Foi sofrido sem necessidade, foi polémico sem necessidade, foi estranhamente saboroso sem necessidade. O Sporting venceu no São Luís, por 3-2, e salta isolado para a liderança do campeonato nacional 

O Sporting fez, sem margem para dúvidas, a pior exibição da época até ao momento. Numa sempre complicada visita a Faro, onde a equipa de José Mota confirmou o estatuto de vender ao preço da trufa dourada qualquer resultado, os Leões até tiveram tudo a seu favor: um penálti, claro, com expulsão de um jogador adversário, ainda antes dos 20 minutos, vantagem no marcador (Gyokeres) na sequência desse lance, golaço de Pedro Gonçalves pouco depois da meia hora.

Portanto, aos 35 minutos de um jogo muito disputado, mas nem por isso bem jogado, o Sporting tinha os três pontos no bolso. Acontece que, logo após fazer o 0-2, os Leões viram a bola entra na sua baliza, num daqueles momento tão tipicamente Sporting: Mattheus Oliveira, o Bebeto júnior que um dia chegou a Alvalade com a crença de se afirmar e que acabou por praticamente não calçar, tratou de sacar um remate banana por fora da barreira, na marcação de um livre, contando com a colaboração (reacção em slow motion) de um Adán que, por este andar, ameaça tornar-se num problema para os verde e brancos.

Gyokeres ainda teve um daqueles lances que ele inventa, rematando à entrada da área para bela defesa do redes, mas até ao intervalo nada mais de relevante se passou. No recomeço, ainda nem dez minutos estavam contados, Luís Godinho, essa nódoa de apito na boca, resolveu transformar um corte limpo de Nuno Santos num livre à entrada da área. Quem foi marcar? Yá, o Bebeto Júnior. O que aconteceu? Yá, a bola entrou no lado de Adán e foi golo.

Ora, faltavam cerca de 35 minutos para jogar, mais os descontos, e o Sporting tinha atirado borda fora a vantagem e a liderança isolada do campeonato, com o extra negativo da equipa estar claramente numa noite desinspirada. Paulinho ainda ameaçou mostrar os dentes, mas o redes fez uma daquelas defesa que na praia deixam as miúdas todas a olhar; Pote viu a redonda aconchegar-se ao pé, mas o remate nem foi na direcção certa nem permitiu a emenda de um colega. Pelo meio, o tal Mattheus ainda conseguiu recuperar uma bola em pressão alta (imagine-se… o Farense estava com dez) e dar a oportunidade a Adán de ganhar o terceiro capítulo desse duelo muito particular, naquela que foi, efectivamente, a única oportunidade de golo construída pelos algarvios.

Geny já por lá andava, tentando dar à equipa coisas que Esgaio jamais dará (exasperante a insistência no limitado nazareno) e que Fresneda poderia dar, mas nem um drible saía, Edwards também andava escondido, e no meio de tanto cruzamento e futebol directo até dei por mim a pensar que Coates tinha saído lesionado e que não ia ser ele a decidir as coisas.

Até que, já os 90 diziam olá no marcador, Edwards ensaiou uma daquelas brincadeiras em que começa a ziguezaguear por entre adversários, como quem lhes diz que se lhe tocam é penálti. Desvia de um, desvia de outro, o terceiro assusta-se, e vem de lá o Zé esticar a perna, mesmo a pedir a perna marota do nosso inglês. É matreirice de Edwards? É. É penálti? Em Portugal, é, todas as semanas, por muito que saibamos que é mais sacado do que cometido.

Gyokeres pegou na bola e, qual bloco de gelo, voltou a metê-la toda lá dentro. 2-3.
Foi sofrido sem necessidade, foi polémico sem necessidade, foi estranhamente saboroso sem necessidade. O Sporting venceu no São Luís, e salta isolado para a liderança do campeonato nacional.

 

Your love is like a rollercoaster baby, baby
I wanna ride yeah (ooh, ooh, ooh)
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