Depois da derrota frente ao Benfica e do adeus ao campeonato, o Sporting perdeu com o Porto e disse adeus à Taça. Uma semana de desilusões, cujos motivos devem ser o ponto de partida para a preparação da próxima época. 

 

A derrota, perfeitamente evitável, em Alvalade, na primeira mão, tornava a visita ao dragão ainda mais complicada, pese a certeza de que, já esta época, o Sporting ali havia feito dois golos, antes de lhe roubarem a vitória com sopros no apito. Amorim voltou a apostar nos mesmos de sempre, excepção a Ugarte, ontem regressado a um lugar que conquistou por direito, mas que estranhamente havia perdido no dérbi. O uruguaio foi, aliás, um dos melhores em campo do lado dos Leões, à frente de Adan e só perdendo para esse verdadeiro cisne chamado Matheus Reis.

Enquanto Ugarte ganhava duelos uns atrás dos outros no meio campo, Reis, ontem como lateral esquerdo, disparava cavalgadas com movimentos bem medidos para o interior que iam desbaratando a primeira linha de pressão do fcp, na qual Evanilson parecia mais preocupado em seguir a cartilha dada pelo capitão Pepe, que ainda nem o relógio tinha roçado o primeiro minuto e já fingia ter levado com um pau ao sentir a presença de Pote junto às coxas.

Pote, esse, teve um momento de clarividência ali pelos 15 minutos, colocando Sarabia na cara do redes. O espanhol não hesitou em mostrar a classe que vive naquele pé esquerdo, picando a bola sobre Marchesin rumo ao fundo da rede. Golaço anulado por fora de jogo, naquela que seria a melhor combinação atacante leonina ao longo dos primeiros 45 minutos. A outra chegaria cinco ou seis minutos após o intervalo, com Matheus Reis a ver a arrancada do outro Matheus, o Nunes, sem que o camisola 8 tivesse a capacidade para fazer o golo que tudo podia ter relançado.

Isto foi o que de mais perigoso o Sporting fez ao longo de 90 minutos, com a diferença de que após o golo anulado a Sarabia ainda foi chegando lá à frente, e após o desperdício de Nunes a equipa desapareceu e deixou de conseguir ligar uma jogada para lá do meio campo. Foi como se, nessa oportunidade esbanjada, desaparecesse a crença de uma equipa que sempre se alimentou dela, algo reforçado quando pouco depois, Neto pediu para sair por lesão e a aposta de Amorim foi… lançar Esgaio.

No momento em que podia ter mexido no desenho táctico, reforçando o miolo com Bragança, por exemplo, para dar liberdade a Matheus Nunes, o técnico recusou-se a abandonar a rigidez táctica e acabou engolido na elasticidade adversária. E cegou a ser desolador constatar, ainda o jogo tinha trinta minutos para jogar, que a meia final estava decidida, até porque o Sporting chegará ao final da época 21/22 com a certeza de que não tem um avançado que garanta golos e que atormente as defesas adversárias, continuando a ter como principal esperança nos apertos, a subida de Coates para fazer de ponta de lança (e Slimani pode ter deixado de contar, definitivamente, ontem).

Sem chama, sem ideias, sem um golpe de asa, com alguns dos principais jogadores rebentados (Porro, Matheus Nunes, Sarabia), outros completamente fora de forma, mas presença obrigatória no onze (Pote, Paulinho), no fundo como se Amorim traísse a sua própria ideia de que todos contam (se assim fosse, tantas e tantas vezes que quem está rebentado podia ter descansado), bem como a máxima de que joga quem está melhor (quantas vezes Bragança, Edwards ou Ugarte regressaram ao banco depois de terem sido dos melhores em campo?).

Neste momento, o que se pede é que, dentro e fora do campo, se cerrem punhos e dentes para garantir a conquista do segundo lugar e do acesso directo à Champions. Depois, é recuperar esta semana de desilusões, cujos motivos devem ser o ponto de partida para a preparação da próxima época.