E pela segunda semana consecutiva, um golo de canto. Depois de Slimani ter marcado ao Nacional, ainda o jogo se espreguiçava, Ewerton aproveitou a oportunidade que lhe foi concedia frente ao Boavista e completou uma belíssima exibição com uma subida ao segundo andar para desbloquear um jogo que chegou a ser sonolento. E essa foi, efectivamente, uma das notas de destaque da noite, até porque em três outras situações o trabalho de laboratório esteve quase a transformar-se em golo: primeiro, ainda antes dos dez minutos, toma lá dá cá entre três pés e cruzamento para a cabeça de Slimani; Ewerton recebe no esquerdo e manda uma rosca com o direito; e, já a terminar o jogo, Aquilani mete rasteiro para um remate pronto de Slimani que Mika defenderia para uma recarga e um falhanço incrível de Mané.

E porque falamos em falhanços, fica na memória de todos o falhanço inacreditável e desplicente de Teo, a chegar aos 20 minutos de jogo, numa das mais belas jogadas de todo o encontro. O colombiano bem corre, mas para já, Dios parece estar a mostrar-lhe que a Glória não se conquista à beira mar. À beira não do mar, mas da área, andava sempre o Sporting, com o Boavista a não fazer um remate durante toda a primeira parte (deve ser por isso que o palerma do seu treinador diz que estiveram melhor e dominaram os momentos do jogo). Ruiz mostrava ser capaz de dominar de primeira uma bola que cai a pique como um cometa (momento Maradona da partida), Gelson levava uma cotovelada na cara (desta vez o árbitro marcava falta contra o Boavista, mas agir disciplinarmente está quieto) e depois seria Slimani a ser varrido (é patético chegar ao fim do jogo e perceber que foram assinaladas praticamente o mesmo número de faltas para cada lado). Ruiz ajeita a bola e vê o seu arco embater na cabeça de um adversário. A bola, essa, vai lentamente anichar-se no fundo da rede. Estava feito o 2-0 e sentia-se o jogo resolvido antes do intervalo.

Talvez por isso o ritmo se mostrasse ainda menos apressado no segundo tempo, pese a rotatividade de Adrien e as constantes investidas dos laterais, Schelotto e Marvin, que nos fizeram perder a conta ao número de vezes que ensaiaram correr toda a linha lateral. Mané também entraria bem no jogo, esticando o futebol sempre que a bola lhe chegava ali no meio, na posição onde cresceu e mereceu vestir a verde e branca. Mas porque dentro de três dias há novo jogo, o pé já não carregava no acelerador e os trauliteiros de xadrez lá tiveram oportunidade de chegar à baliza. Hora do Rui aquecer e, depois de ter visto uma bola embater no poste, sacar os outros dois remates que foram em direcção à baliza e inscrever o seu nome na ficha de um jogo no qual o Sporting demorou a entrar, mas do qual sai com o que mais importava conquistar: uma vitória, o primeiro lugar e uma distância de onze degraus para a conquista do título.