Só mais para a frente se perceberá o peso deste empate caseiro com o Braga. Para já, fica uma exibição pobre de uma equipa sem rasgo táctico, com mais dois jogadores a saírem com lesões musculares e a certeza de que esta pausa vem na melhor altura

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Se já se calculava que o jogo fosse complicado, o início da partida adensou esse pensamento: o Braga abdicava de um dos avançados e reforçava o meio campo, juntando Vukcevic, Danilo e Fransérgio. Paulinho ficava sozinho na frente  e os próprios Ricardo Horta e Xadas estavam mais preocupados em fechar as alas do que propriamente em atacar (não admira que Xadas tenha passado ao lado do jogo).

A isto o Sporting respondeu com o mesmo 11 que tanto brilhou frente à Juventus, mas esse brilho não voltou a repetir-se e a equipa, depois de ter-se conseguido libertar um pouco do espartilho dos primeiros 20 minutos, não tinha ideias para desequilibrar o adversário. Curiosamente, sentia-se mais a falta de um 6 construtor do que se havia sentido na Champions e as alas não funcionavam não admirando, por isso, que as melhores ocasiões de golo surgissem de bola parada. Primeiro por Coates, num cabeceamento na sequência de um canto, depois por Bruno Fernandes, num livre directo. Em ambas as ocasiões, o redes do Braga brilhou, coisa que Patrício não teve oportunidade de fazer, limitando-se a encaixar um remate de fora da área.

E se a primeira parte já estava a ser fria como a noite, mais gelada ficou quando Acuña se agarrou à perna em mais uma lesão muscular a juntar às de Piccini, Mathieu, Coentrão e William. Entrou Podence e nesses últimos cinco minutos dos primeiros 45′ o jogo agitou-se deixando nos adeptos leoninos a esperança de ser esse o mote para o segundo tempo que começou com um enorme susto: golo anulado ao Braga, percebendo-se depois que Fransérgio não estava em fora de jogo.

O lance serviu de despertador aos Leões, que arrancaram para 15 minutos de total domínio, encostando o adversário à baliza. Podence falhou incrivelmente uma emenda de cabeça (sim e nem teve que saltar), Dost ainda fez algumas centenas de pessoas gritarem golos quando desviou, ao segundo poste, um belo cruzamento de Bruno César. Diz que não há duas sem três e à terceira foi de vez: envolvimento pela meia direita, com Gelson a trocar de posição com Bruno Fernandes e este a sacar um cruzamento para um golaço, de primeira, de Bas Dost. Explosão de alegria e enorme alívio nas bancadas, mas…

Mas o pior veio depois. Com 25 minutos para jogar, o Sporting como que se eclipsou e perdeu mão no jogo. Jonathan ainda quis forçar o efeito golo com duas cavalgadas pela esquerda, mas seria pela esquerda contrária que o Braga balhararia a partida. A entrada de Fábio Martins colocou, definitivamente, em cheque a perda de gás do meio-campo leonino. Battaglia e Bruno Fernandes eram de menos para quatro adversários, ainda para mais quando Esgaio, passando para lateral esquerdo, flectiva diversas vezes para o meio, como aconteceu naquele lance em que Gelson Martins tem um corte brilhante a impedir o 47 (nojenta atitude a distribuir porrada) de atirar à baliza.

O jogo estava completamente partido e mais partido ficou, ainda, com a lesão de Bas Dost (mais uma muscular, aparentemente). Entrou Doumbia e veio o penalti disparatado de Coates que Rui deu sensação de conseguir defender. Depois, Doumbia falhou uma cabeçada à entrada da pequena área (gesto técnico miserável) e veio novo golo do Braga, aos 89′, daqueles que acontecem sempre ao Sporting. Alguns atiravam a toalha ao chão, outros aguentavam estoicamente porque ainda faltavam seis minutos a contar com os descontos. E foram compensados: bola bombeada, Dumbia embrulha-se com um defesa no salto e a bola sobra para uma falta clara de André Horta. Penalti que Bruno Fernandes não desperdiçou, atenuando a dor de um dia mau que deixa muitas questões no ar.

 

 

Ficha de jogo
Sporting-Sp. Braga, 2-2
11.ª jornada da Primeira Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

Sporting: Rui Patrício; Ristovski, Coates, André Pinto, Jonathan Silva; Battaglia, Bruno César (Alan Ruíz, 87′); Gelson Martins, Bruno Fernandes, Acuña (Podence, 44′) e Bas Dost (Doumbia, 80′)
Suplentes não utilizados: Salin, Tobias Figueiredo, Petrovic e Mattheus Oliveira
Treinador: Jorge Jesus

Sp. Braga: Matheus; Ricardo Esgaio, Ricardo Ferreira, Raúl Silva, Marcelo Goiano (Fábio Martins, 74′); Fransérgio, Vukcevic, Danilo; Xadas (João Carlos Teixeira, 65′), Ricardo Horta e Paulinho (Dyego Sousa, 81′)
Suplentes não utilizados: André Moreira, Bruno Viana, André Horta e Hassan
Treinador: Abel Ferreira

Golos: Bas Dost (66′), Dyego Sousa (85′, g.p.), Danilo (89′) e Bruno Fernandes (90+4′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Raúl Silva (34′), Ricardo Esgaio (45′), Vukcevic (68′) e André Pinto (82′)