Pedia-se festa e houve festa. Pedia-se seriedade face a um adversário menor e houve essa seriedade durante maior parte do tempo. E, depois, houve Podence, muito Podence, rapazinho que não sabe jogar sem ser a sério e que aproveitou a Taça melhor que todos os outros

oleiros

 

Durante um dia, a vila de Oleiros esqueceu as chamas e trocou o bater acelerado de um coração preocupado pelas pulsações que só um jogo de futebol consegue provocar. Era a visita do Sporting e, mais do que isso, era a visita de um Sporting que soube assumir a sua responsabilidade enquanto Clube de Portugal e que tudo fez para levar este momento de felicidade às gentes daquela e de outras terras, sem esquecer a doação do valor da receita aos bombeiros que nos últimos meses tantos fogos têm combatido.

Quem não quer que o diabo fale, Não lhe dê ocasião… Eu trago pele de cordeiro, E memória de elefante…  O meu trunfo é o triunfo, O motivo, ai o motivo é gigante…

Com toda a artilharia pesada em repouso e a aguardar utilização na visita a Turim, este Sporting foi feito de muita gente nova, putos, também eles desejando juntarem-se à festa. É verdade que o campo era pequeno, é verdade que o piso era de relva plástica, mas uma oportunidade é sempre uma oportunidade e houve quem a agarrasse com as duas mãos e os dois pés (e quem a esbanjasse, casos de Iuri ou Petrovic, ainda assim mais em jogo do que um rapaz chamado Bruno César que deve ter tocado na bola menos vezes do que o número de dedos que tenho nas mãos). Palhinha foi uma das figuras, apontando dois golos, o segundo um belo golo em pontapé de moinho que fez com que festejasse mais vezes numa noite do que em todo o seu percurso como profissional; Rafael Leão teve estreia de sonho, apontando um golo; Podence foi o homem da partida, com três assistências em quatro golos e uma vontade de jogar e de imprimir ritmo que devia ter contagiado tudo e todos.

A minha vez chegou, O céu desanuviou, Hoje os astros alinharam, E eu estou pronto para ganhar o dia

Numa altura em que a frente de ataque se vê a braços com várias lesões, o pequeno Daniel voltou a ser grande e é bem capaz de ter dito a Jesus que tem ali uma belíssima arma surpresa para lançar em Turim e deixar os italianos de boca tão aberta como ficaram os Sportinguistas nas vezes que o irrequieto Jackson se escapou à defesa até conseguir molhar a sopa. “Marquei na primeira vez em que um jogo meu deu na televisão“, diria o avançado do Oleiros no final. No fundo, era isto que se queria. Uma festa, festejada das mais variadas formas e cumprindo os mais variados objectivos.

Venha lá ao bailarico, Por a pedra no rescaldo… Quem tem jeito do porfírio, Quem se esfalfa, Mas não é nenhum ronaldo