Passadas duas mãos cheias de horas sobre o apito final no Dom Afonso Henriques,  continua a ser tarefa hercúlea recordar o que se passou e tentar encaixar as peças num puzzle lógico. Mais complicado ainda, é a tarefa de tentar entender os motivos que permitiram que uma vantagem de três golos, a 20 minutos do final, fosse esbanjada, transformando uma vitória clara e autoritária num empate a saber a derrota e capaz de deixar à beira de um ataque de nervos os leões mais tranquilos.

O Sporting demorou cerca de 15 minutos a entrar no jogo. Mas a partir do momento em que entrou, o Vitória acabou. Antes disso, o melhor que os vimaranenses tinham feito era meter uma bola em profundidade para o Marega poder isolar-se e acabar a dominar a bola como só o Marega sabe dominar. Do lado contrário, Gelson teve vontade de mostrar como se trata bem a bola e desatou a construir lances pelo lado direito, um deles concluído com um remate de Adrien que fez muito boa gente gritar o golo que não tardaria: o 77 teve uma recepção fantástica em rotação, arrancou, tirou do caminho quem tinha que tirar e rematou para defesa incompleta de Douglas; Markovic reagiu mais rapidamente que todos os outros e mandou a bola lá para dentro.

Cerca de dez minutos depois, talvez ainda enervado, o redes da casa quis mostrar que também ele é rápido e arrancou disposto a interceptar um cruzamento. O problema é que quando chegou à bola já Coates tinha subido mais alto que toda a gente e feito o segundo golo, mandando o Leão para o intervalo com o jogo no bolso.

Por via das dúvidas, a turma de Alvalade veio para a segunda parte com vontade de não deixar pontas soltas e ainda nem estava decorrido um minuto e já Elias (substituiu o lesionado Adrien) falhava um golo feito. Um minuto volvido e seria Markovic a falhar isolado na cara do redes, provocando um “bruá” quase tão grande como quando Marega decidiu atirar-se para cima de Ruben Semedo e simular um penalti ou como quando Bryan Ruiz, no coração da área, voltou a mostrar que o bruxedo que lhe fizeram para falhar golos é realmente forte. O prémio para o total domínio leonino acabaria por nascer de um “frango” de Douglas, incapaz de suster um remate de Elias. Aos 69 minutos o Sporting parecia ter encerrado a questão e ultrapassava com limpeza máxima um obstáculo dos mais complicados.

Depois veio a queda de Hernâni na área, num daqueles lances em que o avançado cava a falta ao forçar o contacto com o adversário. Artur Soares dias aproveitou e apontou para a marca de grande penalidade. Bola ao meio, tudo a dormir e o Guimarães faz o 2-3. Inacreditável… Tão inacreditável quanto a incapacidade do Sporting para gerir toda a situação, para ter bola, para congelar o jogo, caminhando para o golpe de teatro com a assinatura do árbitro que na época passada, no Bessa, inventou uma falta de Slimani para anular um golo limpo. Ontem, em Guimarães, o Artur não quis ver um empurrão claro a Schelotto antes da cabeçada que dá o empate aos 90 minutos de jogo.