A pergunta que Jorge Jesus deve estar a fazer a três dias do Sporting receber em Alvalade o FC Barcelona em jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões foi respondida, com humor, pelo treinador do Girona FC, Pablo Machin, antes da receção que aconteceu este sábado à noite à equipa catalã, jogo que o Girona acabaria por perder por 3-0, mas sem nenhum golo do argentino. “Coloca-se algo na sopa, coloca-se um sniper no estádio…”, ironizou o técnico adversário.

A verdade é que Pablo Machin, treinador do Girona, traçou um plano sério para tentar parar Messi. Uma marcação homem a homem cuja responsabilidade coube a Pablo Maffeo, jogador catalão cedido por empréstimo pelo Manchester City de Pep Guardiola. O objetivo de Maffeo era claro, ser a sombra do argentino em campo, segui-lo para todo o lado do terreno, plano que, porém, perdeu a intensidade inicial quando aos 23 minutos o jogador do Girona viu um cartão amarelo por agarrar Messi pela camisola.

Apesar da marcação apertada a que foi sujeito na partida de sábado com o Girona, Messi participou da maioria das ações ofensivas e provou estar num grande momento de forma, com nove golos apontados em seis jogos. Não marcou, mas mesmo colocado num “colete de forças” soube libertar-se para ajudar o Barça a atacar, isto numa altura em que tudo parece sair bem à equipa de Ernesto Valverde que ultrapassou todas as críticas iniciais para viver atualmente um estado de graça resultante do pleno de vitórias conseguidas no campeonato espanhol, que colocam o Barça ao lado de FC Porto, Juventus e SS Nápoles como as únicas equipas dos principais campeonatos da Europa que contam com vitórias os jogos realizados nas respetivas competições. Sporting e Paris Saint-Germain perderam este fim de semana esse estatuto.

Opinião contrária tem Carlo Ancelotti sobre este método de marcar Messi. E ele sabe do que fala porque o defrontou várias vezes quando era treinador do Real Madrid e com taxa de sucesso. “Uma marcação homem a homem a Messi é muito complicada de fazer. O jogador escolhido teria de render a um nível muito elevado. A melhor maneira de limitar Messi requer um grande esforço de toda a equipa, encurtando distâncias entre linhas e evitando que ele contacte com  a bola”, defende o treinador italiano.

O que Maffeo fez a Messi não foi a primeira vez que aconteceu com o Barça. A 3 de outubro de 2009, num Barcelona-Almeria no Camp Nou aconteceu o mesmo, embora com jogadores diferentes. Nessa ocasião foi Manuel Flores Moreno, “Chico”, que fez uma marcação individual a Xavi, seguindo à risca as instruções do então treinador do conjunto andaluz, Hugo Sánchez. O próprio Ernesto Valverde fê-lo na final da Taça do Rei de 2015, realizada no Camp Nou, ao serviço do Athletic Bilbau, quando ordenou uma marcação individual a Messi. Nos dois casos, o Barcelona venceu por 1-0 e 3-1 respetivamente.

O início de época fulgurante de Messi mostra um FC Barcelona forte que chega a Alvalade recuperado da perda de Neymar e da desconfiança inicial em relação a Valverde. Tal como em 2008 quando o Sporting pela última vez defrontou a equipa catalã, começava Guardiola a dar os primeiros passos como treinador do Barça, o FC Barcelona encontra-se em profunda regeneração.

Se Zidane no Real Madrid perdeu a vontade de sorrir com os merengues a sete pontos do rival da Catalunha, com Valverde no FC Barcelona tudo é diferente. A desconfiança deu lugar ao reconhecimento fruto de seis jogos consecutivos a vencer na Liga espanhola, uma vitamina extra para qualquer equipa. Quando os resultados ajudam tudo é mais fácil.

 

artigo publicado no site Bancada.pt