A cada jogo da Liga que passa, o Sporting parece evidenciar três sintomas que expõem três dificuldades distintas.

1/ A primeira é a dificuldade em concretizar oportunidades de golo. Principalmente quando Dost não está em campo, nota-se que a equipa tende a precisar de 3 ou 4 chances para concretizar. A verdade é que à excepção de Bruno Fernandes (quando actua mais adiantado) olhar para os números dos restantes jogadores é detectar uma relação com o golo nada familiar.

Doumbia – 12 jogos – 0 golos;
Podence – 12 jogos – 0 golos;
F. Montero – 5 jogos – 1 golo;
Gelson M. – 22 jogos – 6 golos;
B. Ruiz – 11 jogos – 1 golo;
B.Cesar – 17 jogos – 0 golos;
Acuña – 22 jogos – 3 golos;
Battaglia – 23 jogos – 1 golo;
William – 19 jogos – 1 golo.

É o esquema de ataque? É o perfil dos jogadores? Talvez seja mesmo a soma destas duas perguntas. A verdade é que esta equipa do Sporting depende demasiado da velocidade de Gelson, da eficácia de Dost e da alma de B.Fernandes para vencer as suas partidas. E na Liga portuguesa esta circunstância é por demais evidente, talvez graças ao conhecimento das nossas equipas destas mesmas dependências.

2/ Não posso deixar de reparar que, seja por falta de aposta ou confiança, seja por alguma falta de encaixe ou adaptação, nenhuma das segundas linhas conseguiu “roubar” o lugar ao 11 base desta época. Esta estagnação nas opções gera quebra de competitividade quer ao nível do treino, quer na mente dos jogadores dentro de campo. Não raras vezes e particularmente esta temporada (onde a extensão da participação em muitas provas deu tempo de jogo acrescido) “os pretendentes” ficaram muito aquém de parecerem ameaçar os “donos do lugar”. Apenas Ristovsky deu de facto a ideia de ter a atitude ideal nesse aspecto.

Patricio, Piccini, Coentrão, Matthieu, Coates, William, Battaglia, B.Fernandes, Acuna, Gelson e Dost (com a variante de retirar Bata, recuar Bruno e colocar Podence ou Montero) estão cristalizados na mente de JJ como uma elite. A plebe, ou seja, todos os outros são filhos de “deuses menores” que estão para a titularidade como a fita cola está para uma armação de óculos partida, a coisa serve apenas até à próxima compra. É verdade que a preparação e treino de uma equipa de futebol cada vez tem menos surpresas e vai sendo raro uma 2ª opção suplantar a 1ª, mas com JJ…essa raridade ainda é mais absoluta. O problema são os jogadores contratados ou a inflexibilidade de JJ?

3/ O desgaste. É justo dizer que há condicionantes, mas salta aos olhos de todos que a frescura física da maior parte dos jogadores do Sporting dura muito menos que os 90 minutos da partida. Excesso de jogos? Acumulação de cansaço? Stress competitivo? Tudo isso é verdade, mas quando se projecta uma época onde se pré-anuncia a candidatura a todas as provas e quando é comprovável que isso é levado a sério, pode-se concretizar a dúvida: mas não era previsível que chegássemos a este ponto? Não era expectável que fisicamente os jogadores mais usados quebrassem (e muito) a qualidade da sua performance? O que estava previsto fazer nestas fases?

Muitas das vezes, ouvindo falar os responsáveis da equipa, parece quase fruto do inesperado e algo não solúvel constatar o cansaço dos jogadores. O próprio JJ tem, repetidamente, apontado a sobrecarga de jogos como o principal factor para a diminuição da qualidade dos resultados e exibições. O plantel montado não era suposto atenuar esses efeitos? A rotatividade não seria uma solução? Deixou de o ser, do ponto de vista formal?

O crescimento da equipa, nesta e em futuras épocas, dependerá muito da resposta a estas questões. Seja o treinador, seja a Direcção ou todos em conjunto, terão de reflectir sobre o que está a suceder nesta temporada e retirar lições importantes. Depender da prestação de terceiros para avaliar as nossas próprias capacidades é um erro e não explicará mais do que pequenas nuances, sobretudo comportamentais, por isso prefiro entender primeiro como podemos melhorar sozinhos, como podemos, no final das contas, ser mais competitivos globalmente.

A verdade é que continuo a olhar para o valor do nosso plantel e a achar que está a distanciar-se bastante do seu potencial competitivo. E isso, mais do que perguntas, exige respostas.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca