Marco, não é fácil dirigir-me a ti tentando manter o sangue frio. Aliás, não é fácil tentar falar do jogo de ontem enquanto tento manter a lucidez (pelo menos aquilo que eu considero sê-la). Já te elogiei várias vezes ao longo da época e continuo a achar que és um jovem treinador com imenso potencial, mas é impossível dissociar-te do que se passou, ontem, frente ao fcp. E, não, não tem nada a ver com as tuas expressões faciais ou com o facto de mexeres muito ou pouco as mãos.
Epá, Marco, chegou a altura de dares um murro na mesa. Mas um murro na mesa que te seja audível e que te liberte dessa espécie de autismo em que te encerraste. Eu consegui perceber quando começaste a época respeitando as hierarquias do balneário, mais não fosse para ganhar o grupo. E também consigo perceber que tenhas uma dúzia de jogadores em quem confias mais. És tu quem os treina, és tu quem avalia quem são os melhores. O problema, Marco, é que a essa dúzia acrescentaste três ou quatro e… fechou. E talvez não seja exagerado dizer que o que aconteceu ontem era algo previsível: alguns dos jogadores nucleares deram o berro.
Não vou entrar pela vertente táctica, pois isto de falar posteriormente é muito fácil. Lá chegará o tempo em que perceberás que não somos menos equipa por baixarmos as linhas, mas também te digo que haverá logo quem virá berrar que o Sporting tem mais é que ir a qualquer campo fazer o adversário borrar-se na cueca assim que tentar sair da área. Adiante. O que me faz dirigir-te estas palavras é a forma como estás a gerir o plantel. Vou repetir: o plantel.
Se me disseres que não achaste muita piada ao facto de praticamente não teres opinado sobre as contratações, eu sou gajo para perceber-te. Mas, logo a seguir, recordo-te que foi isso que aceitaste quando assinaste por quatro anos. Se me disseres que gostavas de ter “um Nani” a ponta de lança e outro a central, também sou gajo para dizer que te percebo, mas… epá, recordo-te que já sabias que não terias quando aceitaste assinar por quatro anos. E até sou gajo para reconhecer que te possam ter fodido os planos quando arrancaste o campeonato com uma defesa improvisada e sem o gajo que iria ser a tua principal referência atacante (e que voltaste a perder com a CAN).
Mas, Marco, esta é a realidade do Sporting. Sem dinheiro, com adeptos bipolares e com um projecto onde o plantel é composto pelos jogadores que estão na equipa principal e na B. Este é o teu plantel, Marco. E tu sabe-lo desde início. É verdade que até a B andou meio aos papéis, mas as coisas parecem estar a estabilizar. E, inclusivamente, têm sido várias as vezes em que tens marcado presença na Academia e têm sido algumas as reuniões que tens tido com o João de Deus, com o Bruno e com o Inácio, precisamente para pesar a utilização de alguns dos jogadores que estão na B.
Fruto de tudo isto, não se percebe porque raio é que, ontem, o Adrien, que depois de ter confirmado estar a passar por uma quebra física queimou o resto dos pulmões contra o Wolfsburg, foi titular. Deixaste de confiar no André Martins?!? Também ninguém percebe porque raio o Mané foi parar à bancada, principalmente quando o Nani tem jogado condicionado e o Carrillo, que foi o homem dos desequilíbrios nas ausências do Nani, está a precisar de tempo para respirar. E, sinceramente, acho que usaste uma espada de samurai para retalhar o moral do Tanaka: um gajo que vem de um golo e de uma exibição no limite como a que fez com os alemães, nunca pode ir para o banco.
Passemos à frente, porque temos mesmo que fazê-lo. Marco, esta merda ou vai ou racha. A Taça de Portugal passou a objectivo máximo, não só porque o clube precisa de títulos, mas porque estes jovens jogadores precisam de crescer com eles e porque é muito mais fácil criar uma mentalidade vencedora com vitórias do que com derrotas! E nem quero dar-me ao trabalho de pensar na possibilidade de perder o terceiro lugar. O que é que vais fazer, com a equipa a precisar de sangue fresco e de ideias novas? Não, não estou a pedir-te uma revolução. Estou a pedir-te que te lembres que tens Wallyson, que tens Gauld, que tens o André Martins, que tens o Rosell, que o Zezinho voltou, que o Rabia também pode ser usado para dar alguns minutos de descanso ao William, que tens o Dramé (e dava jeito rematarmos mais de fora da área), que tens o Mané, que se for preciso tens o Geraldes e que se o mantiveram no plantel também tens o Capel (olha, e se achares que não, lança o Podence).
Não vou incorrer no exagero de dizer-te que tens matéria prima para fazeres duas equipas sem perderes qualidade. Mas, decididamente, tens opções que te permitam ir dando o necessário descanso aos 11 que consideras serem os que mais garantias te dão. Está na altura de assumires isso e de pensares que essa é a melhor forma de, enquanto dás o que tens e o que não tens para conquistar o que ainda podemos conquistar, preparares as bases para a próxima época. Acho que não estou a pedir-te muito, pois não?
3 Março, 2015 at 12:56
No primeiro comentário que faço aqui vou tentar ir ao ponto do post sem grandes divagações.
Para mim o SCP está a fazer uma época (até agora) dentro do esperado, poderia ser melhor (menos distância para os primeiros e continuar na liga Europa) mas isso seria superação e não o normal. É óbvio que se não houvessem erros da estrutura para o futebol estariàmos provavelmente nessa situação de superação e eles existem.
Focando no post vamos aos do treinador que é do que se trata.
Para mim ao longo da época os erros de MS são:
.Os jogos em que assumiu o 442 como táctica inicial como forma de resolver os problemas em demontar equipas fechadas, a equipa não tem médios para esse sistema e perdeu o meio campo (jogo com moreirense e Paços em casa) e ficou sem plano B para aumentar a pressão atacante durante os jogos.
. A aposta inicial em Sarr
. Alguns jogos em que trocou cedric por Miguel Lopes sem se perceber porquê.
. Jogar com a melhor equipa com o Wolfsburgo em casa (aqui só a posterior é fácil falar)
. Jogar o Montero em vez do Tanaka (em especial a partir do jogo com o Benfica em casa)
. Não apostar em wallison em vez de rossel para substituir William
Quanto aos restantes problemas da equipa e pensando contstrutivamente:
Principal problema: a falta de verticalidade e agressividade ofensiva, as jogadas são demasiado trabalhadas falta capacidade de remate e definição rápida das jogadas. Óbvio que o treinador tem influencia nisto, mas uma vez que ele aponta esses defeitos várias vezes nas flash interview penso que muito também tem que ver com as caracteristicas dos avançados. É verdade que só Slimani é mais agressivo vertical e simples seguido de Tanaka (jogador limitado mas que penso devia ser mais solução na ausencia de Slimani do que Montero um dos erros que apontei a MS) Carrilho e Nani não produzem o perigo que deviam para a capacidade de desiquilibrio que possuem por não serem verticais e mais simples junto da área. Este é o grande problema e que faz com que o principal pecado da época seja os pontos perdidos em casa contra “autocarros”.
Depois temos falta de “quantidade” no plantel. Nestes dois ultimos jogos de dificuldade elevadissima não há grandes soluções de rotatividade. Rossel como se viu mais uma vez na alemanha é um jogador banal que pode servir para rodar william mas só em jogos de menor exigência. Mané e Capel dão para rodar nos extremos e (MS faz isso muitas vezes) mas mantêm o problema da eficácia ofensiva. André Martins é um substituto para João Mário e não para Adrien. Depois pelo vários jogos que vejo da B e dos jogos da taça da liga temos wallyson e Gauld. Ambos com muito futuro. No entanto Gauld ainda no jogo com o Gil Vicente e com a equipa tranquila e a vencer por 2 jogou 35m e quase não tocou na bola. Está ainda verde e nota-se que procura perceber que caminhos percorrer no campo. Wallyson parece-me mais pronto mas o que é um facto é que já vim um meio campo de wallyson e Gauld levar 3 ou 4 goleadas na equipa B e com Rossel não conseguir ganhar a Belenesses e Setubal. Sacko tem margem de progressão mas é mais um extremo do que avançado e tem alternado bons pormenores com jogos paupérrimos na equipa B. Enfim em muitos jogos penso