Amorim levou 31 jogadores para o Algarve e entre os que farão parte do plantel da equipa principal e os que estarão na equipa B e nos sub23, dificilmente existirão mexidas nos nomes que procurarão levar o mais longe possível o nome do Sporting Clube de Portugal.

É face aos nomes actuais e aos dois jogos já realizados, frente a Royale Union e Villareal, que avanço para esta análise ao nosso plantel para 2022 / 2023, deixando duas notas prévias
1. à medida que os nomes dos reforços iam surgindo e que os rumores de potenciais contratações ajudavam a dar cliques aos sites dos desportivos, algo ficava evidente: a ausência de alguém para ocupar a posição, mas fazendo-o como um efectivo homem de área.
2. ao contrário do que se ia dizendo, Amorim manteve inalterado o desenho táctico. O 4-2-3-1 parece não ter passado de um rumor (ou desejo dos adeptos) e o 3-4-3, com as suas várias nuances, mantém a total preferência do mister

Ora, avancemos então para a análise dos diversos sectores.

Guarda-redes
Quem seguiu para estágio? Antonio Adán, Franco Israel, André Paulo, Diego Calai

Adán está para durar e nós ficamos muito contentes com o nosso titular indiscutível. Diego Calai vai continuar a jogar para crescer, entre a B e os sub23. André Paulo continua a ser um mistério, deixando-me claramente desconfiado que lhe saiu um prémio na raspadinha. Franco Israel, redes uruguaio de 22 anos, foi contratado à Juventus, onde era o dono da baliza dos sub23. Vem repleto de boas referências e claramente como aposta de futuro, em moldes bem diferentes do que aconteceu com João Virgínia.

 

Defesas
Quem seguiu para estágio? Jeremiah St. Juste, Matheus Reis, Gonçalo Inácio, Pedro Porro, Hevertton Santos, Luís Neto, Sebastián Coates, Nuno Santos, Ricardo Esgaio, Flávio Nazinho, José Marsà, Diogo Travassos.

A principal mexida no leque de defesas, foi a saída de Feddal e a contratação de St. Juste. Saiu um homem que defendia pela esquerda, chegou um que defende pela direita e com características mais de acordo com as necessidades tácticas do modelo de Amorim (rapidez e saída de bola).
Assim, olhando para os que podem ocupar as três posições ao centro, temos Coates, Neto, Inácio, St. Juste e Matheus Reis. Gostei do que vi Marsá fazer, frente ao Villareal, e não me chocava nem um pouco que fosse ele a fechar o conjunto de seis homens a linha de três centrais. E a guerra pela titularidade promete ser dura, porque Matheus Reis pegou de estaca, parece estar fisicamente já à frente de quase toda a gente, e vai obrigar Inácio a estar sempre no máximo para poder jogar ou à esquerda ou à direita.
Estou curioso para ver o que se releva Jesus Alcantar, central mexicano que começará na B rotulado de grande esperança.

Nas alas, tudo definido.
Porro é titular à direita e Esgaio o seu suplente (não entendo o empréstimo de Gonçalo Esteves, mas que volte ainda melhor e com mais minutos nas pernas), sendo que gostei muito do atrevimento ofensivo de Hevertton. Diogo Travassos tem claramente qualidade, mas neste momento a sua maior arma será a paciência e o trabalho.
Nuno Santos agarrou a esquerda e só poderá perdê-la caso o tridente central passe a ser St Juste, Coates e Inácio, o que faria com que Matheus Reis jogasse na ala. Nazinho parte muito atrás e não me admira se vier a ser emprestado.

Quem eu tinha tendado contratar?
Nino (há pelo menos duas épocas que vos falo deste central, que não foi à toa que conquistou a braçadeira de capitão do Fluminense. Joga pela direita e tem características para vir a ocupar o lugar de Coates)
Duje Caleta-Car (é muito caro, é verdade, mas tentar não custa. Joga pela esquerda, é um bicho autêntico, alguém se lembre dele se os rumores de podermos ficar sem o Gonçalo Inácio se efectivarem)
Leonardo Lelo (já está habituado a jogar em defesas a 5 e ainda no Olhanense destacou-se a ponto de ser convocado para a selecção de sub21. Joga no Casa Pia e, aos 22 anos, poderia ser uma belíssima opção para a canhota da defesa / ala esquerda).
Mohamed Abdelmonem (uma das figuras da última edição da Can, o central egípcio é baratíssimo e faz qualquer posição num tridente de centrais)
Issa Kaboré (não sei para que queremos uma parceria com o City, quando anda por lá este lateral direito e o deixamos acabar no Troyes)

 

 

Médios
Quem seguiu para estágio? Matheus Nunes, Hidemasa Morita, Manuel Ugarte, Mateus Fernandes, Dário Essugo, Renato Veiga (Bragança lesionou-se antes e tem paragem mínima de 5 meses)

Palhinha saiu e isso pode representar uma oportunidade de ouro para Essugo, que aos 17 anos é que sem assemelha mais ao João na prontidão para duelos físicos. No entanto, o lugar de médio mais defesivo deverá ser de Ugarte, essa mistura de Ducher e Douglas ondem nem faltam as meias em baixo. Ao seu lado, Matheus Nunes continua a ser referência e terá como sombra uma das contratações mais sonantes, Morita. O japonês pode ser oito, pode ser seis e deixou claro aquilo que já se conhecia: qualidade de passe muito acima da média e inteligência para fazer a bola circular da forma mais conveniente para a equipa. O jovem Mateus Fernandes aproveitou a lesao de Daniel Bragança e teve uma oportunidade, não hesitando em mostrar qualidades no primeiro jogo treino frente aos belgas (será o mais parecido com MNunes). Cinco homens para duas posições, com três “patrões” e dois miúdos à espreita (achei curioso o Diogo Abreu ir directamente para a B, vamos ver o que acontece durante a época).

Sendo muito sincero, sinto falta de uma opção mais fantasista, até para poder jogar num trio, caso Amorim mude para 3-5-2 ou para 4-2-3-1, mas aí a opção deve recair sobre Pedro Gonçalves ou sobre o próprio Tabata. André Franco, do Estoril, assentava que nem uma luva no nosso plantel, mas nem o seu Sportinguismo lhe valeu…

Quem eu tinha tendado contratar?
André Franco (o homem que desequilibra no Estoril, é realmente um jogador acima da média. Pode fazer aquele papel de fantasista no meio campo e seria o clone perfeito de Pote na capacidade de jogar entre linhas)
Alexandru CicaldauI (pode jogar em qualquer posição do miolo. Muito bom a sair de zonas de pressão com a bola dominada, não se encolhe quando tem oportunidade de subir e provocar desequilíbrios na área adversária)

 

Extremos
Quem seguiu para estágio? Rochinha, Bruno Tabata, Marcus Edwards, Pedro Gonçalves, Fatawu, Luís Gomes, Trincão

Manter Sarabia não passou de um sonho, a chegada de Trincão renovou o entusiasmo de quem gosta de jogadores acima da média que possam decidir partidas (e, não, não estou a comparar, apesar de terem dado a camisola 17 ao trincas).
A contratação de Rochinha é um belo movimento de mercado, aproveitando a necessidade do Guimarães em fazer dinheiro para dar uma segunda linha que pode, efectivamente, mexer com os jogos (sim, pode sempre perguntar-se se Jovane também não o fazia).
Fatawu é um diamante completamente em bruto, não sendo à toa que Amorim o colocou longe da sua zona de conforto. O ganês tem uma potência física impressionante, tem uma capacidade de rematar em força de média e longa distância como poucos terão no plantel, e tem aquela rebeldia de quem às vezes parece estar a jogar na rua. Falta-lhe a régua e o esquadro que o desenho táctico exige, mas há muita curiosidade sobre o que poderá fazer.
Dos que já cá estavam, Peter Potter apareceu renovado frente ao Villareal, ao que parece com todos os problemas fisicos debelados e pronto a voltar a ser o jogador decisivo que foi em 20/21, na conquista do título. Marcus Edwards leva meio ano de adaptação e terminou a época a mostrar predicados, nomeadamente quando a equipa jogava com um ataque totalmente móvel, por isso tudo aponta para que o seu impacto seja maior este ano. Tabata, no meu entender, é tudo menos extremo. Diria, até, que é o jogador que mais golo e melhor posicionamente de área tem, jogando na posição 9.

Quem eu tinha tendado contratar?
Samuel Lino (máquina na ala esquerda, adaptado ao futebol nacional, com capacidade para jogar na área, se necessário)
Olimpiu Morutan (por muito que goste de Trincão, este teria sido o meu alvo para reforçar a extrema direita. O abre latas por quem tantas vezes suspiramos)
Noah Persson (escondido no campeonato sueco, um extremo esquerdo de 19 anos. Podia vir para começar na B)

 

Avançados
Quem seguiu para estágio? Paulinho, Rodrigo Ribeiro, Youssef Chermiti

Vou dizer-vos isto como arranque para a nova época: a minha paciência para Paulinho esfumou-se e a culpa é de quem insiste em dar-nos o João Paulo como o home golo da equipa. Paulinho não é homem golo e essa ausência de homem golo é algo que me irrita e que, diga-se o que se disser, pode ter-nos impedido de não conquistar o bicampeonato. A chegada de Slimani, a meio da época, permitiu, em mês e meio, deixar claro qual o papel de alguém que jogue na posição 9: marcar golos! Paulinho aposta com o empresário que chega aos 15, em toda a época, em todas as competições. É preciso dizer mais?
Depois aparecem dois miúdos cheios de qualidade, sendo que Rodrigo Ribeiro, em meu entender, está pronto a ser lançado para a selva. Golo, qualidade, posicionamento e, não menos importante, personalidade fortíssima e descaramento para encher o peito face a qualquer defesa. Tem 17 anos, mas o talento não tem idade, e essa máxima aplica-se, também, a Chermiti, um ano mais velho. Mais físico do que Rodrigo Ribeiro, tem características pouco habituais para pontas de lança made in Portugal. São dois diamantes, mas existe uma pergunta que tem, obrigatoriamente, que ser feita: serão aposta efectiva, ou permitem compor o plantel como opções que não reivindicam lugar, mesmo que Paulinho continue sem marcar?

Quem eu tinha tendado contratar?
opções em contenção de custos: Fran Navarro (penso que o que fez ao serviço do Gil não deixa dúvidas); Oscar Estupiñán (internacional colombiano, fortíssimo fisicamente, com golo nas botas, saíu a custo zero do Guimarães para o Hull City…); Ibrahima Koné (se eu fosse o Sousa Cintra no início da década de 90, diria que o Koné é uma mistura de Yekinni e de Lukaku, mas para já apenas vos digo que este animal de área foi parar ao Lorient por 4 milhões…)
opções sem olhar a custos: Dany Mota (o que o vemos fazer em Itália não deixa dúvidas); Luis Suarez (o goleador do Granada não engana); Shon Weissman (também aqui ao lado, mas no Valladolid, mora um avançado goleador, pronto para um futebol mais móvel e a meter no bolso aqueles centrais que olham para a o seus 1,75 e acham que não faz mossa)
provocação extra: é uma pena que não tenhamos pensado em Vitinha, quando pensámos ir buscar um avançado ao Braga..

 

RESUMINDO E BARALHANDO
Pese as saídas de Sarabia e de Palhinha, a que se junta a de Feddal, penso que o Sporting tem um plantel com mais opções, nomeadamente no centro da defesa (batam na madeira para afastar as lesões do St Juste) e nas alas, sendo que este último pormenor será relevante para o carrossel que Amorim pode querer implementar na frente. A lesão de Bragança foi uma real merda, pois para lá do lado do jogador, a equipa vê-se privada de alguém que podia ter nesta uma época de afirmação e de uma opção que, juntamente com Matheus Nunes, Ugarte e Morita iria compor um quarteto de qualidade para as duas posições do miolo. O problema continua onde sempre tem estado e tenho para mim que se torna inaceitável chegarmos ao final dos jogos a colocar o Coates a ponta de lança.

Não é menos importante recordar que, este ano, por força do Campeonato do Mundo, teremos uma anormal quatidade de jogos entre meio de Agosto e meio de Novembro: a 13 jornadas da Liga vão juntar-se 6 jornadas da Champions, com a fase de grupos a ficar toda despachada entre 6 de Setembro e 2 de Novembro. Depois, jogadores como Coates, Matheus Nunes, Ugarte, Morita ou Pote, só para citar alguns, podem rumar ao Qatar, com as respectivas selecções, para disputar um Mundial que começa a 21 de Novembro. Os que por cá ficarem, irão disputar a fase de grupos e os quartos de final da Taça da Liga, esperando pelo retomar da Liga, algures entre o Natal e a passagem de ano.

Aí chegados, tudo o que espero é que não estejamos a lamentar (outra vez), o facto de termos uma equipa que joga um futebol de ponta, mas que não tem a lança que permita atingir as balizas adversárias.