Tem sido uma pré-época como há muito não se via. Em termos de contratações, sim, incluindo a estrondosa mudança de treinador, mas, mais ainda, em termos de tentativa de manipulação da opinião pública e da intoxicação da mente dos adeptos leoninos. E a justificação para tal é simples: à partida para esta longa maratona, que só terá o se final lá para maio, o Leão apresenta-se com armas suficientes para deixar os seus adversários apreensivos.

O último episódio neste universo futebolístico onde as hienas estão em maioria, aconteceu ontem à noite: Joaquim Rita (claro), David Borges (típico), com a conivência de Paulo Garcia, que tem sempre uma enorme dificuldade em ser isento na condução de um programa de debate, tentaram passar a mensagem de que Bruno de Carvalho havia perdido a voz, entregando esse protagonismo a Jorge Jesus. Hipócritas de merda. Repitamos todos, que hoje até é domingo de manhã: hipócritas de merda! Estes merdinhas, que andam há quase dois anos a criticar o presidente do Sporting por falar demais, atacam-no, agora, por dar espaço ao treinador para falar. E quando o treinador fala… ai Jesus! É verdade, o homem que era o expoente máximo do treino em Portugal passou, de um momento para o outro, a ser um despeitado, ordinário e incapaz de respeitar o seu adversário.

Aliás, o que mais se nota cá no burgo, é a facilidade com que se ataca o Sporting e com que se dão vivas aos adversários quando as acções são semelhantes. Creio que todos nós teremos perdido a conta ao número de vezes em que Jorge Jesus foi deselegante enquanto vestia as cores lampiãs. Aí, o homem era um duro, um treinador tarimbado, um génio da táctica e dos jogos mentais. Agora, quando resolve apertar o cinto ao Rui… mas continuemos. Então e os jogos de pré-época? O que já se teria escrito sobre o Sporting, caso fôssemos nós a fazer uma pré-época miserável como a que tem sido a do benfica? O que já se teria escrito sobre o Sporting, se mostrasse uma gritante incapacidade para marcar golos, muito por culpa da venda de três ou quatro dos seus melhores jogadores (e ainda vão despachar um tal de Quintero) e se o seu treinador continuasse a insistir num futebol apoiado desde trás que expõe todas as limitações dos seus centrais?
Simples, em relação ao benfica, atira-se que foi uma pré-época frente a equipas de grau de exigência muito superior. A equipa de reservas do PSG riu-se e a Fiorentina mante-se calada, ao saber que a Roma tinha vindo jogar a Alvalade. E os lampiões choram face à ausência de resultados animadores. Em relação ao fcp, está tudo bem. Máquinas afinadas, máquinas oleadas e um total assobiar para o lado com, por exemplo, a dispensa do senhor 12 milhões, Adrían Lopez, em mais um exemplo de como a lavandaria da Doyen assentou arraiais lá para os lados da circunvalação.

Assunto interessante, este. Ao longo das últimas semanas, temos sido brindados com uma verdadeira infiltração cerebral: o Sporting perdeu o rigor financeiro, o benfica é gerido de forma fantástica, o fcp pode comprar gajos de 20 milhões e pagar tanto a um redes como o Sporting pága ao seu treinador, que toda a gente está-se bem a cagar para o pormenor de saber de onde vem o dinheiro.  E o pior é que alguns Sportinguistas vão na cantiga.

Pessoal, duas notinhas: fair play financeiro, coisa que se não cumprirmos nos espeta duas estacas de tenda de circo nos pés; orçamento de 25 milhões. Alguém já se deu ao trabalho de fazer as contas às contratações e ver se ultrapassámos esse valor? Pois. E, se quiserem, ainda podem juntar às contas a venda do Cédric e o dinheiro que entrou com as movimentações de mercado envolvendo o Bruma e outros jogadores.
Do outro lado da segunda circular, depois de anos a acumular Fariñas, acena-se a bandeira do rigor financeiro. Curiosamente, a bandeira só é acenada depois de se terem contratado uma dezena de jogadores (e quanto vem ganhar o bad boy que nem chamado foi para o jogo desta noite?) e rapidamente é escondida quando se contrata um avançado que chega por empréstimo a receber cerca de dois milhões de euros. Mas, no fundo, tudo isto se podia resumir a mais de uma década de governação que fez com que as finanças encarnadas batessem no… vermelho.
Mais a norte, também com o saldo a zeros, os compadres da circunvalação encontraram na Doyen o parceiro perfeito. O fundo deixa de comprar jogadores, compra o próprio clube. Ah, é um empréstimo? Então está bem. Venham de lá 20 milhões para um, venham de lá mais não sei quantos milhões para o Casillas, venham de lá os milhões que tiverem que vir que o pessoal precisa é de ganhar senão isto rebenta. À excepção do Expresso, toda a nossa comunicação social assobia para o lado e ainda aplaude a suposta tentativa de contratar o Drogba, aproveitando para escrever que o fcp respirar pujança e que o Sporting mostra dificuldade em concluir os negócios a que se propõe. O que é curioso, porque de loucos despesistas passamos a gajos que não aceitam exigências que coloquem em causa o plano financeiro traçado. Sabe-se, também, que muitas dessas exigências resultam da tentativa azul e branca de minar os negócios do Sporting. Agradecemos a constatação da necessidade de nos enfraquecerem e sorrimos, ironicamente, quando nos lembramos que o gajo que oferece notas da Doyen ao Danilo, ao Teo e ao Paulista é um tal de Antero Henrique, o mesmo que se viu envolvido em buscas policiais, mas que continua de pedra e cal  no seu lugar. Normal, no fundo. Afinal, o homem só faz o que lhe mandam. Afinal, é assim que funciona a máfia, não é?

Ah, e ainda falta o tema da formação, tentado colar a chegada de Jesus ao fim dessa aposta no reino leonino (cuidado que o Gelson caiu a rir e eu preciso do gajo para marcar o último golo, mais logo). Para já, num plantel de 25 jogadores encontramos 11 formados em Alvalade. Coisa pouca (sim, falaremos melhor quando o mercado fechar). Engraçado é que, de um momento para o outro, a preocupação tenha passado a ser o Sporting apostar menos na formação (estão com medo de ficar sem selecção nacional?), quando outros apregoam espinhas dorsais e continuam marrecos. Aliás, basta ouvir o Rui sr formação Vitória afirmar que mais importante do que lançar jovens jogadores é colocar em campo quem garanta resultados para constatarmos, uma vez mais, uma verdade incontornável: como em tudo na vida, isto é uma questão de ADN. E, decididamente, formação rima com leão, não com lampião ou com dragão.

A conversa vai longa e haveria tanto por onde continuar, mas o essencial é pedir-vos que aproveitem o arranque de mais uma época desportiva para pensarem um pouco sobre a importância e estarmos unidos. Não, não temos que pensar todos pela mesma cabeça, não temos que gostar todos dos mesmos atletas, não temos que defender todos as mesmas políticas de gestão desportiva. Mas temos que perceber, todos, o nosso papel. Nós somos os últimos rostos que os nossos atletas fixam antes de começarem a lutar por uma conquista. Nós somos a voz que se sobrepõe à dos treinadores, em plena batalha. Nós somos o carro de apoio. Somos o louco que aparece a correr com uma esponja cheia de água, em plena subida. Somos o gajo que acorda quando o sol ainda dorme, só para poder ver os nossos heróis. Somos quem se pendura nas árvores, para poder gritar uma palavra de incentivo quando o percurso passa por áreas isoladas. Somos os disparatados, que de tão apaixonados chegam a atrapalhar. Somos quem não dorme quando ganha e quando perde, que isto das paixões inexplicáveis é complicado de gerir. Somos uma voz, sem género e sem idade. Mas com um nome. Sporting.

Nós somos  do Sporting, mas, mais do que isso, nós somos o Sporting! E isso é uma enorme responsabilidade. Desde logo, a responsabilidade de, no arranque de mais uma época desportiva, marcarmos a nossa posição ao longo do percurso. Cheguem-se à frente, finquem os pés e preparem-se para tudo. Corra mais ou menos bem, é aguentar firme até ao fim! Ri, chora, abraça, reclama, critica, lambe as feridas, mas não vires as costas! E quando ficares afónico de tanto apoiar, vai buscar voz a estes ataques constantes que deves materializar num boost extra que te alimenta a paixão e que te torna no guerreiro disposto a tombar pelo escudo que lhe protege o coração. Está na hora. Eu. Tu. Nós. O Sporting Clube de Portugal. Vamos!

 

Fotografia/Photography by Rui Boino