foi anulado, porque já que falamos de superstições e afins, até nesse campo este Sporting me faz recuar a bons velhos tempo. Chamem-me palerma, mas a verdade é que saí de Alvalade a pensar na última vez que demos 4-2 ao Marítmo, em Alvalade, num jogo onde muito festejei um golo do Duscher. Estávamos em 99-2000. O resto, foi uma festa inesquecível!

p.s. – a propósito de festa, o aniversário da Tasca não foi esquecido, mas creio merecer um post em nome próprio.