“Todos estes jovens têm qualidade individual, mas o futebol tem duas componentes, coletiva e individual. Olhando para os 90 minutos de um jogo, tirando o Messi, em 80 minutos os jogadores não têm bola. Por isso se não ensinarmos os jogadores os aspectos táticos não serve de nada ter muita técnica. Se passa 85 minutos sem bola no pé, não interessa nada. O Messi e o Ronaldo é que passam mais tempo com bola. Nós só olhamos para o jogador quando ele tem bola e não pode ser assim.”
Estas palavras foram ditas por Jorge Jesus, há exactamente um mês atrás. Este proferiu-as no sentido de responder a uma pergunta que lhe foi feita por um jornalista sobre a possibilidade de Francisco Geraldes jogar na posição “8”, no seu modelo, mas, como se percebe, Jorge Jesus vai um bocado para além dessa questão.
Quanto à afirmação propriamente dita, e que serve de ponto de partida para o post, tenho a dizer que concordo em grande parte com ela, mas que tenho mais reservas quanto à intenção de Jorge Jesus ao dizê-la. Concordo em grande parte porque, de facto, é extremamente comum ignorar-se o que um jogador faz quando não tem a bola em seu poder, quando é exactamente nessa situação que passam a esmagadora maioria do jogo e na qual têm de ser fortes para criarem, através da sua movimentação, os melhores contextos possíveis para a equipa. Mas parece-me que há aqui um certo preconceito de Jorge Jesus, ao usar estas palavras para se referir, em parte, ao caso de Francisco Geraldes.
Quando se fala dele, normalmente gaba-se a criatividade, inteligência e qualidade técnica que possui. E bem, claro. Mas o que pode não ser tão claro, e que servirá de ponto principal deste post, é que essa criatividade e inteligência que ele tem não se manifesta apenas quando ele tem a bola. Também nos momentos em que são os colegas que têm a bola esses atributos aparecem, na forma como ele se movimenta e procura os posicionamentos mais adequados ao contexto e, acima de tudo, que mais agridam o adversário. Jorge Jesus referiu que a maioria dos jogadores passam 80 minutos sem tocar na bola, mas há que ver que, num contexto em que a equipa deles passe mais de 60% dos jogos com bola, a maioria desses 80 minutos em que os jogadores não têm a bola são passados em momentos ofensivos. Segundo a própria lógica de Jorge Jesus, há então que admitir que estes momentos são absolutamente cruciais para definir um jogador, e os parágrafos e pequenos vídeos seguintes servirão para mostrar o que de bom Francisco Geraldes tem, hoje, para apresentar neles.
Como foi dito, a inteligência está longe de se manifestar apenas nas decisões que se tomam com bola. E o notável jogador do Sporting mostrou-o, nos cerca de 15 minutos que passou em campo no jogo do passado sábado, com o Boavista. Já Podence tinha estado a um nível acima do habitual titular (Gelson) a esse respeito, ao procurar muito mais espaços centrais e tentar dar soluções diferentes do habitual, mas com a entrada de Geraldes então viu-se algo que só tem paralelo no que fazia João Mário no ano transacto. Numa ou noutra situação o posicionamento do jogador não foi o ideal (por se aproximar demasiado), mas na maioria das situações esse apoio curto que o jogador forneceu não só era o necessário, como era o que invadia o espaço mais perigoso, sendo normalmente entre sectores de adversários. Mas passemos aos vídeos, que permitirão explicar mais alguns pormenores… Em primeiro lugar, alguns vídeos de acções em que o Geraldes não faz nada de minimamente especial com a bola (em metade dos clips nem sequer lhe toca).
