A tarde tinha começado bem, com a vitória no dérbi de futsal e consequente recuperação do primeiro lugar. Pedia-se igual receita no futebol, vencendo o Arouca para deixar o benfica obrigado a ganhar no Bessa e o primeiro passo era dado ao quase esgotar a lotação de Alvalade.

E o que esses mais de 46 mil espectadores viram foi um começo de jogo que não deixava antever goleada. O Arouca pressionava alto e tentava manietar a construção leonina e para aumentar esse desconforto, Bryan Ruiz dava sinais de querer repetir o desperdício das últimas semanas. Mas costuma dizer-se que não há fome que não dê em fartura e o que se seguiu foi um Leão capaz de ser implacável assim que teve oportunidade de abocanhar a sua presa. Coates subiu para desviar um canto, Two fez-se à bola e festejou um desvio que ninguém consegue garantir ter existido.

O Arouca ainda esboçou reação, mas Rui Patrício deixou claro que era ele quem mandava. E na resposta Teo foi por ali fora e encontrou forma de colocar a bola nos pés de João Mário; o médio não hesitou e fez aquilo que tantas vezes tardamos em fazer: rematou. Uma pedrada seca e rasteira que valia o 2-0 e deixava o adversário à beira de um ko que só não surgiu mais cedo porque o árbitro não quis avermelhar uma entrada duríssima, sobre Adrien, e porque João Mário desperdiçou duas belas situações de golo. Mas o estar no sítio certo e o não hesitar em rematar seriam compensator: Adrien foi por ali fora, deixou no 17 e este sacou um arco perfeito que só parou no fundo das redes.

Bruno César, adaptado a lateral, canalizava bem o jogo pela esquerda e entendia-se com Ruiz. Teo aproveitava para descair para esse lado e parecer revitalizado pelo “Gutierrez” escrito na camisola. Tanto ou tāo pouco, que antes do apito para o descanso voltou a marcar, desta vez emendando uma cabeçada de William. 4-0 e Lito Vidigal a dar “gloria a Dios” pela chegada do intervalo.

O Sporting não abrandou à entrada para o segundo tempo. Foi lá uma, duas, três vezes, Patrício voltou a entrar no jogo e João Mário voltou a assumir-se dono dele. Do jogo, pois está claro, que voltou a dar motivos para sorrisos verdes e brancos quando o médio foi por ali fora, deu a Slimani e este viu Ruiz quebrar a malapata com um remate de pura classes. Só então o Leão largou a presa, dando-lhe oportunidade de chegar-se à frente. A muralha Patrício só em fora de jogo seria transposta (o que se diria se fosse ao contrário) e Gelson e William, na sequência de duas jogadas colectivas de elevada nota artística, teriam nos pés a possibilidade de oferecer novo 7-1 a Alvalade. Mas o mais importante estava feito, na noite em que o Sporting acertou o passo com os golos e voltou a colocar pressão naqueles que, qual camisola com nomes trocados, vão vivendo à conta da contrafacção futebolística.