Depois de muitos anos de completa tempestade na nossa equipa B, que desde que foi criada parece ser um plano em constante mutação e que apenas nos tem feito o favor de abastecer um pouco a equipa principal, a estabilidade parece finalmente ser uma realidade.

Em 2012, quando o plano de integração das equipas B na segunda liga foi aprovado, o plantel apresentado pelo Sporting era um dos mais promissores de que há memória em Portugal e a ideia era que essa fosse a verdadeira ponte para a equipa A. Hoje todos agradecemos às estrelas alinhadas a existência daquela equipa, porque sem a mesma não sabemos como teria terminado essa temporada desportiva.

Eram poucos, muito poucos, os jogadores contratados para fazer número ou compor o plantel, eram muitos os jovens que estavam emprestados ou acabados de sair dos juniores, num grupo coeso e cheio de soluções que foi desmantelado à velocidade da luz.
Muitos sairam, muitos chegaram à equipa principal, muitos tiveram de rodar para ganhar experiência, mas a verdade é que desde essa altura que o plano para a equipa B se vai alterando de acordo com as marés e tempestade, sem percebermos muito bem qual é a visão a curto prazo para aquela secção.

O ano passado, mais uma vez vítima da sua própria indefinição, a equipa secundária do Sporting foi carregada de reforços que preencheram as vagas deixadas pelos muitos jogadores que sairam e o clube assumiu claramente que não tinha qualquer intenção em desequilibrar os escalões de formação. O resultado foi uma sucessão dolorosa de jogos sem somar sequer pontos, uma posição perigosa e um treinador despedido, sem que nenhum jogador tenha saído particularmente valorizado da campanha. Consequência não só das opções tomadas naquela temporada (que me pareceram minimamente sensatas face à escassez de atletas) mas de muitos anos de desorganização.

No próximo mês de Agosto, e depois do campeonato de juniores e bicampeonato de juvenis conquistados, a equipa B do Sporting Clube de Portugal passará a ser composta quase exclusivamente por elementos saídos da formação, equilibrada em algumas posições por jovens com potencial (casos de Edu Pinheiro, Pedro Delgado ou Kiki).

As incorporações vindas dos escalões jovens, de jogadores que precisam claramente de dar o salto competitivo, devem ser acompanhadas de um pensamento claramente de extensão de formação. E para isso temos de ir muito mais além de apenas garantir os três pontos jornada após jornada. Temos de ter um modelo semelhante ao da equipa principal, temos de pensar na equipa secundária como opções de recurso real aos problemas que todas as equipas principais vão enfrentado ao longo da temporada, temos de dar minutos de jogo aos mais novos e perceber até que ponto a equipa B continua a fazer sentido para os mais velhos.
Vamos possivelmente penar e perder jogos de forma absurda, mas a maior vitória numa equipa B não é o título da Segunda Liga mas sim os milhões de euros que poderemos poupar se um jogador conseguir ser integrado de imediato no modelo de Jorge Jesus. E os milhões que podemos ganhar se a integração for bem sucedida.

Perceber que temos em mãos a equipa B que mais jogadores forneceu à sua equipa principal no futebol português, mesmo com toda a confusão em que tem estado instalada, é não só motivo para cuidarmos melhor daquela secção como se revela frustrante. Poderíamos ter feito mais e melhor, poderíamos ter tratado os nossos talentos de outra forma e poderíamos ter mais jogadores a renderem desportiva e financeiramente.

Assim sendo, este deverá ser o plantel com que vamos à luta na próxima temporada:

Guarda-redes:
Pedro Silva, Diogo Sousa, Luís Maximiano

Defesas:
Abdu Conte, David Sulehe, Thierry Correia, Gonçalo Vieira, Kiki, Guilherme Ramos, Riquicho, Demiral, Diogo Nunes.
(Ivanildo deverá ser emprestado na Primeira Liga)

Médios:
Miguel Luís, Bruno Paz, Budag, Pedro Ferreira, Daniel Bragança, Edu Pinheiro
(Bubacar e Pedro Delgado deveriam rodar na Primeira Liga)

Avançados:
Jefferson Encada, Ronaldo Tavares, Jovane Cabral, Pedro Marques, Rafael Leão, Ary Papel, Liam Jordan, Ricardo Almeida
(Ponde deverá ser libertado em definitivo. Leonardo Ruiz, para já, trabalha na equipa principal)

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)