image (11)Eros, raiz das palavras erótico e erotismo, ou o que tem a ver com Eros, neste nosso Tempo personifica o Amor sexual. Ao contrário do sexo, para os gregos antigos, era a personificação do Amor, belo e quase inatingível. Nesses recuados tempos, diziam as más-línguas que seria filho de Caos. E que por seu intermédio, o Caos entrou no Cosmos, ou na nossa Vida. Já Tânatos, era a personificação da Morte. Também ele filho ou neto do Caos, portanto quase família chegada um do outro… Ao contrário de Hades, que reinava no Submundo, onde albergava as Almas guardadas por Cérbero, o cão de 3 cabeças, e onde o Rio Estige dividia o Reino dos vivos do Reino dos mortos. Tânatos era naqueles tempos a nossa Ceifeira, que encapuzada nos ceifava da Vida.

Curiosamente, uns séculos depois, em pleno Império Romano, na cidade de Rómulo e Remo, havia um bairro, a Subura, onde no início desse bairro, que ficava numa colina, havia as casas do prazer, onde o jogo e o vinho corriam abundantes, e onde igualmente reinava o nosso Eros, nas casas de prostituição. Mais acima, no cume de Subura ficava o crematório, reinado de Tânatos.

Tão longa introdução, para vos dar a ver que estas coisas andam ligadas há muito mais tempo que o agora dos cliques nos computadores ou das análises inquietantes e inquisitivas do Dr. Freud. Duas faces da mesma moeda, cada uma delas tem o valor que cada um de nós lhe atribui, àqueles a quem, lançando a moeda ao ar lhes cai sempre Eros, aos outros a quem sempre tentam que não saia Tânatos.

Mas vamos vivendo, sabendo o que está na outra face, ansiando pela que nos convém, mas mandando a moedinha ao ar, seja ela dracma, sestércio, escudo ou euro. Assim somos com a moeda, assim somos connosco, e com a Vida. E com o Sporting, também. Andamos enamorados, sempre a mandar a moedinha ao ar, e quando sai Eros, é uma felicidade, e quando sai muitas vezes, até nos esquecemos da outra face, onde se acoita Tânatos. Mas sempre presente… E de vez em quando, quando sai, ficamos horrorizados, esquecemos Eros da outra face, e o que nos faz sentir, o Amor, e só vemos o esqueleto, as garras afiadas, as asas de rapina da figura. E amaldiçoamos a moeda, a quem tantas vezes beijámos, e guardámos com ternura no bolso. Ficamos num mutismo, como se fôssemos autómatos, com a moeda na mão, em vez de a lançarmos outra vez.

E é sobre isto, que vos quero dar uma palavrinha. Pois o Sporting é muito mais importante que uma das faces de uma moeda que portamos desde que nascemos, ainda que não o saibamos. No Rugby então, por um virar de moeda, apanhada numa brisa, ou numa placagem falhada, lá vai a nossa sorte… E tentamos mais uma vez… E outra e outra ainda. Sempre! E o viver assemelha-se muito ao jogar a moeda ao ar. E tentar e estudar sempre a melhor tática par que nos calhe o maior número de vezes possível Eros. Ou que não nos toque assim tantas vezes Tânatos.

 

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio