Sem forçar muito e com alguns calafrios na primeira parte, o Sporting construiu uma vitória tranquila frente ao Desportivo das Aves, num jogo marcado pela estreia de Rúben Ribeiro e por mais um hat-trick do intratável Bas Dost

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Jesus não foi de modas e apostou no efeito surpresa: Rúben Ribeiro, acabado de chegar, saltou para a titularidade, numa espécie de teste de acasalamento visando encontrar o parceiro ideal para Bas Dost. O técnico procurava a experiência do novo camisola 7 para ganhar poder de fogo e aumentar a capacidade de jogar entre linhas frente a um Desportivo das Aves que voltou a apostar no bloco baixíssimo, em três centrais e no libertar dos laterais em movimentos ofensivos.

E foi precisamente o Aves a criar a primeira situação de perigo, com Patrício a sair imponente aos pés de Amilton que se havia isolado pela esquerda. Diga-se, aliás, que se Bas Dost é um cubo de gelo quando tem que marcar golos, Rui Patrício mostra, cada vez mais, não lhe ficar atrás na capacidade de concentração e no resolver de situações que dão total confiança à equipa. Fez isso no citado lance, voltaria a fazê-lo saindo aos pés de Agra, que quando deu conta já a bola estava nas mãos do Rui. E numa primeira parte com alguns sobressaltos, o maior chegaria de uma transição rápida e de um cabeceamento à trave que quase deu o golo do empate à equipa forasteira.

É verdade, pelo meio desta conversa o Sporting já tinha marcado: belo lance de Ruben Ribeiro, tendo a frieza para esperar e procurar o companheiro melhor posicionado e metendo a bola redondinha na cabeça de Bas Dost. Teve direito a experimentar o abraço do holandês e ainda foi brindado com um abraço colectivo, coisa para deixar muito bom comentador a jurar que o balneário está em brasa. Depois, Bruno Fernandes ficou perto de aumentar com um tiro de fora da área e para fechar o filme do primeiro tempo só preciso dizer-vos que Piccini esteve sempre pronto a atacar e que há-de chegar o dia em que fintará uma mão cheia de pessoas antes de festejar um golo em nome próprio.

O intervalo fez bem à equipa, que regressou com vontade de resolver uma partida que teve algumas semelhanças com o jogo da Taça, frente ao Piedade: primeira parte com ritmo baixo e com um pormenor que deve ser revisto – a facilidade com que, em três ou quatro toques, os adversários chegam à nossa área e metem a bola em zona de finalização. Os postes têm sido amigos, mas isso nem sempre vai acontecer.

Talvez percebendo que o 1-0 é bem mais perigoso que o resultado mais perigoso do mundo, o Sporting foi em busca dessa carga de trabalhos que é estar com duas bolas de vantagem. Pressão mais alta, adversário mais acorrentado, penalti sobre Gelson confirmado com recurso ao vídeo-árbitro que Bas Dost se encarregou de transformar no 2-0. Aos 52′ o Sporting arrumava com a partida, não dando mais margem a que o Aves conseguisse sair em transições rápidas, não só porque William parece recuperado da passagem de ano, mas, também, porque Jesus meteu Battaglia e acabou de vez com a possibilidade de qualquer surpresa.

E tão mornas estavam as coisas, que o presidente leonino, Bruno de Carvalho, aproveitou para ir ao facebook fazer nha-nha-nha-nhas aos Sportinguistas que demonstraram algum receio pela contratação de Rúben Ribeiro, enquanto Piccini aproveitava para fazer uma correria de costa a costa e cruzar a regra e esquadro para o desvio do intratável 28 fazer o segundo hat-trick em duas jornadas seguidas, coisa de que não há memória em Alvalade desde os tempos de Jardel. Radiante, Dost desatou a sorrir e, de braço no ar virado para a bancada, perguntou “who wants a frozen orange juice?