Um pouco por todos estes pequenos clips, salta à vista a intenção do jogador leonino em invadir espaços entre as linhas do adversário, de dar boas linhas de passe horizontais/diagonais quando a bola está no corredor lateral e, acima de tudo, a percepção muito interessante que tem da melhor forma de, realmente, dar essas linhas de passe. Ás vezes há a tendência deste tipo de jogadores se aproximarem demasiado do portador da bola a todo o instante, quase como se lha fossem pedir ao pé porque a sua vontade é simplesmente de a terem. Isto faz com que dificilmente (embora não seja impossível) recebam a bola em melhor situação do que a do anterior portador. Já o Geraldes, na clara maioria das situações, procura sempre dar opção num local em que, a receber o passe, se crie qualquer tipo de vantagem (dando um exemplo rápido, como nesta imagem).
É esta qualidade que, parece-me, Jorge Jesus ainda não percebeu exactamente em Geraldes, e que, a juntar a tudo o resto, o leva a ser, a meu ver, claramente a melhor opção para jogar na direita, porque a equipa do Sporting está claramente necessitada de um jogador que, partindo da faixa, ofereça este tipo de dinâmica posicional e ligações a zonas fulcrais em posse.
Mas claro, mesmo jogando pouco tempo, também não podia deixar de ter as suas características acções de qualidade com bola (a tal “qualidade individual” de que Jorge Jesus fala):
O passe a rasgar na 1ª situação será, obviamente, o que mais saltará à vista, mas a calma com que procura uma solução curta e vertical mesmo que dentro da sua própria área e ligeiramente pressionado (embora aqui, diga-se, o momento em questão ajude um pouco) na 2ª situação e especialmente o passe para Alan Ruiz na 3ª indiciam claramente a qualidade dele com bola, que já todos conhecemos.
Para o final, deixei uma situação que considero quase paradigmática. Porque, apesar de curta, mostra muita coisa sobre dois jogadores do Sporting. Dois perfis de decisão e formas de ver o jogo opostas, a meu ver uma (muitíssimo) melhor que a outra.
Geraldes faz tudo bem. Mal Schelotto recebe a bola, procura dar o máximo de profundidade num primeiro momento, por forma a ou conseguir encontrar espaço nas costas da defesa ou, o mais provável, de a obrigar a recuar rápido, isto enquanto acompanha a corrida do colega. Depois, no momento certo, trava, aproveitando que a defesa ia agressivamente na direcção oposta e oferece uma linha de passe central. Infelizmente para ele, jogadores como Schelotto (que, embora seja um dos piores casos a este respeito, está muito longe de ser o único nesta equipa do Sporting) não sabem muito bem o significado da palavra “travar”. Nem da ideia “pensar enquanto jogo à bola”, note-se… Em vez de perceber a ideia do colega, nem sequer o viu, qual burro com palas, continuando a correr furiosamente até à bandeirola de canto, conseguindo mesmo “ganhá-lo”. Alvalade aplaudiu, pois claro, e só não aplaudiu com uma intensidade muito maior porque o jogo estava resolvido. Este tipo de jogador ter muitos minutos é uma das maiores causas para o insucesso contínuo do Sporting, e aqui refiro-me a muito mais que ao Schelotto, que houve e há vários, ao longo dos anos, que enganam muito mais que ele (também são melhores, o que não é propriamente complicado). Mas isso é conversa para outros posts…
Texto escrito por AD no site Domínio Táctico
11 Abril, 2017 at 0:28
Infelizmente existem muitos adeptos do SCP que ficaram reféns do Oceano (grande capitão) e tudo que não sejam umas correrias loucas, ás vezes sem sentido, a espumar pela boca é para deitar abaixo, os nossos jogadores “inteligentes” são invariavelmente condenados á critica mais feroz, podia estar aqui a dar exemplos a noite toda, mas vou só falar dos actuais, o BR está em pior forma que no ano passado, é verdade, mas equilibra SEMPRE a equipa, por exemplo, fazendo sprint atrás de sprint para ir ocupar a posição dele no meio campo, é verdade não é muito agressivo na recuperação da bola, mas NUNCA deixa um “deserto” na posição dele aonde um adversário com pésinhos meta uma bola a 30 metros para o sítio aonde não está ninguém da nossa equipa…No outro dia fui ver um jogo com a nossa amiga Aléxia e passei a noite toda a apontar o jogo sem bola do BR (olha quem está a correr para trás, olha quem está a impedir que a bola vá para o extremo/lateral, olha quem foi pressionar, olha quem foi apoiar o nosso lateral) no fim ela já me dizia “se calhar até tens razão…” lol lol
Outro caso incompreensível é o do Willian que não corre, mentira, ele não faz é correrias sem sentido que é lento, mentira, quando é necessário vai ele atrás dos extremos e médios que isto e que aquilo, mentira, mentira quer dizer em vez de estarmos felicíssimos porque formamos outro “monstro” do futebol que é trinco mas sabe sair em drible, ou em tabelas, ou com passes de 30 ou 40m, andamos aqui a ir na lenga-lenga dos lampiões (que já nem suportam mais a sucessão de grandes futebolistas que o nosso clube forma em oposição aos flops consecutivos deles) ou dos fruteiros que querem á viva força promover o matarruano que joga no meio campo deles…francamente não compreendo, até houve uns maduros que andaram a xingar o JJ por ele não meter o Palhinha (de quem eu gosto muito, mas a quem falta talento para chegar ao nível do William) no lugar do William…sério, até fiquei sem reacção…
Uma equipa não se faz só de gajos que correm que nem uns doidos e de malucos que fintam tudo o que aparece á frente, são precisos gajos a pensar o jogo, o william ás vezes não corre porque ele antecipou a jogada adversária e JÁ ESTÁ NO SITIO CERTO, ou muito perto, vai correr para quê? Dá uma voltinha e volta para aonde estava?
Vocês já ouviram a expressão “o patrão da defesa, o patrão do meio campO…” garantovos que não é por correrem que nem uns malucos é por pensarem o futebol…
Bom isto para dizer o quê? O Xico Geraldes é um jogador desses, tudo que ele faz é pensado para ajudar a equipa, o colega e o treinador, é por isso que ele naquele lance “travou” e não foi numa correria maluca sem sentido e que só por um bambúrrio da sorte daria alguma coisa, ele sabia bem que quem ia a correr era o schelloto, não era o gélson ou o Podence logo ele tentou facilitar uma saída deu-lhe uma linha de passe simples…Chama-se inteligencia!!!
Para acabar os meu jogadores preferidos de todos os tempos, não são aqueles que “comem” a bola, embora goste de ver o show, são os inteligentes, “a bola é que tem de correr…” por isso as saudades que me deixa o Cruiff por exemplo e á nossa escala o João Mário!!!
SL
11 Abril, 2017 at 2:24
Foda se, está aqui muita coisa!!
Sobre Brian ruiz, está aqui tudo!!!
11 Abril, 2017 at 7:21
O que vale é que há gente que tem olhos na cara
11 Abril, 2017 at 8:07
Estou contigo.
11 Abril, 2017 at 11:33
Ora nem mais.
11 Abril, 2017 at 0:31
Gostava de ver uns vídeos de Alan Ruiz sem bola.
Geraldes não joga apenas por jesus ser Casmurro. Inácio disse tudo sobre Geraldes .
Ainda me lembro quando quis adptar djalo a DD.
11 Abril, 2017 at 8:08
Tu, ou o arquétipo que representas, havias era de sair do sofá e vê-lo no estádio.
Já agora que lógica tem comparar um com o outro? Vais meter o Geraldes atrás do PL?
11 Abril, 2017 at 2:02
Bla bla bla bla
Muitos vídeos
Bla bla bla
Análise muito interessante mas onde está o momento defensivo?*
O 8 ou o ala no esquema de Jesus tem de defender muito e bem.
Quer a equipa jogue muito tempo com posse de bola ou não.
(Aliás, achar que uma equipa com mais posse defende menos, enfim…)
É por isso que o Bryan joga sempre.
Gelson em poucos jogos , notou-se uma evolução tremenda.
Isto é lindo.
O Geraldes é máquina mas já tira o lugar ao Gelson!?!!!!
(Obrigar a mudar de ala é tirar o lugar)
* não estou a dizer que o geraldes nao defende bem, apenas que acho esta análise muito incompleta
11 Abril, 2017 at 9:36
Moreirense x Porto. Há lá um baixinho cujo “momento defensivo”, a jogar a 8, come o meio campo de uma equipa que anda a lutar pelo título.
11 Abril, 2017 at 9:42
Hadji, concordo inteiramente. Há neste post uma referência minha a esse jogo.
11 Abril, 2017 at 4:03
É uma palhaçada esta crucificação do Schelloto, um médio adaptado a lateral direito, que galga o corredor de um jeito como há mts anos não tínhamos, corre, luta, com praticamente 1.90 de altura, deixa a pele em campo, cava faltas, faz cruzamentos, passes, luta os 90 minutos, é uma vergonha falarem mal deste jogador, ganhem vergonha na puta da cara.
11 Abril, 2017 at 8:05
Exacto. Se fosse jogador de outra equipa se calhar já era bom
11 Abril, 2017 at 23:05
Bom sou eu!
Era uma Maquinazorra!!! A caminho da Juve!
11 Abril, 2017 at 8:13
Acho o scheloto um jogador útil.
Mas não um titular. Pode desenrascar pq a entrega é total, mas são demasiados os lances onde decide mal.
Não quer dizer que a espaços não faça um bom jogo. Gosto de gajos com raça que dão tudo pela camisola, mas prefiro um bom jogador.
Just my opinion.
11 Abril, 2017 at 9:17
Bom dia. É a minha também. E adianto isto: Cruzassem bem os laterais do Sporting e, provavelmente, Bas Dost teria o título europeu de melhor goleador.
11 Abril, 2017 at 9:27
*teria já
11 Abril, 2017 at 11:05
O Schelotto é um lateral do c@ralh0!
O Geraldes vai ser um jogador do c@ralh0!
11 Abril, 2017 at 11:19
O Geraldes já é um jogador do car@lho.
Vai ser um jogador do car@lhão!
11 Abril, 2017 at 11:20
Isto de aproveitar tudo para, dissimuladamente atacar, Jota Jota tem tudo para dar merda
11 Abril, 2017 at 12:40
Da colecção: #entulho, #amadorismo, #jogamossemlaterais, #tirosnospes
http://sporting.filtro.pt/marvin-zeegelaar-torna-se-o-jogador-da-liga-com-mais-cortes-num-jogo/
11 Abril, 2017 at 13:21
desculpa dizer-te que o Marvin não é um jogador do c@r@lho
11 Abril, 2017 at 14:39
É um jogador do c@ralh0 porque é o melhor LE que temos.
11 Abril, 2017 at 13:37
É renovar já!
11 Abril, 2017 at 23:35
Almoço foi regado, hein?
12 Abril, 2017 at 0:09
Fiquei convencido com os argumentos
11 Abril, 2017 at 13:43
Diz que o Real Madrid já está em Lisboa para levar o Marvin…
Qual Marcelo…qual quê!
11 Abril, 2017 at 14:45
na volta…
http://goalpoint.pt/wp-content/uploads/2016/11/GoalPoint-Sporting-Real-Madrid-Champions-League-201617-Ratings.jpg
Vê lá quem foi o jogador com melhor rating estatístico do lado do Sporting no jogo com o Real Madrid? .
11 Abril, 2017 at 16:28
Pronto, a mim convenceram-me! O Marvin é dos melhores laterais esquerdos que passaram pelo Sporting e nem pensemos em mais ninguém para a próxima época…