Parece impossível. Parece quase uma miragem o debate de há nove meses que evidenciava os problemas no centro da defesa verde e branca. Na altura, as roscas de Maurício e Naby Sarr pareciam ser o maior problema de um Sporting que insistia em mandar-se para  a frente e sair a jogar com classe, esquecendo-se da falta de confiança a jogar com os pés dos dois homens mais recuados. Auto-golos, penalties, falhas de marcação e alguma lentidão marcava a dupla de centrais com que começámos o campeonato. A contestação foi imensa.

Muitos perguntavam o porquê da fraca utilização de Paulo Oliveira. Outros qual a qualidade que alguém poderia ver no Sarr. Todos, ou quase todos, sabiam que Maurício emprestava imensa raça mas dificilmente teria a qualidade necessária para ser titular. Foi a altura de Paulo se chegar à frente. Atrás dele chegou Tobias, um rapaz que evoluía a cada jogo que passava e provava o grande futuro que todos lhes adivinhamos. Ainda assim, o mercado de Janeiro obrigava a um ataque ao mercado para aquela posição. A qualidade tinha subido em flecha e era impossível voltar aos erros da primeira volta.

Chegou Ewerton. Poucos foram os que se entusiasmaram com esta contratação. Chegava emprestado de um Anzhi (nunca é bom sinal), lesionado e sem minutos de jogo. Ainda assim, o seu maior problema foi mesmo da ordem financeira. O clube russo prometeu-lhe um ordenado que não cumpriu e as lesões não ajudaram, ainda mais quando o projecto deu a volta e deixou de ter os milhões disponíveis.

Ewerton já tinha dado boas indicações no SC Braga (espero que marque na final e comemore que nem um louco). É esquerdino, relativamente rápido e apresentava um excelente posicionamento. Depois de ultrapassar as primeiras semanas de adaptação, Ewerton emprestou ao futebol leonino a segurança e experiência que tantos pediam mas que achavam que poderiam encontrar apenas num Bruno Alves. Complementa bem Paulo Oliveira, que é mais rápido e dá-se mais ao jogo colectivo, fazendo as dobras com qualidade e ajudando qualquer colega em apuros. Bom no jogo aéreo, mas algo agressivo por vezes, Ewerton chegou, viu e venceu sem que tivesse propriamente a imprensa e os adeptos muito convencidos do seu valor.

Admito que gosto da sua entrega, do seu ar mandão e do seu perfeccionismo, que o faz bater o punho no chão sempre que cede um canto ou um simples lançamento. Posso dizer, sem grandes hesitações, que a maior vitórias deste final do campeonato é saber que podemos dormir descansados com a nossa defesa. Para o ano vamos começar a época com três excelentes centrais, comprometidos e queridos pela bancada. No fundo, tudo aquilo que um treinador e um adepto podem pedir.

ewerton

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa