Agora que está toda a gente descontente com Varandas, parece que ninguém votou nele e que toda a gente sabia que isto ia acabar neste descalabro. Visto que ainda ninguém o fez (excepção feita ao José Ribeiro no Sporting160) resolvi vir aqui explicar a minha decisão de votar em Varandas.

Já não sei quantos candidatos houve, mas para mim só existiam duas opções: Varandas e Benedito. O resto era refugo, não elegível ou catastrófico (olá Tio). Destes dois, o que tinha ideias mais concretas e parecia mais dentro do que era preciso fazer era o Varandas. Gostei das ideias para o departamento de scouting, das propostas de reestruturação da formação e acima de tudo da promessa de incorporar a ciência na análise do treino, da performance e do recrutamento e selecção de jogadores. Gostei da aposta no Alireza Rabbani e no Francisco Tavares para o departamento de performance e da contratação de um chefe de scouting com créditos firmados (Chieira). Do lado do Benedito não gostei da postura de pãozinho sem sal e da incapacidade mostrada ao longo dos anos de assumir uma posição firme relativamente ao que quer que fosse. Posso dizer que estou arrependido de ter votado em Varandas, mas não estou nada arrrependido de não ter votado em Benedito. Basta ver a postura que ele tem assumido no último ano e meio. Demitiu-se completamente da responsabilidade que a maioria dos sócios lhe entregou nas últimas eleições. Nunca foi capaz de, quando isto começou a dar para o torto, de vir a público criticar ou apresentar alternativas para o que quer que seja. Em democracia é tão importante ter um bom governo como uma oposição forte que o mantenha na linha. E ele nunca foi capaz de o ser. Para além dos factores futebolísticos que mencionei em cima, houve ainda duas coisas que considerei importantes. O primeiro foi o Miguel Albuquerque, que sempre admirei e que me dava confiança de que com ele lá as modalidades estariam protegidas. O segundo foi a capacidade que a candidatura de Varandas cedo mostrou de controlar a mensagem na comunicação social. Era algo que na altura era importante para se acabar com o fogo cerrado sob o qual estávamos. Basta imaginar o que se diria e escreveria agora sobre esta crise se o presidente fosse BdC.

Quando é que cheguei à conclusão de que votei mal? Mais cedo do que vocês imaginam. O primeiro sinal de aviso foi logo no discurso de vitória, quando ele meteu a mão ao bolso e tirou de lá a medalha de vencido da Taça de Portugal em 2018. Pensei que fosse sair dali um discurso do tipo “nunca mais vamos passar por uma situação como a que vivemos naquele dia”. Mas não, saiu-lhe qualquer coisa do tipo “foi ali que eu vi a luz que me empurrou para a candidatura”. Ego inchado, umbiguismo, auto-elogio e soberba, quando se impunha união, mobilização e apelo ao trabalho. O segundo sinal de aviso e o primeiro que considerei grave, foi aquela conferência de imprensa em que falou do Batuque e dos colchões da Academia. Quanto mais tempo passa e melhor se conhecem as decisões tomadas pela direcção de Varandas, mais ridículo aquilo se torna. Basta pensar no Wang e no protocolo com a Fosun para não ir mais longe. O terceiro sinal foi quando em Janeiro/Fevereiro de 2019 se percebe que Keizer não é bom treinador e que é preciso arranjar outro. Não sõ não o despedem, como o fazem transitar para 19/20. Ok, ganhou a Taça da Liga e a Taça de Portugal, mas toda a gente viu que isso foi uma sorte macaca que acontece de 20 em 20 anos. O quarto sinal foi a gestão do mercado de verão de 19/20 que revelou, sem margem para qualquer dúvida que não havia estratégia, projecto ou departamento de scouting a funcionar. Despedir Keizer na véspera de fecho de mercado, ir buscar três marretas (Bolasie, Jesé e Fernando) para substituir Bas Dost e Raphinha foi inacreditável. Quase tão mau, foi ainda meter Leonel Pontes na equipa A, mantê-lo 1 mês em funções e substituí-lo à pressa por um gajo (Silas) que tinha sido despedido do último classificado.

E agora? Bem, agora é preciso pôr a direcção de Varandas a andar dali para fora. O ideal era demitirem-se e convocarem eleições, mas está mais que visto que isso não vai acontecer. Basta ver o discurso dos membros da direcção para perceber que estão dissociados da realidade (ver declarações do Miguel Cal). Se ninguém correr com eles, vão levar o navio contra as rochas, convencidos até ao último momento de que ainda conseguem virar o leme. Por isso, resta o requerimento de destituição (que assinei) ou que a MAG resolva por sua iniciativa forçar a saída da direcção. Seja qual for a opção, dificilmente vamos ter eleições a tempo de a nova direcção poder entrar com tempo para preparar a época de 2020/2021. Which fucking sucks.

O que podemos fazer? Podemos ir a manifestações, podemos escrever à MAG e cantar “E oh Varandas o que fazes aqui”. Contudo, parece-me que o mais importante é que os putativos candidatos ponham a cara ao vento e se cheguem à frente. Pela minha parte, não quero trocar Varandas pelo Ricciardi. Isso seria saltar da panela para o lume. Por isso, espero que Carlos Vieira, Augusto Inácio, Rodrigo Roquette, João Benedito etc se apresentem como alternativas. Não estou certo que os sócios queiram trocar Varandas pelo desconhecido.

Agora que já me expliquei e já escrevi sobre aquele que considero ser o melhor caminho daqui para a frente, termino, fazendo um apelo aos sócios que amuaram e que deixaram de pagar quotas, porque não gostam de Varandas. Tirem o cu do sofá, abram a puta da carteira e paguem a merda das quotas. As receitas das quotas é quem pagam a nossa principal fonte de alegrias – as Modalidades! Se isso não é motivo suficiente, lembrem-se de que precisam de ter quotas em dia para votar.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Shark
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]