… vamos tentando saber um pouco mais sobre Marcel Keizer. No tweeter, por exemplo, um holandês deixa a seguinte mensagem (ignorem a parte de ainda achar que nos chamamos Sporting Lisbon): «Marcel Keizer at Sporting Lisbon would be very cool. Believe he’s an underated manager who didn’t got the time at especially Ajax to fully implement the ideas of his great football philosophy. Hopefully he can showcase himself in Portugal […] In my opinion he didn’t fail at Ajax. He wasn’t backed by the board, who sacked him at the moment where players liked him and the style of play was offensively very attractive. Especially after the Nouri drama, Keizer did good work in my opinion.»

Mas saibamos mais, agora olhando para um artigo do Bancada que foi à procura de histórias curiosas, de saber que estilo de jogo Keizer gosta de ter, que personalidade tem e, claro, que visão tem da aposta em jovens. Falaram com Andrew Marveggio e Sjaak Lettinga, ex-jogadores de Keizer, e trazem pormenores interessantes como este: “Uma vez, perdemos 8-0 frente ao Excelsior, em casa. Um jogo muito, muito mau. Um desastre. Nos dois dias seguintes, nem vimos a bola. Ele pôs-nos apenas a correr, correr, correr”, conta-nos Sjaak Lettinga, relembrando os tempos de Keizer no Telstar, da Holanda.

Mas há mais. “O Marcel Keizer é honesto e é bom falar com ele. É uma pessoa muito engraçada e sabe o que quer. Não há muitos treinadores que façam isto, mas ele não tem medo de juntar os melhores jogadores da equipa e falar com eles sobre o estilo de jogo. Ele tem a habilidade de ouvir o que os melhores jogadores têm a dizer sobre o estilo de jogo. Ele fala muito”.

Andrew Marveggio, australiano que atua no Macva Sabac, da Liga Sérvia, confirma-nos que Keizer “tem uma personalidade afável e amiga”. “Sempre me deixou à vontade para lhe pedir conselhos e perguntar no que é que poderia melhorar”, acrescenta. Lettinga conta, ainda, dois episódios que ilustram a sensibilidade de Keizer. “Sabe lidar com situações difíceis como a do Nouri [jogador que terminou a carreira, com lesões cerebrais]. E houve outro exemplo, quando um diretor desportivo do Telstar faleceu de cancro. O Keizer não o via há mais de quatro anos, mas foi ao funeral dele. É este tipo de homem que ele é”.

Deixemos os elogios ao homem e vamos à bola. Quem é, afinal, o treinador Marcel Keizer? “Geralmente, ele gosta de ter uma equipa atacante. Gosta de jogar em posse, desde trás, dominando o jogo. A ideia dele é criar oportunidades com circulação rápida e bola no pé”, explica-nos Sjaak Lettinga, que adverte: “Mas ele sabe adaptar-se. No Telstar, começámos por jogar em 4x3x3, porque tínhamos grandes jogadores nas alas. Na segunda temporada, já não tínhamos grandes alas, mas sim bons laterais. Baseado nisso, passámos a jogar em 4x4x2. Ele identifica bem as características dos jogadores e adapta as suas ideias a isso”.

Já o australiano Marveggio confirma que Keizer “ensina os jogadores a jogar com um estilo baseado na posse” e elogia: “ele desenvolve individualmente os jogadores, mas também a equipa. Os treinos dele eram muito equilibrados. Não é um treinador defensivo, mas, com ele, não é tudo a ir para o ataque”.

Um dos motivos que deverá ter levado Frederico Varandas a pensar em Marcel Keizer poderá ter sido o conhecimento que o técnico tem das camadas jovens. Ainda que este facto seja uma ligeira falácia – na verdade, Keizer, no Ajax, treinou apenas a equipa B –, fomos saber de que forma o holandês olha para a aposta nos jovens talentos. Afinal, vai treinar um clube que, tradicionalmente, dá valor a essa aposta. Andrew Marveggio diz que “Keizer gosta de misturar as duas coisas”. “Ele aposta em jovens, mas gosta de tê-los a aprender com os mais experientes”, detalha. Pelas mãos de Keizer passou gente “nada conhecida” como Davinson Sanchez, Justin Kluivert, Kenny Tete, de Ligt, David Neres ou Onana.

Por fim, conta-nos Sjaak Lettinga que Marcel Keizer ri com facilidade. Aliás, num momento em que poderia estar prestes a sair uma “dura”, saiu riso. “Lembro-me de um treino no qual estávamos a fazer 11 contra 11, antes de um jogo. tínhamos acabado de começar e eu estava a driblar no meio campo. O relvado não era tão bom como é hoje e perdi a bola. Mas não só perdi o controlo da bola, como dos meus pés. Apesar de não ter nenhum jogador a pressionar-me, caí no relvado. Perdi a bola e, dez segundos depois, a minha equipa sofreu golo. Não foi bonito. Quando já estava preparado para uma “dura”, com gritos do mister, percebi que a minha queda deve ter sido muito engraçada. O Marcel Keizer estava a rir-se que nem um doido. Ria-se tanto que toda a gente, no treino, estava a rir também”.

agora deixa lá ver se o holandês vem rir para Alvalade, pois dizem as últimas notícias que o Al Jazira se recusa a libertar o treinador que, ainda esta tarde, comandou a equipa dos Emirados…

marcel