Das apostas falhadas no onze inicial aos equívocos nas substituições, passando por um golo oferecido e pela incapacidade de aproveitar as bolas paradas, o Sporting foi incompetente e perdeu justamente com o benfica, despedindo-se da réstea de esperança de lutar pela revalidação do título

 

Terá sido o pior jogo grande desde que Amorim pegou no Sporting, e começou a correr mal logo na escolha do onze inicial. Estranhamente, Ugarte, que tem vindo a ser um dos melhores jogadores, ficou no banco, o mesmo acontecendo com Edwards, depois de ter sido o melhor em campo em Tondela. Obviamente que Palhinha e Pote continuam a ser belíssimos jogadores, mas fisicamente estão longe do que lhes permitiu destacarem-se e isso nota-se.

Do outro lado, o benfica foi claríssimo nas suas ideias: bloco baixo, por vezes com oito e nove jogadores à entrada da área, Diogo Gonçalves totalmente preocupado com as subidas de Nuno Santos, empurrando Gilberto para o papel de terceiro central, tudo isto à espera de uma oportunidade para lançar a passada larga de Darwin, se possível com Gonçalo Ramos e Cebolinha a apoiá-lo.

Já se sabe, há muito, que o Sporting tem dificuldade em jogar contra equipas que não lhe dão espaço no último terço do terreno. Os Leões são exímios a aproveitar os espaços nas costas das defesa, mas é uma carga de trabalhos quando o adversário estaciona o autocarro. Ontem, por mais do que uma vez, lembrei-me da primeira parte contra o Portimonense e da derrota caseira, frente ao Braga. São sinais já vistos.

Claro que podemos dizer que tudo poderia ser diferente se, logo aos oito minutos, Paulinho tivesse percebido onde estava, quando rodou, isolado, na cara do redes. Que tudo poderia ser diferente se Neto não tivesse encarnado Vinagre, ficando à procura de uma bola metida a partir da área adversária, enquanto Darwin ganhava na corrida a Coates (inacreditável, sofrer um golo assim a este nível). Que tudo poderia ser diferente se Pote, isolado por Sarabia, fosse capaz de desviar a bola do redes como habitualmente fazia, ou se Gonçalo Inácio não tivesse medo de ser feliz e tivesse disparado com raiva em vez de procurar vá lá saber-se quem no meio da área. Tudo isto numa primeira parte onde Sarabia escapou ao vermelho, depois de uma entrada disparatada (mais tarde, seria Nuno Santos a escapar, e ficaria um penalti por marcar por falta sobre Coates).

Ao intervalo, pediam-se mudanças. Pote e Paulinho eram dois a menos, Palhinha acrescentava pouco face a um adversário a jogar tão lá atrás. Nada mudou. Cebolinha tocou o despertador com uma bomba cruzada que tirou tinta ao poste, Nuno Santos teve o primeiro momento de liberdade e meteu a bola direitinha na cabeça de Sarabia, que a disparou à barra quando já se gritava o empate.

Pode dizer-se que o jogo terminou aí, quando ainda faltava tanto (40 minutos). Porro, que ao longo de toda a primeira parte carregou a equipa às costas, continuou a ser solicitado, mas seria impossível manter aquelas cavalgadas 90 minutos. As substituições, essas, foram uma confusão pegada, com destaque para a saída de Sarabia e entrada de Edwards, com Paulinho a ficar em campo como um falso extremo esquerdo, ou lá o que era, antes de Coates voltar a subir para se juntar a Slimani no centro da área. Sem o espanhol, o Sporting perdeu clarividência, passando a procurar cruzamentos de forma desesperada e nem aproveitando o que o então entrado inglês podia oferecer à partida.

O 0-2, já nos descontos, com o benfica a assumir sem vergonha jogar com dois laterais de cada lado, é o espelho de uma equipa a jogar apenas com coração, com quase toda a gente fora das suas posições (quatro jogadores a acompanhar a corrida de Darwin, esquecendo a regra básica de ocupar o espaço para onde ele teria que meter a bola).

Resumidamente, o Sporting foi, na noite de ontem, incompetente em todos os capítulos do jogo. Pode acontecer, obviamente, mas custa sempre mais quando isso se traduz numa derrota em casa, contra o eterno rival, que entrega as faixas de campeão ao fcp.

 

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