Para mim é indiscutível que o melhor desta pré-época e, sem dúvida, o melhor do estágio na Suíça foram…os adeptos. A dimensão de um clube ficou expressa na 2ª parte do jogo frente ao PSV, que apesar da equipa estar a perder 5-0, nunca cessou de apoiar os jogadores e mais do que isso, gritar bem alto a sua devoção ao emblema. Mais do que penar pela ineficácia da equipa, orgulhei-me de quem nós somos, da nossa incontestável e inabalável paixão e fé no futuro. Foi uma inspiração que deve ser relevada e transportada para toda a temporada, que vos asseguro, será muito mais dura que a anterior. Os nossos rivais estão a reforçar-se e não darão tréguas a este Sporting, agora sim, ameaça à bipolarização que os tranquiliza.

Mas infelizmente não são os adeptos quem conquista títulos, ajudamos e muitas vezes até empurramos, mas não nos cabe a nós defender penaltis, nem marcar golos. Esse papel cabe a quem entra nas 4 linhas e enverga a camisola de jogo. Nesse campo, os 5-0 do PSV, como os 4-1 do Mónaco ou os 4-2 do Zenit apontam mais dificuldades que facilidades quanto objectivo expresso de ser o melhor nas competições internas e um dos melhores na Europa. Essa é a percepção geral, claramente fundada nos acumulados de 13-3 destes 3 encontros. Poucos se destacaram pela positiva, muitos mais exibiram falhas que lhes compromete o estatuto de candidatos à permanência no plantel ou na titularidade.

A questão central é: estes jogadores só valem isto?

Podia fazer um ensaio com todas as conjecturas que explicariam em muitas alíneas as razões que levam bons jogadores a fazer más prestações, mas verdadeiramente todos sabemos que nenhum dos clubes de topo do futebol português tem um plantel em que as segundas linhas sejam capazes de ombrear com as primeiras opções de clubes como o Mónaco e o Zenit. Isso seria fantástico, mas infelizmente, não é o caso. Confundimos muitas vezes acasos com tendências, coincidências com igualdade. Os nossos 3 grandes não são, nem financeiramente, nem desportivamente, emblemas da “primeira divisão europeia” e como tal, a pré-temporada do Sporting podia ter sido pontuada de melhores resultados, mas haveria sempre mais razões para duvidar das reais hipóteses de uma equipa com Palhinha, Petrovic ou Zug a fazer as vezes de Adrien, William ou Patrício.

E se quisermos mesmo usar de toda a dose de realismo que formos capazes, a verdade é que também será aceitável compreender que mesmo o onze titular da época passada, na sua melhor forma, teria de estar a um nível muito concentrado para levar de vencida os mesmos adversários. Ser capaz de disputar o título até à ultima jornada é uma coisa, levar de vencida bons emblemas europeus é outra. Fazê-lo com uma mistura ainda caótica de titulares com candidatos a titulares, é ainda outra e bastante mais diferente que as demais. Esta consideração foi tida em conta por JJ e restante departamento no desenho do estágio? Sim, não tenho a mínima dúvida e penso aliás que todas as dificuldades encontradas foram desejadas, o que é bem diferente de dizer que nestes responsáveis cabia a dimensão das derrotas…mas fico com a minha…JJ quis expor todos os jogadores a um nível de dificuldade muito elevado, evitando o endeusamento de alguns jovens e uma posterior desilusão, especialmente quando chamados a tomar o lugar em competições como a Champions.

De grosso modo, este foi um estágio “ou vai, ou racha”, quer em termos físicos, quer mentais…e a maior parte dos jogadores disponíveis exibiu talvez o nível mínimo da sua contribuição. A partir daqui, com um escalonamento de 11´s mais realista e especialmente com cargas de treino mais standartizadas, a equipa poderá estabilizar e começar a solidificar o chamado “fio de jogo” (organização e movimentação táctica). Para trás irão ficar os jogadores em que JJ não viu capacidade, ou maturidade para ser mais valia para a equipa. Para a frente será projectada a saída dos que deixarão vaga para novos reforços. Tudo dentro da normalidade, sem motivo algum para precipitações. Não é segredo para ninguém que todos os clubes têm os plantéis que podem ter e o Sporting não fugirá a esse paradigma… e sempre que penso nisso lembro-me do crescimento de J.Mário ou Ruben Semedo. O Sporting não deve entrar em histeria e “queimar” a esperança nos seus activos, mas sim trabalhar para que se consigam afirmar, seja em casa, seja por empréstimo. Em 6 meses, podem, podem mesmo, estar de volta.

Os ficarem no plantel, sejam eles quem forem, não devem ficar agarrados a nenhum estigma. O que lá vai, lá vai. Já frente ao Lyon não há sequer um motivo para não acreditar na vitória, nem recear a derrota. Somos leões e os primeiros, tal como os adeptos na Suíça, a mostrar aos jogadores que os ânimos não baixam e ninguém nas bancadas (cheias…vamos lá malta) hipoteca temporadas em jogos amigáveis. Copiem-nos.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca