O Sporting foi esmagador em posse de bola, em oportunidades, e em desperdício, chegando a colocar em causa uma vitória magra que devia ter sido goleada. Paulinho saltou do banco para dar os três pontos, em Portimão

Amorim havia falado do Bessa e de Arouca, como exemplos de partidas onde o Sporting estava obrigado a ganhar e não o tinha feito, mas aquilo que se viu em Portimão ampliou a capacidade de desperdiçar golos atrás de golos que, a serem concretizados em 30%, nos colocariam numa diferente posição na tabela.

O Portimonense de Paulo Sérgio voltou a encolher-se para defrontar o Sporting, fazendo o primeiro remate à baliza já perto dos 85 minutos, quando se viu a perder e teve que tentar correr com peso e medida para lá do meio campo. “«O plano era não deixar o Sporting sair no marcador. Se nos esticarmos muito, então destapamos atrás. A equipa trabalhou muito e competiu. Não é fácil porque são duas realidades diferentes”, diria Paulo Sérgio no final de uma partida onde os Leões tiveram quase 70% de posse de bola, fizeram mais de 20 remates e estiveram mais de 40 vezes na área adversária. Custa perceber, então, o porquê de o marcador final assinalar apenas 0-1, mas tudo tem uma explicação.

Amorim geriu a equipa, colocando Diomande e Gonçalo Inácio ao lado de Coates, fazendo regressar Ugarte e Ricardo Esgaio, lançando Chermiti a titular. Nota muito positiva para o jovem central, recentemente contratado, com pormenores muito interessantes ao nível do passe, num jogo onde dois dos homens em maior destaque foram Morita e o redes adversário, Nakamura, num lote de protagonistas a que se juntou Pedro Gonçalves e Paulinho.

Num final de tarde com bancadas muito bem compostas, o redes algarvio resolveu encarnar Wakabayashi, enquanto o 28 leonino era uma espécie de Tsubasa frustrado. Começou por ver Pedrão sacar uma bola em cima da linha, antes de desperdiçar uma oportunidade daquelas que não costuma desperdiçar. Pior, quando a fechar a primeira parte atirou por cima um penálti. Era um filme já tantas vezes visto pelas bandas de Alvalade, esta época: desperdício, desperdício, desperdício.

No recomeço, Park Ji-soo atirou a bola à barra da sua própria baliza, antes de Pedro Gonçalves arrancar decidido e trocar os passes para a redes por um chuto em potência, que permitiu ao redes adversário começar a brilhar a sério. Logo a seguir, Esgaio incorporou-se bem no ataque e rematou com selo de golo, mas lá estava o homem das luvas, desta vez a defender com a bochecha, e quando não era ele, era o poste: Pote, outra vez, com a bola caprichosamente a encaminhar-se para a base do ferro quando já se gritava golo.

A malapata parecia ter-se apoderado do homem que costuma desfazê-la, e notava-se a ansiedade e a frustração no rosto do 28, que acabou por voltar a recuar no terreno quando Amorim trocou Ugarte por Paulinho, que foi juntar-se a Chermiti lá na frente. Dois minutos volvidos, Pote fez um belíssimo passe para a desmarcação do recém entrado avançado, que contra todas as apostas resolveu ensaiar um pontapé de difícil execução. Bela jogada, belo golo, com Paulinho a celebrar sem mostrar os dentes, mas a fazer cair a muralha algarvia.

O Sporting exorcizava fantasmas, mas ao colocar-se na frente do marcador chegavam outros: a tremideira para segurar vantagens. Acabou, por isso, a ver Adán a fazer três defesas e a segurar a 100ª vitória de Amorim em 144 partidas como treinador do Sporting, num jogo que deveria ter terminado em goleada, mas que se ficou por uma vitória magra, igualmente saborosa, com um travo a espanta voodoo.