Ainda que haja muita gente que não se lembre, sei que por aqui ainda há “malta” que recorde o que eu vou contar.

Nos tempos idos, em que as mães chamavam os filhos umas das outras para irem para casa, ao fim da tarde para o jantar, e os petizes chegavam às vezes mais encardidos que carvão, onde o pouco que naquela sujidade brilhava eram os olhos e os sorrisos…

Bem sei que há já quem se recorde desses tempos, com um sorriso. Peço só que agora mantenham o sorriso até ao fim, pois é mesmo muito preciso.

E não era por irem para casa que os petizes estavam contentes, eles estavam contentes porque tinham acabado de ganhar uma batalha onde tinham morrido centenas de soldados, tinham comandado carros de fórmula 1, enquanto batiam pneus velhos com um pau (e às vezes nem isso), tinham acabado de marcar um daqueles golos de levantar as bancadas de Alvalade num imenso peão, enfim tinham brincado e sonhado, mas com os amigos.

Amigos que a vida leva, uns para longe, outros para diferentes vidas e realidades, mas amigos para a vida. Daqueles que te olhavam tristes ao ver-te chorar, e com a cara mais séria do Mundo, perguntavam quem é que temos que matar. Essas amizades, acho que se vão perdendo, a pouco e pouco, e devia ser um ritual. O Dia Nacional de fazer um Amigo… devia ser um hábito.

Mas infelizmente não é, e as nossas crianças, que podemos ver quase como autómatos ligados a um ecrã azulado, viciadas em algo que não existe, e sem saberem o tesouro que é ter um amigo. Agora era normalmente aqui que eu dizia que no rugby eles podem fazer amigos, etc., etc. … e é bem verdade.  Mas o importante, a sério, é que as nossas crianças não percam o hábito de ter amigos, de brincar e de se divertirem, pois serão melhores adultos, e futuros pais mais equilibrados.

Muito, mas mesmo muito mais há a escrever sobre este tema, que desta vez nada tem a ver com o rugby ou com o Sporting… e por isso mesmo eu peço que me desculpem, e proximamente voltarei aos temas habituais… Só me pareceu urgente este texto, é só.

 

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio